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16 de março de 2015

Anjo entre Demônios




Charisa estava morando na abadia de Mawdelyn, lugar aprazível, considerado sagrado por ter sido construído por monges medievais. 

Mas, desde que morrera seu titular por muitas gerações, o marquês de Mawde, sua sucessão desencadeou estranhos acontecimentos. 
Vincent, herdeiro do título e amor secreto de Charisa, foi preso na masmorra da mansão! 
Charisa iria ter sua fé colocada à prova para salvar Vincent, vítima de rituais satânicos praticados por adoradores do Príncipe das Trevas!

Capítulo Um

1893
Vincent Mawde deu um suspiro de alívio quando encontrou um local para passar a noite.
Desmontou e colocou seu cavalo sob uma árvore.
O animal, devido ao cansaço, já não podia mais prosseguir.
Procurou um local arenoso onde pudesse dormir sem as inconvenientes pedras debaixo do cobertor, como acontecera na noite anterior.
Ele possuía uma barraca, se é que essa era a palavra certa para aquela porção de lona que o protegia das mordidas dos mosquitos e de outros insetos muito comuns naquele ponto da Índia.
No momento, sentia-se imensamente cansado.
Mesmo assim desejava ainda se alimentar da parca refeição que trouxera e também tomar um drinque. E foi o que fez. Levando consigo as duas garrafas de cerveja indiana que sobraram, ele caminhou para perto de algumas árvores. Colocou-as no fio de água de um riacho que passava, o que as manteria frescas até a manhã seguinte.
Quando retornou, o sol já descambava para o lado do poente. Não demoraria muito e logo a escuridão pairaria sobre tudo. No entanto, a luz do luar e das estrelas a abrandariam.  Ele montou a barraca e em seu interior dispôs um cobertor grosso. Certamente não precisaria se cobrir.
Já tinha despido todas as roupas que vestira durante o dia, roupas essas que só usavam os viajantes hindus de baixa casta.
Era um disfarce que ele usava. Raramente quando viajava Vincent Mawde assumia sua própria personalidade.  Pelo menos agora estava a caminho da civilização. E graças aos céus, tendo completado a missão para a qual fora designado, ele ainda se encontrava sozinho.
Estava prestes a entrar na barraca quando ouviu o som de galope se aproximando. Ficou alerta, temendo que pudesse ser outro inimigo. Conseguira escapar de um bom número deles.
Então, à medida que o som se aproximava da barraca, pôde ver o uniforme que ele usava. Vincent deu um grito de prazer!
Levantando as duas mãos num gesto de boas-vindas, esperou até que o jovem oficial desmontasse do cavalo.
— Vincent! É você mesmo ou estou tendo visões? — exclamou o recém-chegado. — Já tinha perdido as esperanças de encontrá-lo.
— Certamente eu também não esperava vê-lo por aqui, Nicolas! — foi a resposta de Vincent Mawde. — Mas por que me procurava?
— Tenho novidades para te contar, amigo — informou Nicolas Giles. — Onde posso colocar meu cavalo?
— No mesmo lugar onde pus o meu — informou Vincent —, sob as árvores.
Sem dizer mais nada, Nicolas Giles conduziu o cavalo até as árvores. Vincent Mawde acompanhou-o com os olhos, uma expressão de perplexidade no rosto.
Que motivo fizera seu colega de regimento vir a sua procura? Fazia uma semana que vivia em barracas, o que lhe parecia extraordinário. Por isso, após ter suportado a solidão por tempo tão longo, era-lhe agradável ver um rosto amigo.
Levou menos de cinco minutos para que Nicolas voltasse, tirando o pesado casaco do uniforme enquanto caminhava. Vincent tinha erguido a barraca debaixo de algumas pedras resultantes da ruína de um antigo templo. Elas ofereciam-lhe proteção do sol e um lugar para descanso de suas costas.
O rosto dele, bem como seu corpo, tinha um forte bronzeado.
Seria difícil, mesmo para seus parentes mais próximos, reconhecer nele o inglês de pele clara que sempre fora.
Nicolas sentou-se ao lado dele, e, atirando o casaco ao chão exclamou:
— Não sabe como me sinto satisfeito por tê-lo encontrado! Tudo o que posso dizer sobre esse país é que é grande e quente demais!