mas Christa Cameron sempre será uma rebelde de coração e jamais renunciará a Cameron Hall, a mansão familiar que ela salvou durante os anos de luta fratricida.
Para evitar que seja expropriada, fará tudo… como arrastar o coronel ianque Jeremy McCauley a um casamento que nenhum dos dois deseja.
Jeremy, convencido de que a vitória pode ser tão amarga como a derrota, estava ansioso para enterrar o passado.
Caso tivesse que construir um novo país e novos sonhos, teria que ser longe da lembrança da guerra civil: nas selvagens e inóspitas terras do oeste.
Capítulo Um
Cameron Hall, Planícies da Virgínia,
Junho de 1865
Fazia tanto calor, que o sol reverberava no chão e criava a impressão de que os campos e a terra ondulavam. A umidade era tão intensa como ardente era o dia.
Christa Cameron, extenuada pelo calor, ergueu-se de repente. Arqueou as doloridas costas para trás e deixou cair à pá com que esteve limpando a terra dos tomateiros. Fechou os olhos um momento e depois voltou a abri-los.
Quando olhava para o rio, tinha a sensação que os últimos anos não existiram. A corrente fluía como sempre aconteceu. O sol também refletia sobre o rio, e a água parecia azul e negra. Nesta distância, parecia quieto. Seu pai sempre dizia que um verão na Virgínia era como um verão no inferno. Mais calor inclusive que o sul, na Geórgia ou na Florida, ou na Califórnia. À noite, o rio ajudava a refrescar um pouco, mas durante o dia não servia para nada. Mesmo assim, o calor era algo que ela conhecia muito bem. Viveu com ele toda sua vida. A casa havia sido construída para aproveitar melhor a brisa.
Christa virou o corpo e olhou para a casa. O rio poderia não ser tão transparente durante as tempestades dos últimos quatro anos, mas a casa era muito evidente. Havia gretas e a pintura estava descascada, tábuas soltas e aquele degrau da varando de trás que ainda estava consertado. Alguns buracos de balas do dia que a guerra tinha chegado até eles. Ao olhar para a casa sentiu-se indisposta, inclusive ficou enjoada. Então a raiva e a amargura a dominaram e os dedos dela tremeram.
Devia agradecer porque a casa continuava em pé. Tantas mansões bonitas ficaram reduzidas a cinzas; em todas as partes viam-se chaminés solitárias, surgindo como inquietantes espectros da terra queimada. Cameron Hall, sua casa, continuava em pé. Os primeiros tijolos foram colocados no século XVII. O edifício era uma grande dama, se é que alguma vez tinha existido isso. No centro da planta baixa havia um imenso vestíbulo com enormes portas duplas, que davam para o a varanda da frente para a traseira que podiam abrir-se por completo para deixar entrar a brisa, e para que uma multidão de homens e mulheres vestidos com suas melhores roupas e joias se divertissem e dançassem no jardim iluminado pela lua.
E agora, até a grama estava destroçada.
Mas a casa continuava em pé! Isso importava mais que qualquer outra coisa. Até poderia ser que as majestosas colunas das varandas necessitassem de uma nova pintura, mas resistiam ao tempo. Nenhum incêndio as arrasou, nenhum canhão as derrubou.
E apesar da pintura descascada, três quartas partes dos campos mantinham-se férteis, seu lar continuava em pé e em funcionamento graças a ela.
Os ianques receberam ordens de não tocar na propriedade graças a Jesse. Ele era o primogênito, de modo que a propriedade era dele por lei. E Jesse lutou pela União. Os rebeldes, por sua vez, respeitaram a casa porque seu irmão Daniel lutou com o Sul. Em uma ocasião os ianques estiveram a ponto de incendiá-la, mas durante alguns minutos felizes e gloriosos toda a família, ainda não dividida entre ianques e rebeldes, permaneceu unida e brigou para preservá-la.
Todos juntos lutaram por isso, mas era ela quem cuidou e conservou a casa. Ela ficou ali quando Jesse foi para o norte e Daniel partiu para o sul. Ela aprendeu a cuidar da horta quando muitos dos escravos, a quem seus irmãos concordaram em libertar, começaram a perguntar-se se podiam ganhar a vida de algum modo no Norte. Ela os viu partir... e viu alguns poucos retornarem. Ela aprendeu a trabalhar na horta, aprendeu a plantar, a arar, a recolher o algodão. Inclusive reparou o teto do escritório de Jesse quando começou a gotejar.
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!