Necessitando de um protetor e acompanhante, a princesa irlandesa Sorcha não tem escolha a não ser aceitar a presença de Hugh, um mercenário sem memória.
Vítima de uma ilusão e condenada ao exílio, ela não confia nos homens.
Apesar disso, existe algo naquele guerreiro que a faz desejar ser tocada por ele.
Sob as ordens do rei, Hugh deve aniquilar os inimigos de Sorcha sem piedade. Embora ele não tenha intenção de se casar, a cada dia que passa é consumido por um desejo pela princesa ruiva.
Capítulo Um
Norte de Londres, 1169.
Andar se provava tarefa difícil para uma pessoa cujos olhos estavam fechados.
Sentindo-se tonto, o homem, de sua posição no duro colchão de palha, moveu os músculos do rosto. Tentou, sem sucesso, forçar as pálpebras a se abrir, de modo que ele pudesse ver o mundo ao seu redor. Os aromas que o assaltavam eram familiares e estranhos ao mesmo tempo. Estrume de ovelha. Feno. Restos queimados de alguma refeição pobremente cozida.
Ao contrário dos cheiros, os sons não proporcionavam nenhuma pista. Ele ouvia crianças rindo e berrando. A voz de uma mulher gritando. Animais grunhindo e resfolegando.
O efeito era desagradável, e não era um a que ele estava acostumado. Ou estaria?
A preocupação o fez enrugar a testa, e ele se esforçou para visualizar uma manhã normal. Um dia normal? Não tinha certeza do horário, muito menos do lugar.
— O estranho parte esta manhã, Meg. — A voz profunda de um homem veio de algum lugar próximo. — A doença dele é um fardo para esta família, pois rouba comida de nossas crianças.
— Você não tem caridade cristã, marido? — A doce voz feminina parecia música no cômodo frio.
Ele era o tópico da discussão? Era óbvio que sua saúde não estava boa, uma vez que não conseguia sequer abrir os olhos. O corpo doía com a fraqueza, os membros estavam muito pesados para que conseguisse levantá-los.
— Você não é esposa de um lorde, Meg. Se quiser que esse farrapo humano desmaiado coma e beba, leve-o para uma família que tenha condições de sustentá-lo. Entendeu? Ele vai embora hoje, ou eu o levo para a praça do vilarejo para ficar com os outros dementes incapazes de se alimentar.
Algo o espicaçou. Seu orgulho percebeu. Não era um demente. Apenas um homem em sofrimento.
— Mas, John, e se ele for alguém importante? O jovem Harold diz que o estranho trouxe um cavalo, e não tem a aparência de um ajudante de estábulo. — A mulher continuava tentando convencer o marido.
No entanto, a conversa deles parou quando outra voz soou mais perto do ouvido do homem:
— Você precisará ir embora, se não quiser tornar-se comida para os porcos do vilarejo, na próxima semana — sussurrou um menino, perto de sua cama.
Com muito esforço, o homem abriu um olho, e depois o outro.
Viu-se num pequeno barracão de madeira com chão de terra. Animais andavam tão livremente pelo lugar quanto os quatro seres humanos na residência. Bem, quatro sem contar com ele. Não tinha certeza se se sentia muito humano, e o consenso parecia colocá-lo num nível de importância bem abaixo, tanto das pessoas quanto dos animais.
Um garoto o olhou, o rosto coberto de poeira, o cabelo sujo emplastrado no rosto. Todavia, os olhos estavam iluminados com interesse. Como se comida de porco fosse fascinante.
— Meu irmão diz que é isso o que se faz com os dementes se eles não trabalharem — continuou o menino.
O homem tocou a têmpora e estremeceu. O cabelo fora cortado, a testa estava suturada com pontos. Ele soube imediatamente que os pontos haviam sido trabalho da mulher de voz doce. Sem dúvida, devia sua vida àqueles estranhos.
— Qual é o seu nome? — perguntou o garoto cutucando-lhe o ombro.
O homem tornou a fechar os olhos, mal ouvindo a conversa tempestuosa do outro lado do cômodo. Por Deus, ele se levantaria e iria embora se fosse capaz.
— Você nem sabe o próprio nome? — o menino soou exasperado, a entonação imitando a do pai em cadência.
— Hugh — o homem respondeu sem pensar, mas aquele nome solitário foi tudo o que conseguiu.
Agora que o nome pairava no ar entre os dois, ele desejou acrescentar alguma coisa. Declarar sua família e seu legado com algum título.
O efeito era desagradável, e não era um a que ele estava acostumado. Ou estaria?
A preocupação o fez enrugar a testa, e ele se esforçou para visualizar uma manhã normal. Um dia normal? Não tinha certeza do horário, muito menos do lugar.
— O estranho parte esta manhã, Meg. — A voz profunda de um homem veio de algum lugar próximo. — A doença dele é um fardo para esta família, pois rouba comida de nossas crianças.
— Você não tem caridade cristã, marido? — A doce voz feminina parecia música no cômodo frio.
Ele era o tópico da discussão? Era óbvio que sua saúde não estava boa, uma vez que não conseguia sequer abrir os olhos. O corpo doía com a fraqueza, os membros estavam muito pesados para que conseguisse levantá-los.
— Você não é esposa de um lorde, Meg. Se quiser que esse farrapo humano desmaiado coma e beba, leve-o para uma família que tenha condições de sustentá-lo. Entendeu? Ele vai embora hoje, ou eu o levo para a praça do vilarejo para ficar com os outros dementes incapazes de se alimentar.
Algo o espicaçou. Seu orgulho percebeu. Não era um demente. Apenas um homem em sofrimento.
— Mas, John, e se ele for alguém importante? O jovem Harold diz que o estranho trouxe um cavalo, e não tem a aparência de um ajudante de estábulo. — A mulher continuava tentando convencer o marido.
No entanto, a conversa deles parou quando outra voz soou mais perto do ouvido do homem:
— Você precisará ir embora, se não quiser tornar-se comida para os porcos do vilarejo, na próxima semana — sussurrou um menino, perto de sua cama.
Com muito esforço, o homem abriu um olho, e depois o outro.
Viu-se num pequeno barracão de madeira com chão de terra. Animais andavam tão livremente pelo lugar quanto os quatro seres humanos na residência. Bem, quatro sem contar com ele. Não tinha certeza se se sentia muito humano, e o consenso parecia colocá-lo num nível de importância bem abaixo, tanto das pessoas quanto dos animais.
Um garoto o olhou, o rosto coberto de poeira, o cabelo sujo emplastrado no rosto. Todavia, os olhos estavam iluminados com interesse. Como se comida de porco fosse fascinante.
— Meu irmão diz que é isso o que se faz com os dementes se eles não trabalharem — continuou o menino.
O homem tocou a têmpora e estremeceu. O cabelo fora cortado, a testa estava suturada com pontos. Ele soube imediatamente que os pontos haviam sido trabalho da mulher de voz doce. Sem dúvida, devia sua vida àqueles estranhos.
— Qual é o seu nome? — perguntou o garoto cutucando-lhe o ombro.
O homem tornou a fechar os olhos, mal ouvindo a conversa tempestuosa do outro lado do cômodo. Por Deus, ele se levantaria e iria embora se fosse capaz.
— Você nem sabe o próprio nome? — o menino soou exasperado, a entonação imitando a do pai em cadência.
— Hugh — o homem respondeu sem pensar, mas aquele nome solitário foi tudo o que conseguiu.
Agora que o nome pairava no ar entre os dois, ele desejou acrescentar alguma coisa. Declarar sua família e seu legado com algum título.
Hugh, filho de alguém Hugh de York. Hugh de Black Garter. Mas não foi capaz de encontrar nenhuma pista de um segundo nome no caos de seus pensamentos confusos. Sua cabeça estava limpa do passado, como se não tivesse retido nada que antecedera esse momento.
Entrando em pânico, Hugh bateu nas coxas da calça e na cintura da túnica, procurando por objetos pessoais. Não havia espada. Nem uma faca com uma insígnia de família que pudesse identificá-lo. Nenhuma bolsa de couro com pertences ou o lenço com o nome de alguma lady bordado.
E por que um homem usando calça de lã áspera e uma túnica de algodão surrada teria a recordação de alguma mulher? A ideia parecia incongruente, todavia.
Quem era ele?
— Eu não me importo que você coma meu mingau, Hugh. — O menino fungou, então esfregou a manga da camisa no rosto para limpar o nariz molhado. — Mas meu pai diz que você tem de ir embora, porque, apesar de ter chegado ao meu estábulo conduzindo um cavalo, talvez não passe de um ladrão comum.
Entrando em pânico, Hugh bateu nas coxas da calça e na cintura da túnica, procurando por objetos pessoais. Não havia espada. Nem uma faca com uma insígnia de família que pudesse identificá-lo. Nenhuma bolsa de couro com pertences ou o lenço com o nome de alguma lady bordado.
E por que um homem usando calça de lã áspera e uma túnica de algodão surrada teria a recordação de alguma mulher? A ideia parecia incongruente, todavia.
Quem era ele?
— Eu não me importo que você coma meu mingau, Hugh. — O menino fungou, então esfregou a manga da camisa no rosto para limpar o nariz molhado. — Mas meu pai diz que você tem de ir embora, porque, apesar de ter chegado ao meu estábulo conduzindo um cavalo, talvez não passe de um ladrão comum.
Não é um livro espetacular mas cumpre bem a função de "passatempo". A mocinha é decidida e o mocinho perdeu a memória o que garante um misteriozinho durante a história.
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