Adotado e criado por uma mulher humilde, estudou e trabalhou com afinco até se converter num dos empresários mais poderosos da Inglaterra.
Tessa é uma princesa austríaca, a herdeira de uma grande família, agora arruinada.
Somente lhe ficou sua paixão pela música e um desmantelado castelo junto a um lago. Esse mesmo castelo que Guy decidiu presentear a sua altiva noiva e onde pensa dar uma representação de ópera para celebrar o compromisso. A magia da música unirá os destinos de Tessa e Guy, e nada poderá ser como antes.
Capítulo Um
Voltou à capital de um império desmembrado. Uma cidade empobrecida pela derrota e nas garras da inflação mas, mesmo assim, formosa. Os teatros estavam abertos, as salas de concertos, abarrotadas. Os vienenses continuavam dançando, seguiam cantando.
Às vezes, enquanto a recém-nascida república lutava contra a escassez e o descontrole que a guerra deixou, até podiam comer. Guy alugou uma suite no Sacher, se assegurou de que sua taquígrafa e seu chofer estivessem convenientemente alojados não muito longe e se permitiu uma semana dessas práticas empresariais ferozes que era o seu selo particular.
Após uma batalha espetacular, arrancou as concessões de cobre de Eisen Gebirge das mãos de um sindicato armênio e derrotou com fúria um multimilionário da Africa do Sul na adquisição dos depósitos de carvão nas imediações de Graz. Depois, consideravelmente vigorizado, se apresentou na Tesouraria e mergulhou no trabalho para o qual havia ido a Viena. Uma tarefa envolta em mistério, tão exigente e tão vital, como aparentemente aborrecida.
Áustria queria solicitar um colossal serviço à Liga das Nações, considerando que era a sua única oportunidade de estabilizar sua moeda e empreender o caminho da recuperação. O governo britânico havia enviado Guy para ajudar a nova república a apresentar seu caso ante a Liga, temendo que uma Áustria debilitada para sempre buscaria uma aliança com a Alemanha.
Se alguém lhe houvesse visto se aplicar com paciência e discrição dia apos dia à sua tarefa, jamais suspeitaria o quão insuportável era a demorada burocracia e as superficiais funções sociais nas grandiosas e mal ventiladas salas de Hofburg. Até que em um ensolarado sábado de finais de março, respondendo à chamada de seu jovem secretário David Tremayne, Guy abandonou a cidade, dispensou o seu chofer e com o seu carro rumou para a fortaleza conhecida pelo nome de Pfaffenstein. Era o castelo mais famoso da Áustria, a encarnação, durante quase um milênio, do poder defensivo e do ataque, de sua grandeza e seu orgulho. Só a sua localização já era de tirar o fôlego. Ficava à beira de um lago verde-escuro, cujas águas glaciais eram de gelar o sangue, até mesmo em pleno verão, estava erguido em uma subida rochosa que parecia alcançar o céu, os pinheiros rodeavam a sua base.
A este, um despenhadeiro dividia a parte de cima da de baixo por uma falha vertical na rocha em direção à planície húngara. Ao norte se apreciavam as ladeiras arborizadas e os picos serrados dos montes Pfaffenstein. A oeste, a descida era mais suave, era coberta de vinhedos e árvores frutíferas que se fundiam na distância com as montanhas nevadas dos Alpes.
Na parte de cima daquele gigantesco penhasco, último bastião do sopé do Pfaffenburg, os francos haviam construído uma fortaleza na época de Carlo Magno, embora não tenham sido os primeiros.