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24 de agosto de 2016

Flora


Uma bela eurasiana, dividida entre duas raças e dois mundos, mas repudiada pelas duas sociedades!

Uma jovem pura e virgem, cuja paixão e o fogo do desejo só um homem teria o poder de despertar...
Dos confins mais remotos da China ao ambiente corrupto da decadente Xangai, Flora enfrenta a tortura da violação de seu corpo. Mas permanece livre para conhecer a sensualidade nos braços do homem amado. 
Na Inglaterra, para onde é levada, nos luxuosos castelos e nas requintadas mansões do início do século, a traição, a hipocrisia e a intriga a espreitam, ameaçando seu amor.

Capítulo Um

Ah, o amor... Que emoção perturbadora e insistente a se apossar de seus pensamento, cada dia mais e mais... Que sentimento misterioso e desconhecido!
O amor presente nos poemas, no lirismo dos romances, descrito com palavras inesquecíveis, ora louvando o encontro perfeito entre os amantes ora lamentando os desencontros do destino
Flora conheceria algum dia essa emoção misteriosa e incompreensível, ou viveria enclausurada entre as montanhas que a cercavam, como uma fortaleza perdida nos confins da China?
O grande poeta Catulo sublimava esse sentimento tão alheio a monotonia do seu cotidiano, junto às freiras da missão.
“Sed mulier cupido quod dicit amanti, in vento et rápido scribere oportet aqua...”
Ela recitou o poema, a voz melodiosa e clara ecoando por entre os pinheiros e sentinelas solitários a guardá-la em seu refúgio suspenso sobre o abismo.
"As; juras de paixão de uma mulher ao seu amante são palavras tão efêmeras, como se fossem jogadas ao vento ou na correnteza de um riacho cristalino..."
Como em todas as tardes, antes do jantar frugal e simples da missão, Flora e Pére D'Espinay debateriam as idéias do grande poeta latino, que se esmerara em descrever com infinita beleza a ligação entre um homem e uma mulher, o amor humano!
Flora já conhecia várias formas de afeição, mas a tão celebrada união entre dois seres que se completam permanecia um mistério intrigante e sedutor. Encontraria essa paixão algum dia? E como?
Estava a tal distância do mundo excitante, vislumbrado apenas através dos livros, isolada entre duas pequenas aldeias de camponeses, onde era um evento raro o aparecimento de ocidental europeus.
Perturbada com um futuro que se mostrava desolador, Flora fitou a paisagem ao seu redor.
Subitamente, o reflexo do sol sobre metal feriu seus olhos!
Excitada, ela apanhou os velhos binóculos que haviam pertencido a seu pai, sem os quais jamais saía da missão, e percorreu as escarpas da montanha até descobrir de onde viera o evidente sinal de presença humana no isolamento quase total daquele fim de mundo!
Só depois de um bom tempo, Flora conseguiu divisar, no estreito e tortuoso atalho de terra, uma caravana que subia, muito lentamente, em direção à missão de Pére D'Espinay.
Existia uma dúvida constante entre os viajantes na China, em especial àqueles que se aventuravam pelo seu interior despovoado. Quais eram as estradas mais intransitáveis, as pavimentadas ou as de terra?
Sempre que algum funcionário de alta categoria no império se lembrava do seu dever de verificar as condições daqueles vilarejos perdidos, um acontecimento muito raro, os governantes locais viam-se obrigados a colocar as estradas em boas condições.
Recrutavam os mais jovens e mais fortes entre os homens da região para esse trabalho, retirando-os do campo, onde labutavam pelo seu sustento, e os forçavam, sem nada pagar-lhes, a consertarem os estragos de meses e meses de descuido. Nessas circunstâncias, a evidente má vontade dos trabalhadores produzia resultados lamentáveis. Após as primeiras chuvas, todo o esforço se perdia junto com as enxurradas de terra vermelha, e as estradas voltavam ao seu estado normal, ou seja, ficavam péssimas!