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15 de novembro de 2015

A Baía da Escocesa

Série Os Greshan
















Capítulo Um

Inglaterra, 1820
A chuva o estava encharcando e Adam Brenton, Visconde de Teriwood, sentiu frio. Um frio espantoso. Mas não pelo ar gélido, que formava redemoinhos com sua capa ao redor de suas pernas, mas pelo cano negro apontado a sua cabeça.
Sobrepondo-se ao assombro que o paralisava e tentando conservar a calma, olhou o sujeito que apontava a pistola. Um músculo lhe contraiu junto ao lábio superior, único indício que sentia a pressão do medo. Deu uma olhada rápida às longínquas e difusas figuras que trabalhavam sem descanso um pouco mais à frente.
Agora, pouco lhe importava o ir e vir dos marinheiros que descarregavam na praia, ainda que soubesse que eram contrabandistas. Não era uma ocupação incomum naqueles tempos. Muitos traziam mercadorias da França, e as autoridades, tão necessitadas de certos artigos quanto o povo, olhavam para o outro lado.
Mas naquela ocasião, não se tratava somente de contrabando. Não, ao menos, para o homem que agora lhe apontava a arma. Tinha-o visto entregar uma pasta ao capitão do veleiro francês. Por isso se encontrava em tão delicada
situação. Sua estupidez permitiu que o descobrissem e agora... Não, definitivamente, a palavra para o desgraçado era «traidor».
Consciente da ameaça que enfrentava, desfilaram por sua cabeça mil imagens. Um torvelinho em sequência de toda sua vida em poucos segundos, que lhe pareceram eternos. Uma furiosa frustração se apoderou dele, porque teve consciência de que ia morrer, justo quando acabava de encontrar um motivo pelo qual aferrar-se à vida, uma razão pela qual lutar.
— Suponho que não há maneira de arrumar isto, como cavalheiros.
Disse para ganhar tempo, só um pouco mais de tempo, arranhar segundos à morte.
— Não, Brenton. Não há.










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