Clifford Ellis, duque de Ormond, vive marcado pela morte de sua esposa, o que o converteu em um homem severo que não quer saber da sociedade, e muito menos de um segundo matrimônio.
Mas sua avó e a Coroa exigem que encontre uma nova duquesa para Hallcombe House. Cliff decide nesse instante, que se deve casar o fará com Eleanor McKenna, a neta do homem mais odiado por sua avó.
Lea nunca se deixou intimidar por um homem, mas quando conhece Ellis se sente ameaçada… e fascinada por ele. Quando Cliff pede sua mão, Eleanor se vê obrigada a aceitar esse matrimônio. Entretanto, o mistério que rodeia Hallcombe House, o perigo que se abate sobre ela e um segredo que deseja revelar a seduzirão tanto quanto a atração que começa a sentir pelo duque.
Capítulo Um
Ducado de Ormond. Inglaterra
A bruma se infiltrava através dos muros como uma mão úmida e sinistra disposta a apanhá-la.
O vento uivava no exterior e ela tampou os ouvidos para não ouvi-lo.
Ela tremeu de medo, cravando seu olhar na lenha da lareira, crepitantes línguas de fogo que monopolizavam sua atenção.
As pupilas de Mariam, duquesa de Ormond, dilataram ao desviar sua atenção para o canto do quarto onde em outras vezes tinha surgido àquela silhueta fantasmagórica.
Onde ouviu o tétrico sussurro de uma voz que parecia vir do além.
Agora a rodeava o silêncio, mas ela sabia que voltaria a procurá-la.
A ela e ao filho que levava em seu ventre.
Fora do castelo, o vento aumentava em rajadas sibilantes que, como um presságio, pareciam lhe indicar que naquela noite se cumpria seu prazo.
Afogou um soluço e se cobriu até o queixo com o lençol, mas não pôde afastar seu imprevisível olhar do canto.
Aguardou e rezou com toda a fé que pôde reunir para que o fantasma não voltasse, para que a deixasse em paz.
Seus dentes estavam batendo e era incapaz de controlar seus tremores.
O hálito gelado que castigava os muros parou subitamente e uma cortina de água começou a golpear o imponente castelo.
Estupidamente, Mariam se disse que talvez o espectro não viesse com um tempo tão lamentável, e o insensato pensamento produziu nela um acesso de risada histérica.
Fazia só alguns meses que se instalou em Hallcombe House e depois disso sua vida tinha mudado por completo.
Os muros cinza, os intermináveis passadiços, as galerias inferiores, inclusive o grande salão onde se celebravam audiências e se administrava justiça em tempos remotos, pareciam-lhe lúgubres e frios.
Odiou o castelo assim que o viu. Como odiou ao homem com o qual sua mãe a obrigou se casar.
O clima daquela parte da Inglaterra também não ajudava.
Nem o terreno escarpado e áspero dos Montes de Cumberland. Ela estava acostumada aos pastos de sua amada Gales, onde vivia, mas teve que deixar para trás sua casa e seus amigos. Tudo que amava.
Era ainda muito jovem, mal tinha completado dezessete, e com aquele matrimônio se evaporaram seus sonhos de liberdade.
Agora era a esposa de Clifford Ellis, duque de Ormond. E esperava um filho.
Ela sentiu-se sozinha e amedrontada assim que o conheceu.
Era muito alto e ela mal chegava a seu ombro; sua aparência e seu olhar duro e cinza a faziam sentir-se insignificante.
Imediatamente soube que não combinariam. E não o fizeram.
Por isso voltou seu afeto para aquele criado de caráter fraco, como ela mesma, mas com o qual se sentia a vontade.