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22 de janeiro de 2017

Alma de Guerreiro

Série Guerreiros da Irlanda

Lutando por honra e amor!

A fugitiva e o guerreiro!

Ao fugir de seu casamento arranjado com um rei cruel, lady Carice sabia que seus dias estavam contados. 
Ela jamais desejara um homem... até conhecer o soldado normando Raine de Garenne. 
Logo Carice passa a sonhar em entregar-se a essa paixão, mesmo que apenas por uma noite.
Raine está em uma missão: matar o rei ou suas irmãs sofrerão as consequências. Porém, quanto mais se aproxima de seu objetivo, mais perto fica de trair o amor que sente por Carice.

Capítulo Um

Irlanda — 1172
Carice Faoilin não tinha medo de morrer.
Ela estava doente havia tanto tempo que já não sabia mais como era se sentir uma mulher normal. Não se lembrava do que era acordar sem dor, ou andar ao sol e aproveitar o dia simplesmente. Na maioria dos dias, tinha apenas as paredes para olhar, confinada que estava à cama, fraca demais para se mexer.
Até agora.
De um dia para o outro, sua casa foi invadida por soldados, exigindo que ela cumprisse o acordo matrimonial. Carice tinha de acompanhar a comitiva e seguir ao encontro do Grande Rei do Eire, Rory Ó Connor, para se casar. O Grande Rei tinha uma péssima reputação e poucas mulheres queriam se casar com ele, inclusive ela mesma.
Talvez fosse melhor obedecer às ordens do Grande Rei como qualquer outra mulher faria. Entretanto, Carice nunca foi do tipo obediente. Na verdade, se seu pai ambicioso tivesse lhe dado escolha, ela jamais teria aceitado o casamento.
Ela estava decidida a não ceder e se oferecer como um cordeirinho para sacrifício, mesmo se acabasse morrendo ao tentar escapar. E as chances de isto acontecer eram grandes.
Mesmo usando uma bengala, improvisada com um galho, cada passo era uma dificuldade, parecia que seu corpo pesava muito mais do que na realidade. Mesmo assim, ela adentrou a floresta escura para fugir. Uma voz interna insistia em avisá-la: Você não tem forças para chegar a um abrigo. Você vai morrer esta noite.
Carice calou a voz. Fazia tanto tempo que vivia com a possibilidade de uma morte iminente, que diferença faria àquela altura? Não adiantaria nada se preocupar demais ou de menos. Por isso, ela lutou por cada passo, cada suspiro, vivendo o momento presente como se fosse o último.
Se bem que a possibilidade de aquele ser seu último dia era grande, ainda mais se não encontrasse abrigo logo. O frio piorava a cada passo. A neve aumentava a cada rajada de vento. Carice apertou a capa ao redor do corpo, apoiando-se na bengala improvisada. Seus pés estavam congelados e as mãos perdiam os movimentos rapidamente. 
Ela não sabia precisar havia quanto tempo que estava andando e rezando para encontrar um lugar quente para dormir. Por favor, preciso encontrar um abrigo não muito longe.
As preces foram ouvidas, pois, quando ela saiu da floresta e aventurou-se por um campo aberto, viu na direção do horizonte, iluminado pela lua, um castelo circundado por muralhas altas.
Ao se aproximar, ela viu que não era um castelo, mas sim um mosteiro. Contudo, nunca tinha visitado o lugar, apesar de estar a apenas alguns dias de viagem de Carrickmeath, onde ela morava. E naquele momento, o mosteiro concretizava suas esperanças de se abrigar. Não sei se consigo chegar até lá. Carice sentia dores pelo corpo inteiro, sem contar que estava morrendo de fome. A distância parecia muito maior do que era na realidade.
Se não continuar andando, vou congelar, ela pensou. E morrer congelada devia ser horrível, portanto, não era uma opção válida. Assim, ela continuou dando um passo após o outro com o incentivo da lembrança de que já havia percorrido uma distância razoável.
Assim sendo, continuou andando através do vale coberto pela neve, contando cada pisada. Suas pernas estavam trêmulas de exaustão, mas ela continuou a forçá-las. 
Enquanto andava, imaginava se os monges daquela abadia lhe proveriam com um lugar para dormir e uma lareira para se aquecer. Ou pelo menos um canto onde ela pudesse desmaiar de exaustão. A promessa de um lugar para se aquecer a impulsionou a continuar andando e enfrentando a neve que caía incessantemente.
Mais um pouquinho, ela dizia para si mesma. Não pare.
Ao chegar na abadia, encontrou os portões abertos. Estranho. Um corvo grasnou e veio voando baixo para inspecionar sua presença. Dentro do pátio, era possível ver que um incêndio havia arrasado as fortificações externas, as estruturas de pedra estavam chamuscadas e em ruínas. Uma das construções, porém, estava em melhores condições, embora com danos visíveis, bem como uma torre redonda próxima.
— Há alguém aí? — gritou ela.
Nenhuma resposta e nem qualquer outro som. Ela andou pelo pátio aberto com os sapatos cobertos de neve. No cemitério havia quatro covas recém-fechadas. A neve cobria os montes de terra ao redor de cada uma delas. Carice fez o sinal da cruz e sentiu um frio correr por sua espinha ao imaginar o que podia ter acontecido ali. 
Será que todos os monges tinham morrido no incêndio? Os sinais evidenciavam que a abadia havia sido abandonada. Ela subiu os degraus que levavam à capela. Não havia sinal da porta de madeira que devia estar ali, e lá dentro estava escuro e frio. Pelo menos era melhor do que ficar do lado de fora, ela pensou. O fogo não tinha alcançado a capela, pois o cheiro diminuía à medida em que ela adentrava o local. Na extremidade oposta havia um altar com uma enorme cadeira.
Havia teias de aranha nos cantos das paredes e um aroma interessante chamou a atenção de Carice. Era um perfume suave de comida, um cervo assado, talvez. Ossos espalhados pelo chão e a lembrança de uma refeição quente aguçaram seu apetite. A sensação era de que ela jamais conseguiria saciar a fome recorrente que a torturava.
— Há alguém aqui? — Ela gritou novamente, afastando a fome do pensamento.

Série Guerreiros da Irlanda
1 - Sangue de Guerreiro
2 - Alma de Guerreiro
Série Concluída