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17 de março de 2015

Filhos de Outra Terra



A Inglaterra explora as colônias americanas com impostos opressivos, para manter sua guerra com a França. 

Chester Clayton, de pai americano e mãe inglesa, irá juntar-se aos rebeldes para defender seu país da tirania britânica e acaba prisioneiro em uma fazenda na Virginia. 
Terry Darnell, sobrinha dos Rains, os proprietários da fazenda Ireland, vive com eles desde que ficou órfã. 
O encontro entre os dois desencadeará paixões e ódios, mas Chester não consegue evitar de se sentir atraído pela mulher que o irrita e seduz, ao mesmo tempo. 
Uma reviravolta inesperada faz dele o capitão do exército colonial e é forçado a salvar as vidas daqueles que o mantiveram como escravo. Clayton consegue que toda a família fuja para a Inglaterra. Mas não está disposto a deixar que Terry fuja com eles. 
Tem outros planos para sua inglesa indomável. 

Capítulo Um

1774, Rhode Island 
Ele observou Yorktown através da neblina leve que cobria o mar nessas primeiras horas da madrugada. Os marinheiros do Embers estavam ocupados arrebanhando velas e percorrendo o convés molhado sob os olhos febris do seu mestre, sem se preocupar se o prisioneiro estava vivo ou morto. Na verdade, davam pouca ou nenhuma atenção se todos nós viveríamos ou morreríamos. 
A existência de um prisioneiro condenado à prisão perpétua não valia nada para aqueles homens, acostumados a lutar, constantemente, em seus porões, com os presidiários. No entanto, Chester ainda estava vivo. Apesar de tudo, respirava, e era a dor que o mantinha acordado. 
A dor e o vento frio que descia sobre seu corpo dilacerado. Tinham se passado horas desde que teve os braços pendurados no mastro, e seu próprio peso, apenas tocando o convés sujo, ameaçava desmembrá-lo. 
No início, a dor era insuportável e sob o impacto do navio, que travava uma luta contra um mar em fúria, teve que morder o lábio para aliviar a dor. Em seguida, uma vez que a angústia enlouquecedora se transformou em uma picada maçante, acabou por entorpecer suas articulações. 
Tentou não pensar, esquecer sua escravização e os fatos que o levaram a tal humilhante situação. Mas todas as suas memórias convergiram a cinco de março, em Boston... 
Boston. 1770. 
Quatro anos antes Dick Robertson entrou como um furacão no quarto que ocupava havia dois meses com seu amigo. Chegou afobado e alegre. Chester olhou para os esboços que estudava e que, desordenadamente, cobriam sua pequena mesa de trabalho em um canto da sala. 
Um dia atrás, discutiu com seu professor e estava disposto a mostrar-lhe que era capaz de pôr fim a esses planos no prazo de quarenta e oito horas. As dependências da Universidade de Harvard, construída por volta de 1636, garantia-lhes uma acomodação confortável para os estudos. Mas tanto ele como Dick preferiram alugar este quarto e dormir fora dos muros de Harvard. 
Não foi uma decisão fácil por causa da oposição por parte do conselho da Universidade e suas próprias famílias, que quase os fez desistirem. E talvez fosse sua teimosia, o que levou Dick à morte naquele dia triste e cinza no mês de março.
- Levanta sua bunda, Chester! - Ele pediu. -O povo está fazendo manifestações nas ruas! Chester se remexeu na cadeira. Tinham esperado essa reação durante muito tempo. Em 1765, quando eram apenas crianças, encenaram sua primeira fuga de casa. Eles concordaram em se juntar a um punhado de homens que decidiram protestar contra o governo britânico. 
Os custos da guerra que a Inglaterra travava com a França levaram-nos a criar uma nova taxa: o imposto sobre o selo.