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2 de abril de 2009

Conor

Série Família O'Neil


Um Tratante Honrado

Irlanda, 1546


Dotado de uma língua de veludo e de uma espada bem afiada, Conor O’Neil queria se vingar das provações que seu povo sofria. 
Enquanto se envolvia no arriscado jogo da política e do poder, porém, Emma Vaughn fazia um jogo ainda mais perigoso.
Uma Sedutora Inocente
Emma era tímida e inocente, até chegar à corte da rainha com um objetivo claro: desviar a atenção de Conor O’Neil da intriga para o prazer. 

A cada carícia e flerte, aproximava-se do sucesso. Contudo... Emma começava a imaginar de que lado estava sua verdadeira lealdade.


Prólogo

Irlanda, 1546

—Bom dia, jovem Conor. — A velha camponesa sorria para o filho de Gavin O’Neil, o senhor de Ballinarin. — Veio com a família à feira?
Conor 0'Neil, de nove anos, parou junto à banca carregada de doces.
— Isso mesmo, sra. Garrity.
Era sua barraca favorita no dia das compras. Não muito longe, seu pai saboreava uma cerveja em companhia de Friar Malone e alguns homens do vilarejo. Do outro lado do gramado, a mãe e a irmãzinha Briana admiravam fitas e rendas mostradas por uma moça. 

O irmão mais velho, Rory, e outros rapazolas vadeavam pela rua fingindo ignorar as garotas bonitas que riam coradas.
Por toda parte, vendedores apregoavam suas mercadorias. Não faltavam barracas com engradados de galinhas alvoroçadas, baldes cheios de peixes se contorcendo e carrinhos com mexilhões e outros com mariscos. Os fazendeiros exibiam suas frutas e hortaliças, ao mesmo tempo que permutavam carneiros por frutos do mar.
— Tive seis filhos e sei o que mais agrada ao coração de um menino — confidenciou a sra. Garrity, na voz musical que Conor adorava.
Com uma piscadela, estendeu-lhe um dos doces. Como sempre, ele tirou uma moeda do bolso. Também como sempre, a boa mulher deu-lhe mais uma guloseima sussurrando:
— Este é de graça. Para você se agüentar até chegar em casa.
Trocaram um sorriso secreto. Conor mordeu o doce e suspirou de prazer. Antes que desse a segunda mordida, porém, sentiu um aperto no ombro e foi empurrado violentamente. Caído no chão, viu mais de dez soldados ingleses abrindo caminho em meio à multidão.
As vozes felizes calaram-se de repente. Até as criancinhas que brincavam de pega-pega rindo e gritando estacaram mudas.
— O que querem aqui? — questionou um dos fazendeiros.
— Queremos comida, homem. Estamos com fome. — O líder do grupo de soldados invadiu uma barraca e pegou um engradado de galinhas. Diante do vendedor indefeso, atirou a mercadoria para um dos subordinados. — Já que estamos aqui, vamos levar o ouro também.
Os soldados começaram a recolher baldes de peixe, cestos de pão, ao mesmo tempo que enchiam os bolsos com as moedas das caixas.
Um deles reparou na banca de doces e começou a confiscá-los.
— Cadê o seu dinheiro, velhota?
A sra. Garrity esvaziou o bolso do avental, colocando três moedas de ouro na mão dele.
O soldado puxou-a pela frente do vestido e sibilou em seu rosto:
— Quero todas, velhota!
A senhora baixou a cabeça, envergonhada.
— Mas é tudo o que tenho.
— Mentira! — O brutamontes a esbofeteou com força, empurrando-a em seguida.
Naquele instante, entrou em cena uma menina em prantos, que se agarrou às saias da mulher para confortá-la. Da família de feirantes, ela costumava brincar com Conor no meio das barracas.
— Calma, Glenna. — A sra. Garrity preocupava-se mais com a criança do que com sua própria dor. — Sua vovó está bem.
Aproveitando-se, o soldado pegou a menina e encostou uma faca em seu pescoço.
— Ou me entrega o resto de suas moedas, velhota, ou verá jorrar o sangue da sua neta bem aqui, a seus pés. E, para ter certeza de que nunca se esquecerá, hei de me divertir um pouco com ela antes de matá-la!
Ante as ameaças do soldado, Conor, ainda caído no chão, tirou de sob a túnica a pequena adaga quo sempre portava.
Desde tenra idade, fora ensinado a pensar como um guerreiro. Estava em sua alma, assim como na de todos os 0'Neil. A truculência do inglês levara seu sangue a ferver. Apesar da pouca idade, sabia o que estava para acontecer com a amiguinha Glenna. A ânsia de deter aqueles monstros a qualquer preço obliterava-lhe a visão. Antes que se lançasse ao ataque, porém, viu o pai sacar a espada. No outro lado da rua, Rory já desembainhava o punhal.
Conor sabia que a espada de um homem e as adagas de dois garotos jamais seriam suficientes contra mais de dez soldados ingleses armados. Talvez satisfizessem sua honra de guerreiros, mas só incitariam os bárbaros a mais brutalidades.
Pouco lhe importava a própria vida. No entanto, tinha a sensação de que o destino de sua mãe e sua irmã, bem como o de todo o vilarejo, dependia do que decidisse fazer naquele instante. Poderia salvar a todos usando a única arma de que dispunha. E não se tratava do punhal.
Sem pensar nas conseqüências, Conor levantou-se num pulo e, com voz firme, questionou:
— É verdade que juraram lealdade a Henrique da Inglaterra?
Surpreso com a pergunta atrevida, o soldado encarou o garoto, esquecendo-se completamente da menina entre suas mãos.
— Isso mesmo. E daí?
Conor deu de ombros. Com o rabo do olho, viu o cerco de soldados se fechando a seu redor e rezou para que o pai se controlasse por mais um minuto. 

Não sabia aonde chegaria com aquilo, mas não suportava a ideia de perder o pai e o irmão tão corajosos para aquelas espadas estrangeiras.

Série Família O'Neil
1 - Rory
2 - Conor
3 - Briana
Série Concluída