Segurança. Confiança. Dignidade.
Essas são apenas algumas das características que sustentam a reputação de Marcus Sherbrook como o perfeito cavalheiro. Ou quase perfeito, já que há uma mancha significativa em seu histórico: a rebelião de uma certa Srta. Isabel Denham que, aos dezessete anos, desafiou a tutela de Marcus, fugiu e foi para a Índia. A viúva Isabel voltou para a Inglaterra dez anos atrás e tem feito os olhos cinzentos e frios de Marcus brilharem desde então… não que ele lhe desse a satisfação de saber disso. Mas quando Isabel é ameaçada pelos esquemas de um chantagista, as tentativas de Marcus de protegê�la levam a mais um casamento espontâneo - e acendem as brasas de um desejo nunca reconhecido, mas agora impossível de negar
Capítulo Um
Capítulo Um
Devon, Inglaterra Primavera de 1808
— Essa mulher! — Marcus Sherbrook rosnou em tons de temperamento mal disfarçado enquanto caminhava pela biblioteca de Sherbrook Hall. Sua mãe ergueu os olhos do bordado, um leve sorriso nos lábios.
— Presumo que você está falando de Isabel Manning? — Ao seu breve aceno de cabeça, ela perguntou: — E o que a pobre Isabel fez agora para você estar tão exasperado? Parando suas perambulações diante de uma das longas janelas da biblioteca, ele olhou para a extensão impecável de terreno, jardim e área arborizada.
Abril era um mês adorável na Inglaterra e neste mês de abril não era diferente. As rosas tinham brotado, algumas florescendo; amores-perfeitos em um arranjo brilhante de roxo, amarelo, azul e branco voltavam seus rostos doces para o sol; e ao longe ele podia ver as nuvens brancas e rosa de flores que circundavam as macieiras no pomar. Era uma vista tranquila, digna da propriedade de um cavalheiro rico, o jardim cuidadosamente planejado e a floresta se estendendo serenamente para encontrar as colinas ondulantes de Devon, verdes com a grama da primavera. Normalmente ele sentia orgulho e satisfação com a vista, mas não hoje. Hoje, Isabel conseguiu perturbar mais uma vez sua vida ordeira e ele desejou, não pela primeira vez, que tendo fugido com Hugh Manning treze anos atrás e navegado feliz para a Índia, ela tivesse tido o bom senso de ficar lá.
Os punhos de Marcus cerraram-se ao lado do corpo, uma vaga lembrança de uma angústia abrasadora passando por ele. Ele nunca mais quis sentir a dor dilacerante que experimentou quando percebeu que era verdade: Isabel fugiu e se casou com Hugh Manning. Ele tinha ficado atordoado, cheio de descrença quando soube da notícia por seu tio agitado, Sir James, mas quando a verdade se tornou conhecida, algo dentro dele, alguma emoção frágil da qual ele não tinha consciência, encolheu e morreu.
A fúria veio depois, e ele passou vários meses após o casamento de Isabel odiando-a e condenando-a ao inferno. Eventualmente, seu bom senso comum havia se afirmado. Mais uma vez no comando de si mesmo, ele se lembrou com calma do quanto detestava a tutela e, com o tempo, convenceu-se de que estava bastante satisfeito com o desenrolar do caso. Sua cansativa pupila estava seguramente casada com um homem honrado; sua fortuna estava nas mãos capazes de Hugh e eles estavam a meio mundo de distância dele.
Onde ela deveria ter ficado, ele pensou amargamente. Marcus estremeceu. Ele não estava sendo justo e sabia disso. Alguém poderia pensar, ele admitiu, na década desde que Hugh morreu e Isabel voltou para a Inglaterra, seu filho com dois anos engatinhando ao lado dela, que ele teria se acostumado com Isabel morando bem debaixo de seu nariz. Ele não tinha, e ele descobriu quase imediatamente que a maneira mais fácil para ele lidar com a presença perturbadora de Isabel na vizinhança era simplesmente ignorá-la. Não foi difícil para ele fazer isso. Em qualquer evento social que ambos compareciam, depois de fazer a coisa educada…
