Uma paixão ameaçada Vivian tem tudo para se sentir realizada.
Ou melhor... Quase tudo. Além de linda e graciosa, ela tem uma carreira promissora como violinista e um relacionamento afetuoso com a família e os amigos.
Mas há um lado de sua vida que permanece incompleto e que somente um lindo sonho de amor poderia preencher.
Um amor que Vivian não acredita existir na vida real... Até o momento em que ela se depara com o atraente esgrimista que se apresenta no festival anual da cidade.
Os beijos de Lucas contêm uma promessa de felicidade com a qual Vivian jamais ousou sonhar...
Mas um problema de família a obriga a viajar, e durante sua ausência, uma notícia de jornal gera um mal entendido que ameaça destruir aquele relacionamento, até então, perfeito.
Capítulo Um
O estojo contendo o violino de Vivian Alden McAllister roçava suavemente o casaco longo e negro, que a protegia da chuva fina.
Vivian estava atrasada para o ensaio da orquestra, que naquela tarde se reuniria, extraordinariamente, no complexo esportivo do campus universitário.
Á passos rápidos, ela subiu a escada e entrou no amplo saguão, fortemente iluminado.
Com a mão livre, retirou o chapéu de feltro que lhe protegia os cabelos negros, fazendo-os dançar em torno do rosto com um gracioso movimento de cabeça.
Seus olhos verdes fixaram-se no grande relógio sobre o balcão da recepção, que indicava cinco horas e sete minutos.
Numa corrida ágil, de passos miúdos, Vivian seguiu por um corredor à direita, aprofundando-se na imponente estrutura arquitetônica da Universidade de Richmond.
Poucas pessoas circulavam por ali, àquela hora.
E logo Vivian chegou à porta que dava acesso ao ginásio.
Ignorando o aviso de Não Entre, abriu-a e desapareceu dentro do ambiente em penumbra.
O som dos instrumentos, que os músicos afinavam, envolveu-a por completo.
Cuidadosamente, Vivian desceu os degraus de concreto em direção ao halo de luz que demarcava a posição da orquestra, à esquerda da quadra principal do ginásio.
Dentro de alguns dias seria realizada, na quadra principal, a solenidade de abertura dos Jogos Universitários da Primavera.
O maestro titular, Rudney Bacarowitz, regia a orquestra naquela tarde.
Do pódio, ele observou a chegada discreta de Vivian e franziu o cenho, numa evidente desaprovação.
Ocupando seu lugar na primeira fila do naipe dos violinos, Vivian colocou o estojo e o chapéu no chão.
Em seguida juntou a mãos, num gesto de súplica, meio cômico e meio sério, dirigindo um sorriso tímido ao maestro. Rudney assentiu levemente, retribuindo o sorriso.
Todos, na orquestra, sabiam da grande responsabilidade que pesava sobre os ombros de Vivian. Afinal, ela era a mais jovem violinista ali presente.
E desempenharia um papel tão invejável quanto difícil e honroso, no concerto para o qual estavam ensaiando.
Com apenas vinte e três anos de idade, Vivian fora escolhida para ocupar o lugar do primeiro violino da orquestra, o lendário Klaus Schneider, que estava se recuperando de uma forte gripe.
A direção da orquestra chegara a cogitar na contratação de um substituto à altura do famoso violinista, já que a abertura dos jogos teria como tema, nada menos que A Primavera, da obra As Quatro Estações, de Vivaldi.
Mas o voto da orquestra e o apoio do maestro acabaram por convencer a direção a conceder à jovem violinista uma chance de mostrar do que era capaz.
Tratava-se de uma oportunidade ímpar, daquelas que ocorriam poucas vezes na vida de um músico. E Vivian aceitara o teste com dignidade.
Agora, ali estava ela, pronta para mais um ensaio.
Depois de arrumar as partituras na estante e afinar o instrumento, fez um sinal ao maestro, avisando-o de que estava preparada para começar.
Rudney Bacarowitz bateu três vezes, com a batuta, em sua estante de madeira, pedindo a atenção da orquestra. Imediatamente, fez-se silêncio no interior do ginásio de esportes.
Uma espécie de expectativa pairava no ar
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