10 de março de 2018

Desde Sempre

Marina é uma jovem estudante de arqueologia do século XXI que se vê, de repente, em plena ilha Tortuga, a famosa ilha do Caribe, no ano de 1633.

Inicialmente avessa à ideia que acabou de viajar no tempo e no espaço, acaba por aceitar quando encontra Jeremy Snow, um atraente trapaceiro que foge por sua vida.
Juntos tentam descobrir o objeto que a transportou, uma réplica da grande pirâmide de Gizé, juntamente com o seu professor para aquele tempo e espaço. Durante a busca por esse tesouro, vêm a conhecer a história nunca contada de Naunet e Asim, à qual estão ligados em uma paixão avassaladora, um amor trágico e a um estranho vínculo que os separa uma e outra vez.
Conseguirão eles encontrar-se mais uma e derradeira vez ou terão de continuara a viver as mil vidas das quais os papiros egípcios falam? Entre um mundo e o outro há apenas um suspiro?


Capítulo Um

A lenda nunca contada.
Palácio de Mênfis, Egito. Século 26 a.C.
A pequena Naunet nasceu durante uma noite de furiosa tormenta. As águas que emanavam de escuras nuvens assentavam o pó do deserto formando pantanosas lagoas. Os relâmpagos rasgavam o firmamento iluminando as terras do Egito, até alcançar a luz do dia para logo sumirem nas mais escuras e profundas das escuridões.
Naunet rompeu a chorar no mesmo momento em que apareceu a sua branca carinha por entre as pernas de Henutsen. Entretanto, ficou em um repentino silêncio quando os seus olhos, negros como o azeviche, caíram sobre o pequeno Asim, filho de tyaty que espiava por trás da gigantesca coluna de granito.
O Egito despertou com as novas notícias.
Khufu, o faraó de Quéops, tinha tido outra filha.
*Marina observava absorta, sem ver nem ouvir nada, a mesa de pés de ferro que presidia à sala de audiovisuais. Outra vez o decano se pôs a desvairar sobre assuntos que não tinham absolutamente nada a ver com a aula daquele dia, e ela deixou de prestar atenção a suas palavras para pensar na pequena pirâmide dourada que reluzia sobre o tabuleiro da mesa.
Tinha muitas perguntas para fazer sobre a peça. Estudava arqueologia e sentia uma atração transbordante por tudo o que tivesse a ver com o tema.
O doutor Eduardo Ibarrúri era um dos melhores em seu campo, por isso Marina o tinha escolhido, no entanto, levava umas semanas que começara a arrepender-se. O doutor era uma pessoa mais velha e muito tagarela, e em seguida perdia a noção do tempo. De repente começava a relatar-lhes coisas de sua vida ou aprofundava temas banais e absurdos que não interessavam a ninguém, exceto aos quatro tolos da primeira fila que riam por meras besteiras.
― Não vai dar tempo para acabar a aula ― murmurou Clara, com fingido interesse, enquanto olhava para o relógio. ― O que você vai fazer depois de sair? Fica?
Marina cruzou os braços sobre a mesa e olhou para a sua companheira curvando os lábios para cima em uma careta frouxa. Estava segura que Clara podia ver em seus enormes e arredondados olhos verdes, rodeados de largas e frisadas pestanas cor de fumaça, a sua decepção.
― Queria passar pela biblioteca, estou há imenso tempo à espera da aula de hoje e me deixou bastante desconcertada. Ou é a minha imaginação ou este tipo não nos disse nada sobre a pirâmide.
― Tem razão, a verdade é que não disse nada do outro mundo. ― Clara tocou, pensativa, no lóbulo da orelha, fazendo rodar o seu brinco em forma de coração. ― Mas, eu hoje não posso ficar com você. Abriu um lugar novo onde dizem que fazem umas costoletas no churrasco que são de morrer. Você topa?
Marina passou distraidamente os dedos por entre o cabelo e lançou outro olhar dissimulado à pirâmide.
― Não, hoje não, talvez outro dia.
― Dizia alguma coisa, senhorita Miranda? ― Perguntou o decano elevando o tom de sua voz.
De repente, a classe ficou em completo silêncio, tal que o zumbido de uma mosca teria sido capaz de perturbar a sala-de-aula.
Marina voltou a sua atenção para o doutor, tal como os poucos que se tinham distraído. O decano olhava por cima dos grossos óculos, com interesse, em sua direção. Ambos sustentaram o olhar um do outro durante longos segundos, até que ela se deu conta de que lhe tinha perguntado algo. Sentou-se direita, consciente de todos os olhos postas nela.
― Sinto muito, senhor, não estava prestando atenção, poderia repetir o que disse?
O professor franziu o cenho e, com lentidão, tirou os óculos para olhá-la melhor. Balançou a cabeça brandamente.
― Perguntei se tinha algum problema sobre a aula de hoje, senhorita Miranda. Pareceu-me ver que murmurava algo.
Ela sentiu a boca seca.
― Não… Não me chamo Miranda, doutor Ibarrúri, meu nome é Marina.
― Ah, Marina, é certo!





Um comentário:

  1. Gostei muitíssimo!!A estória de prende do começo ao fim, super recomendo!
    Gostaria que a autora tivesse mencionado o que aconteceu com alguns personagens, mas a é uma bela estória de encontro e reencontros até que o amor vence no final.

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!