29 de março de 2015

Renúncia



Enquanto seguia Beryl pela nave da igreja, segurando a cauda do vestido de noiva da prima, Torilla tinha a impressão de que ia morrer. 

No altar, Gallen esperava, mais bonito e elegante do que nunca. 
Torilla sentia uma vontade louca de correr para ele e dizer que estava disposta a fugir para bem longe dali, até o fim do mundo... se ele ainda a quisesse. Mas não podia roubar o noivo de Beryl. 
Não era capaz de ser feliz causando a desgraça da prima. Por isso, continuou andando atrás daquela que seria a esposa do homem que adorava. Ia como uma sonâmbula, rezando para que algum milagre acontecesse...

Capítulo Um

1816
A marquesa de Havingham disse, pegando num cálice de Madeira:
— Os médicos proibiram-me de beber álcool, mas tenho de festejar a tua chegada, querido.
— Sente algumas melhoras, mãe?
O marquês, ao fazer a pergunta, demonstrou uma ansiedade na voz, que não passou desapercebida aos ouvidos da mãe.
Ela habituara-se já a ouvi-lo falar num tom preguiçoso e arrastado, muito em voga entre os fidalgos e elegantes que rodeavam o Príncipe Regente.
Ela detestava, embora não o dissesse por prudência, a maneira de arrastar as palavras e de olhar o mundo por debaixo das pálpebras descaídas e arrogantes.
— Acho que a água, apesar de ser horrível, já me aliviou um pouco as dores — respondeu — mas acho Harrowgate aborrecidíssimo e, francamente, estou ansiosa por voltar para casa.
— Nesse caso, eu trago-lhe uma boa desculpa para se ir embora — disse o marquês.
A mãe olhou-o admirada enquanto ele, levantando-se da cadeira onde estava sentado, se ia colocar de pé, de costas para o fogão.
Os aposentos ocupados pela marquesa, no melhor e mais caro hotel de Harrowgate, eram muito agradáveis e o marquês reparou que a mãe tinha modificado o ambiente um tanto austero com alguns pormenores muito pessoais.
Havia um retrato dele, feito a óleo, uma miniatura sobre uma das mesas de cabeceira e muitos vasos com plantas de estufa — quase não conseguia imaginar a mãe sem as plantas.
Havia ainda almofadas macias, pousadas sobre sombrias cadeiras forradas de damasco e, mais importante ainda, lá estavam os pequenos cocker spaniel que o tinham recebido efusivamente à chegada.
— Isto está muito confortável — disse, lembrando-se, de repente, de que até um hotel pode ter as suas vantagens.
— Bastante — respondeu a marquesa. — Agora, Gallen, diz-me o que tens para me dizer; tenho a certeza, querido, que não fizeste esta longa viagem só para ver se estou bem instalada.
Ao falar, a marquesa envolvia o filho num olhar de admiração.Não havia nenhum outro, pensou, tão bem parecido, tão requintado no vestir e, ao mesmo tempo, tão marcadamente másculo.
Os fatos acentuavam-lhe os ombros largos e as ancas estreitas, mas, a verdade era que, por ser tão atlético, fazia o desespero dos alfaiates. Não estava muito em moda ter músculos tão fortes e flexíveis sob finíssimos casacos de bom corte.
O marquês era conhecido como excelente pugilista no Club Gentleman Jackson, em Bond Street, e era com dificuldade que encontrava alguém à sua altura no florete.









2 comentários:

  1. Oi meninas.... Preciso muito de um livro que me faça sonhar, como os da Hannah.... Será que é esse? Vou tentar, depois eu conto....

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  2. É....Não era o que eu procurava.... Meio insosso...Demorei bastante pra terminar... Perdia o interesse... A história até que não é tão ruim... mas, sei lá... não é muito meu estilo....

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!