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10 de janeiro de 2011

Bodas De Ódio






Corre o ano 1840 em Buenos Aires.

Com sua beleza ruiva, sua teimosia e seu espírito impulsivo, a jovem Fiona Malone faz honra à sua origem irlandesa.
Nega-se a seguir os costumes portenhos da época, pois está decidida a casar-se por amor.
Por isso se desespera quando seu pai impõe seu matrimônio com Dom Juan Cruz de Silva, protegido do tirano Juan Manuel de Rosas.
De Silva, apelidado o Diabo, tem um passado negro e débito sua prosperidade tanto a sua inteligência, valor e frieza como ao afeto que lhe tem Rosas.
Para consolidar sua posição deve casar-se com uma jovem de boa família, e a beleza da Fiona o conquistou.
Entretanto, o matrimônio começará marcado pelo ódio.
Juan Cruz e Fiona só serão felizes se sabem ceder à imensa força do desejo e do amor.

Capítulo Um

"Amor! palavra escandalosa em uma jovem, o amor perseguia, o amor era cuidadoso como uma depravação..." de Joaninha Sánchez Thompson

A noite de 9 de julho de 1847, Buenos Aires.

Fiona Malone suspirou enfastiada e se entorpeceu na poltrona. De ali observava a sala principal da mansão, lotada de gente.
feito-se uma pausa no baile.
Os homens, reunidos em pequenos grupos, conversavam de política.
As jovencitas, excitadas, consultavam suas cadernetas e anotavam os nomes dos cavalheiros que as tinham pedido para esta ou aquela peça.
Em um rincão, a orquestra provava os instrumentos, enquanto seu diretor, o professor Favero, recebia instruções da anfitriã, misia Mercedes Sáenz.
As mulatas foram e vinham com mate nas mãos, bandejas com manjares e garrafas de vinho.
Tudo parecia como foi pedido, os convidados luziam agradados e a proprietária de casa resplandecia pelo êxito de sua reunião no Dia da Independência.
Fiona voltou a suspirar, pensando em sua cama, calentita e cômoda, em um bom livro, ou no copo de leite quente que lhe preparava sua criada cada noite.
Mas não!
Aí estava, rígida, engravatada até o peito, os pés gelados, e com muitos desejos de voltar para sua casa. sentia-se cansada; nada parecia atrai-la, sempre o mesmo. Definitivamente, odiava as festas; em realidade, para ela não eram mais que uma feira de luxo, aonde o gado se substitui com mulheres se desesperadas por encontrar marido.
Uma solteirona: antes, ao convento.
perguntou-se, então, por que permanecia nessa reunião, em uma geada noite de inverno, entre pessoas tediosas e afetadas.
Pensou-o uns instantes e recordou as palavras de sua avó Brigid essa tarde.
—Deve ir, Fiona —lhe ordenou a anciã.
—Se negar a todas as reuniões às que lhe convidam, nunca conseguirá uma boa partida para te casar vaticinou sua tia Ana, lhe colocando um pente de prender cabelo na cabeça que ela, a sua vez, tirou-se rapidamente.
—What are you doing, girl? Não te dá conta o trabalho que dá colocá-la em um cabelo tão murcho como o teu? —recriminou-lhe a tia.
—Não irei com pente de prender cabelo. As odeio. Além disso, não quero conseguir uma boa partida para me casar, quero me apaixonar.
A jovencita, desafiante, observava alternadamente a sua tia e a sua avó.
—Good heavens! Essas zonceras românticas que lhe colocaram na cabeça, Fiona, são ridículos; terminarão por me voltar louca.
A anciã se deixou cair em uma poltrona. As idéias irreverentes de sua neta conseguiam tirar a de gonzo.
—por que são ridiculas, Grannie? Acaso você não te casou apaixonada pela Grandpa?
—Menina!.

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