Série Irmãos Ainsworth
Lady Raine precisava de um marido, mas não podia ser um qualquer.
Tinha de ser um homem honrado, capaz de proteger a herança de seu irmão mais novo.
No instante em que viu Benedict Ainsworth na corte, ela soube que sua busca terminara. Mas o esquema para conquistá-lo havia apenas começado...
Fascinado pela estonteante beleza de Raine, Benedict, o barão de Bracknmoore, moveria céu e terra pela intrigante dama.
Porém, quando ela o envolveu em um casamento por conveniência, Benedict decidiu que daria a Raine muito mais que um sobrenome...
Capítulo Um
Inglaterra, 1461
Raine Blanchett encontrava-se entre os inúmeros cortesãos que aguardavam a audiência do rei Edward mas, ao contrário dos requintados nobres, ela não fora ao castelo para falar com o rei.
Raine estava à procura de um marido.
A necessidade de encontrar um pretendente o mais rápido possível tornara-se uma pressão insustentável nos últimos dias, pois o mês que havia passado na corte não fora nada produtivo.
Ir à corte parecera-lhe a melhor alternativa quando comunicara a decisão ao irmão, William, e à criada, Aida.
No entanto, ao concretizar a idéia, descobrira que colocá-la em prática era mais difícil que concebê-la.O caráter firme e honesto de Raine apresentava-se como um obstáculo à complicada situação.
Não almejava encontrar qualquer marido, um rosto bonito e uma soberba inteligência não seriam suficientes.
Precisava de um homem responsável que cuidasse de seu irmão de onze anos e das propriedades que ele possuía, até que o garoto atingisse a maioridade.
O pretendente também teria de ser honesto o bastante para não sucumbir à tentação de dilapidar a herança de William.
À aparência e a idade pouco importavam.
Ele tinha de ser justo, íntegro e corajoso.
Poderoso a ponto de espantar o primo Denley e sua cobiça.
Semanas antes de decidir recorrer à corte, os insistentes pedidos de casamento haviam se tornado verdadeiras ameaças.
Raine sabia que William não estaria protegido sob a tutela de Deniey.
Não era segredo que o ambicioso primo queria casar-se com ela para obter as vastas terras que William herdara seis meses atrás, após o falecimento do pai.
A lembrança da morte de seu pai trouxe uma dor aguda ao peito de Raine, mas se recusou a abater-se pelo sofrimento.
Sabia que o pai esperava que ela lutasse para proteger o irmão e a herança.
Embora jamais houvesse se queixado ou confessasse o desespero que o dominara depois da morte da esposa, o pai se tornara dependente de Raine desde aquele fatídico dia.
Ele parecia querer que a filha fizesse tudo para salvaguardar William e as terras, e Raine pretendia cumprir taí desejo.
Tão logo chegou à corte, utilizou o método usual de encontrar possíveis noivos. Cuidava da aparência com especial atenção e se apresentava com os lindos vestidos que suas damas de companhia haviam confeccionado.
Sorria, dançava e tentava parecer simpática.
O problema era que despertava interesse em homens pouco adequados a sua posição.
Os três pretendentes que havia escolhido acabaram por
decepcioná-la, inclusive lorde Henry Wickstead, que mostrara, a princípio, certa aversão a fortunas.
Ele, tal qual os demais, provou estar longe do ideal de Raine.
Após investigar a situação dos três homens, Raine descobrira que estavam em dificuldades financeiras e procuravam uma noiva rica.
O fato de ela não possuir herança não os incomodava, porque logo ficara claro que ambicionavam as propriedades do jovem William.
Contudo, aquelas preciosas semanas na corte não haviam sido um desperdício.
Raine acabou criando um método eficiente para descobrir as verdadeiras intenções dos homens sem perder muito tempo.
A ideia de comparecer à audiência com o rei lhe surgira havia poucos dias. Ali, ela poderia conhecer a situação financeira dos cortesãos através dos pedidos solicitados ao rei.Ninguém questionava a presença constante de Raine pois pareciam ocupados demais com os próprios problemas.
O novo método provara ser eficaz, mas também mostrara que a tarefa a qual se propusera seria penosa.
Nenhum homem havia passado nos testes preliminares.
Somente o desespero a impedia de voltar para casa.
Não acreditava que Denley desistisse de suas intenções.
Receava que o primo a submetesse ao casamento.
E pior, ele poderia fazer algum mal a William só para tomar posse do legado do garoto.
Denley era o único parente vivo da família, logo, seria o herdeiro universal se algo acontecesse a William.
Raine não ousou pensar na possibilidade que tanto a afligia.
Nada aconteceria a William, pensou, esperançosa.
Com a morte do pai, ele era tudo que lhe restava e daria o melhor de si para
protegê-lo. Observou os cortesãos que conversavam na sala de espera e suspirou frustrada. Momentos depois, o assistente do rei abriu a porta, e todos interromperam o falatório.
— Podem entrar. Sua Majestade, o rei Edward, atenderá a um de cada vez.
Quando Raine adentrou a sala de audiência, focalizou o poderoso Edward sentado à mesa principal.
Não era a primeira vez que se questionava acerca do rei.
Alguns diziam que, embora possuísse inteligência e fosse íntegro e justo, ele não herdara a força de caráter do pai.
Raine sabia que somente o tempo poderia atestar tal qualidade, afinal, Edward tinha apenas vinte anos.
Sentiria ele falta do pai que morrera lutando para salvar a coroa?
Ou a responsabilidade da posição roubava do rapaz a liberdade, como ocorria a Raine? Observando o jovem monarca, ela concluiu que sim.
Porém, Edward e sua dor pouco importavam ante a necessidade de proteger William.
A manhã passou rapidamente enquanto cada homem submetia seu caso ao rei.
Nenhum deles se adequava ao cargo de marido.
Alguns eram casados, outros não lhe pareciam convenientes.
Raine começava a desistir quando notou uma comoção à porta da sala.
Embora estivesse perto do burburinho, não conseguia enxergar a causa de tamanha perturbação.
Todos esticavam o pescoço a fim de descobrir do que se tratava.
De repente, o rei Edward levantou-se e sorriu com um entusiasmo que até então não havia manifestado.
— Entre, Benedict. — O jovem rei acenou ao recém-chegado.
Todos, inclusive Raine, avistaram os cabelos negros e os ombros largos, cobertos por um manto de veludo.
O desconhecido parecia flutuar, imperturbável, em meio à multidão.
Mesmo na ponta dos pés, Raine não conseguia ver além dos cabelos no alto da cabeça quando o ilustre visitante cumprimentou Edward.
O gesto afetuoso do rei aguçou a curiosidade dos presentes.
Por um instante, Edward e o homem, chamado Benedict, conversaram em voz baixa.
De súbito, o rosto do rei ficou sério, acompanhou o estranho até a ponta da mesa e continuaram a conversar.
Um murmúrio sutil, que Raine descreveu como inveja, começou a ecoar pela sala.
O interesse acerca do recém-chegado era geral.
Que tipo de homem poderia se considerar amigo do rei Edward?
A relação estreita entre ambos mostrava-se evidente.
Raine tentou se aproximar, mas foi barrada pela densa multidão.
— Bastardo arrogante. — Ela escutou um homem alto e loiro resmungar.
— Quem é ele? — Raine perguntou ao suposto invejoso.
O homem loiro olhou para ela e disse, com explícito desdém:
— Benedict Ainsworth, o barão de Brackenmoore. Era um grande amigo do pai de Edward e agiu como um instrumento precioso para este obter o trono.
Série Irmãos Ainsworth
1 - Um Amor Esquecido
2 - A Dama da Floresta
3 - Noiva de Verão
4 - Noiva de Outono
Série Concluída