3 de setembro de 2024

Bela Demolidora

Série Filhos Perversos

Lorde Conor Baxter, Visconde Harleston, descobriu após um grave acidente que gostava de construir coisas. 
Depois de passar meses de cama se recuperando de uma queda de cavalo ele passou a dedicar seu tempo livre a inventar ferramentas mais precisas para qualquer coisa que fosse necessário. Metódico, organizado e acima de tudo meticuloso com sua pessoa e seu entorno ele se vê envolvido com uma senhorita muito desajeitada.
Uma Bela Desajeitada…
Lucy Carleton, filha do dono de um clube de jogo, é uma moça muito ansiosa que não gosta de ambientes cheios de pessoas, menos ainda quando ela não é uma convidada. Sua ansiedade sempre a leva a cometer algum desastre que a coloca em situações constrangedoras. Agora seu pai decidiu que ela deve se apresentar à sociedade e casar-se, tanto melhor se o marido for titulado. E Brian Carleton, pai de Lucy, não tem nenhum escrúpulo para conseguir isso.

Capítulo Um

11 de março de 1845, Berkeley Square, Mayfair, Londres
.
Conor observou ansiosamente enquanto seu criado, Murphy, examinava a mancha em seu casaco.
— Chocolate, você diz, milorde?
— Temo que sim. Alguma mulher ridícula decidiu jogar isso em cima de mim — disse ele, irritado.
As sobrancelhas grisalhas do homem ergueram-se um pouco e Conor pensou que talvez seus lábios se contraíssem, mas por outro lado ele se conteve para não comentar. Isso era preocupante. Murphy nunca tinha falta de opiniões ou comentários.
— Ela teria um bom motivo para fazer isso? — Murphy perguntou, a imagem da inocência.
Bem, isso era melhor. Mesmo assim, Conor estreitou os olhos. — Não.
— Uma pena — Murphy respondeu com um suspiro. — Já era hora de você fazer algo para que uma xícara de chocolate fosse jogada na sua cara, eu acho.
— Que coisa vil de se dizer — respondeu Conor, irritado. — Como se algum dia eu fosse…
— Ah, só estou brincando com você — disse o sujeito com uma risada suave. — Só quero dizer que você deveria ir e agitar um pouco as coisas. Você ainda não está morto, você sabe. Você costumava ser cheio de brincadeiras. Quando você começou aquele clube com seus amigos, por exemplo, e…
— E isso foi há muito tempo. Não sou mais um garoto inexperiente disposto a fazer travessuras.
— Sim, é uma pena — Murphy murmurou baixinho antes de acrescentar. — Bem, uma pasta de bicarbonato de sódio deve resolver isso, mas é melhor eu cuidar disso antes que endureça.
— Muito bem, Murphy, obrigado.
Conor desceu até o escritório e sentou-se à escrivaninha. Tudo estava exatamente como ele gostava: arrumado, ordenado, limpo. Cuidadosamente, ele removeu o pano branco que cobria o último projeto que havia começado. Dispostos com precisão em uma bandeja fina sobre sua mesa estavam pedaços de um relógio. As minúsculas peças prateadas brilhavam à luz e Conor sorriu ao pegar a pinça e selecionar uma minúscula engrenagem. Ele sempre adorava quebra-cabeças e descobrir como as coisas funcionavam, mas só há alguns anos redescobriu sua paixão por fazer coisas.
A lesão foi grave. Tanto que o cirurgião quis arrancar-lhe a perna. Graças a Deus mamãe e Aisling não permitiriam que isso acontecesse. Sua irmã tinha talento para curar e ela assumiu o comando. Juntas, sua mãe e sua irmã cuidaram dele, mas a dor foi de um tipo que ele não acreditava ser possível sobreviver. Mas ele sobreviveu, e ele estava bem novamente. Então era isso. Tudo foi bem.
O marido de Aisling, Sylvester Cootes, era um sujeito decente e parecia fazer a irmã feliz. Ele também era o novo administrador do Castelo Trevick. Conor foi criado sabendo que um dia seria o Conde de Trevick, e por isso aprendeu tudo o que havia para saber sobre o castelo e o negócio de administrá-lo nas mãos de seu pai — e de sua mãe. Cootes, no entanto, era cheio de novas ideias e inovações, e foi um enorme alívio para Conor saber que a propriedade estava em boas mãos e que parte do fardo foi tirado de seu pai. Se não fosse esse o caso, ele próprio teria intervindo, mas apenas porque era seu dever fazê-lo.
Por mais que amasse o campo e a sua casa ancestral, sentia-se feliz por se manter afastado dela desde o acidente, pois havia muitas recordações de dor e arrependimento. Ele também era fascinado pelo progresso e Conor passou muito tempo com o industrial Gabriel Knight, que fomentou seu interesse pelas ferrovias e o colocou no caminho de alguns investimentos sólidos. Ele devia muito ao homem e o admirava tremendamente.
Conor olhou para cima quando o relógio sobre a lareira tocou, um som preciso e brilhante para anunciar uma hora. Por toda a casa havia o eco daquele som e Conor sorriu. Ele observou a porta e, alguns segundos depois, ela se abriu, revelando sua governanta, a Sra. O'Brien. Ela acenou com a cabeça para o lacaio que segurava a porta e trouxe uma bandeja de chá, colocando-a cuidadosamente na borda da mesa.
— Boa tarde, milorde. Você teve uma manhã agradável?
Conor olhou para ela, divertido. — Tenho certeza de que Murphy lhe disse que não.
— Ah bem. Acidentes acontecem — disse ela suavemente, colocando a delicada xícara de porcelana com a posição correta para cima no pires e acrescentando um cubo de açúcar cortado com precisão.
A precisão do corte ficou por conta de Conor. Ele havia projetado e fabricado uma serra de açúcar, para que seus lacaios pudessem quebrar melhor a casquinha de açúcar. Anteriormente, usando a tesoura de açúcar, os caroços tinham formatos e tamanhos diferentes, então o chá dele era um pouco doce demais ou não doce o suficiente. Isso não o incomodava, mas ultimamente esses detalhes pareciam distraí-lo.
A Sra. O'Brien serviu o chá e tirou a tampa de um prato, revelando uma generosa fatia de torta de caça, uma maçã cortada em fatias cuidadosas e um grande pedaço de queijo. — Tem uma linda esponja de geleia também. Vou buscar algumas para você agora mesmo.
— Excelente, obrigado






Série Filhos Perversos
1- O Diabo a Pagar
2- Bela Demolidora

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