18 de dezembro de 2011

Rosa entre espinhos


Inglaterra, 1067

Rose de Carlisle renunciou ao orgulho saxão para proteger seu povo da ira dos normandos. 
Mesmo quando o rude líder dos cavaleiros vitoriosos declarou que a tomaria como esposa, Rose calou-se e aceitou seu destino. 
Então, conheceu seu futuro cunhado, Gaston de Thorne, dono do olhar mais cativante que ela já vira. E soube, pela primeira vez, o real significado da palavra “conquista”.
Sir Gaston viu-se na iminência de perder sua honra no instante em que pôs os olhos em lady Rose que pertencia a seu irmão, por decreto do rei. Mas, ao constatar que despertara nela a mais pura paixão, jurou que Rose de Carlisle seria somente sua!

Capítulo Um

Inglaterra, região rural Primavera de 1067.
Rose olhou por sobre a paliçada, a brisa leve despenteando os cachos castanho-avermelhados que lhe enfeitava a fronte. Correu o olhar pela ampla faixa gramada, de onde as árvores haviam sido retiradas, próximo à alta parede de madeira desbastada. Em seguida, desviou-os para mais além, onde o declive terminava na floresta densa e verdejante. Então, estreitou os grandes olhos verdes, à procura de um sinal concreto de que os normandos estavam mesmo se dirigindo ao seu feudo.
A apreensão provocou-lhe um estremecimento, fazendo com que envolvesse o corpo pequeno e delicado com os braços. Um mau pressentimento apoderou-se dela, o coração batendo num ritmo descompassado. Meu Deus, pensou agitada, não posso permitir que ninguém perceba o quanto estou apavorada.
Respirou fundo, forçando-se a manter a calma. 
Ao longo dos meses que se seguiram às mortes do pai e do irmão, Rose conseguira exercer não mais que uma minúscula parcela de sua liderança sobre Carlisle. Afinal, não era uma tarefa fácil para os servos do feudo, habituados a prestar obediência e lealdade a um lorde, depositarem sua confiança em uma mocinha inexperiente, de apenas dezoito anos de idade.
— O que vamos fazer, lady Rose? — Alfred perguntou de súbito, despertando-a do devaneio sombrio. — Ron retornou de sua cavalgada há poucos instantes. Assim que entrou na fortaleza, informou nossos homens que havia avistado quinze cavaleiros montados. E os invasores se encontram a poucas horas daqui.
Rose deixou escapar um pequeno grito de surpresa. Quinze cavaleiros montados! Seu pai e seu irmão haviam sido os únicos homens de Carlisle a deixar o feudo sobre cavalos. Parecia que, na Normandia, os animais eram muito mais abundantes que na Inglaterra. Além do mais, ela pensou com um leve sorriso de desprezo, os saxões preferiam lutar a pé.
Virou-se para encarar o homenzinho corcunda, que há anos desempenhava o papel de conselheiro, e tomou o cuidado de esconder a ansiedade que a dominava sob uma máscara de confiança. Parado a seu lado, Alfred eslava trêmulo e torcendo as mãos sem parar.
Controlando a voz, a fim de evitar que qualquer demonstração de suas emoções traísse sua agitação, Rose finalmente respondeu:
— Não temos escolha, senão permitir sua entrada. Jamais poderíamos nos defender contra tantos cavaleiros.
— Mas, senhora, são quinze cavaleiros montados — os lábios finos de Alfred movimentaram-se com rapidez e nervosismo —, além de mais uns cinqüenta soldados a pé. O que vamos fazer? — repetiu a pergunta, carregada de medo e apreensão.
A expressão rígida das feições de Rose amenizaram quando um forte sentimento de piedade a invadiu. Num gesto carinhoso, afagou o ombro do conselheiro, sentindo-lhe os ossos salientes sob os dedos. Mas, por mais simpatia que sentisse pelos receios de Alfred, não poderia recuar na decisão tomada.
— Faremos o que devemos fazer. Reúna todos os habitantes do feudo. Preciso lhes falar antes da chegada dos invasores.
— Creio que alguns vão relutar em aceitar sua decisão, lady Rose
— Alfred advertiu. — E difícil para homens como Hugh e John, que participaram da batalha de Hasúngs, junto de seu pai e… Ah, se seu irmão, Edmund, estivesse aqui!

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