Madrugada...Os candelabros em que ainda ardiam algumas velas lançavam sombras sinistras nos corredores silenciosos de Staverly. Nervosa, Otila ouviu um ruído do outro lado da porta e, rápida, ocultou-se atrás das cortinas. Se fosse encontrada descobririam que era uma espiã.
Para sua surpresa, entram no aposento dois malfeitores subjugando seu patrão, Clint Wickham, o milionário americano.
Pretendiam matá-lo ali mesmo! Sem pensar nos riscos que corria, Otila empunhou um revólver e atirou...
Capítulo Um
1882
Tila olhou ao redor da sala de visitas e constatou que o papel de parede estava descascando num dos cantos. Uma mancha de umidade no teto, que não existia antes, fez com que Tila suspirasse de desgosto. Não havia chances de se restaurar o teto da sala, que como os outros iria se deteriorar aos poucos, até desmoronar. Tila sentia-se deprimida ao pensar nas condições da casa em que vivia. Caminhou até a janela e olhou para o maltratado jardim.
O único consolo eram os frondosos carvalhos do parque que nunca haviam apresentado tanta beleza! Narcisos, em grande profusão, espalhavam-se como um tapete de ouro debaixo das grandes árvores. A primavera costumava trazer sempre muita esperança ao coração de Tila, mas, a cada ano, a situação parecia piorar. Ela se questionara desesperadamente na noite anterior sobre como sobreviveriam. Não era só por ela, mas por Roby e os dois velhos criados que ainda persistiam na casa.
O casal Coblin vivia em Staverly Park há quarenta anos. Ambos haviam iniciado suas atividades, ele como auxiliar e ela como leiteira na cozinha. Ao longo dos anos a sra. Coblin se tornou cozinheira dos pais de Tila e o sr. Coblin, o mordomo, que tinha três lacaios sob sua supervisão. A sra. Coblin tinha sob suas ordens três criadas que a auxiliavam na cozinha e duas na lavanderia. "Os anos dourados." Quantas vezes Tila ouvira esta frase e pelo que sabia os anos realmente tinham sido promissores.
Tila se lembrou de quando era criança. A casa era adorável e muito bem cuidada pela mãe. As carruagens, puxadas por cavalos fortes e de boa raça, ficavam à disposição na porta da frente. Os convidados eram sempre pessoas adornadas de jóias que brilhavam ao sol e suas roupas estavam na última moda. Para Tila, que espiava da balaustrada, aquelas pessoas pareciam ter saído de um conto de fadas.
A mãe, usando a tiara dos Staverly, sem dúvida parecia uma rainha. Tila não suportava estas recordações agora. Apesar da tiara permanecer na casa, a maior parte dos objetos de valor tinham sido vendidos. Tudo que restava eram os quadros dos ancestrais de Tila, resultado de herança da família. Os gabinetes de prata, a magnífica coleção de armaduras, e também as coleções de livros da biblioteca só permaneciam ali pela mesma condição de herança.
— E qual será a importância desses objetos para o filho que jamais terei condições de sustentar — fora a pergunta furiosa de Roby na última vez que a visitara. Ele vivia em Londres a fim de gozar da companhia dos amigos e de se divertir, mas para isso não tinha dinheiro. As anfitriãs adoravam convidar um barão bem-apessoado e descomprometido para suas festas. Mas a mesma disposição de espírito não se aplicaria a uma moça que não podia nem mesmo se sustentar. Por esta razão, Tila resolveu ficar no campo.
Na ocasião não se importou com o fato, pois ainda tinha seu cavalo para cavalgar. Mas agora, sem dinheiro suficiente nem para comprar alimentos, Tila começava a ficar desesperada. Sabia que era perda de tempo pedir ajuda a Roby. Ela tinha certeza, apesar do irmão não querer admitir, que ele se encontrava em débito até mesmo com o alfaiate. Nem Roby, nem Tila podiam recorrer à ajuda dos parentes, pois ou já estavam mortos ou se encontravam em situação igual à deles.
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!