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8 de dezembro de 2013

Série Príncipes do Deserto

2-  Inocência no Harém


Lady Celia Cleveden se considerava uma pessoa inteiramente criteriosa, da ponta de suas botas de viagem ao seu simples gorro. 

Parecia sensato que ela fosse se casar com um cavalheiro igualmente seletivo. 
Até ela ser resgatada pelo selvagem e enigmático príncipe Ramiz, do reino de A’Qadiz, durante uma travessia pelas implacáveis areias do deserto.
Poderia parecer insano convidá-la para conhecer seu harém, porém a oferta dele não a deixou chocada. 
Talvez a sedução do deserto e a magia de Ramiz tivessem destituído Celia de toda a sua cautela... 

Capítulo Um  

Verão, 1818
— Oh, george, por favor, venha ver! — Em sua excitação, lady Celia Cleveden se debruçou precariamente na amurada do pequeno navio de apenas um mastro na qual haviam completado a última etapa de sua viagem pela parte norte do mar Vermelho.
A tripulação abaixou a bandeira latina que se erguia alta acima da cabeça deles e dirigiu habilmente o pequeno veleiro através da massa de outros veleiros, falucas e caiques, todos lutando por espaço no porto movimentado.

Celia se segurou na amurada baixa do barco com uma das mãos enluvadas, a outra prendendo o chapéu no lugar, observando com olhos maravilhados enquanto se aproximavam da terra.
Estava elegante, como sempre, com um vestido de musselina estampada, com um fundo verde bem claro. Era um dos muitos que mandara fazer especialmente para a viagem, com mangas longas e decote alto. 

Em Londres seriam totalmente inadequados, mas ali, no Oriente, como fora informada, eram essenciais. 
Um chapéu de palha com um longo véu, também essencial, cobria-lhe os belos cabelos cor de cobre, mas, mesmo assim, sua figura alta e esguia e sua pele jovem e aveludada ainda atraiam atenção excessiva dos pescadores, das tripulações e dos passageiros do outro navio que, no momento, também tentava encontrar um espaço no porto lotado de embarcações.
— George, venha ver. — Celia virou a cabeça sobre o ombro em direção ao homem que se abrigava sob a cobertura frágil de um teto precário de lona esfarrapada acima da popa. — Há um burro naquele barco com uma expressão positivamente ultrajada, como a do meu tio quando alguém vota contra uma proposta dele no parlamento. — Estava se divertindo imensamente.
George Cleveden, com quem Celia havia se casado três meses antes, não fez nenhum movimento para se juntar a ela e deixou claro que não estava com nenhuma disposição para se divertir. 

Ele também estava elegante, como sempre. Usava um fraque azul-escuro, de tecido superfino, sobre um colete listrado combinando e no qual estava pendurada uma grande variedade de berloques, e calça de camurça presa em botas que subiam até quase o joelho.
Infelizmente, embora o conjunto tivesse sido realmente adequado para uma viagem numa carruagem fechada da casa de sua mãe em Bath para seus alojamentos em Londres, ou mesmo para uma curta viagem para sua pequena propriedade rural em Richmond, estava muito longe do ideal para uma viagem pelo mar Vermelho no calor sufocante do verão. 

As pontas engomadas do colarinho da camisa, que lhe subiam pelo rosto, há muito haviam amolecido. Sua cabeça doía com o calor do sol e havia uma clara linha de suor marcando o ponto onde o chapéu de feltro repousava na testa.
George olhou sua jovem esposa, que parecia fresca como uma flor de jardim, com uma espécie de ressentimento.
— O diabo deste calor infernal!









3- Volúpia do Deserto

Jamil al-Nazarri, um sheik de coração duro e mão de ferro, tem seu reino sob controle absoluto... menos sua filha, tão pequena e, ao mesmo tempo, tão teimosa! 

Já em desespero, ele contrata uma governanta inglesa, e deposita nela todas as suas esperanças de que alguém finalmente conseguirá incutir algum boa disciplina na pequena... 
Só que lady Cassandra Armstrong é a governanta mais excêntrica que já se viu! 
Apesar de ser dona de uma aparência voluptuosa que incita à paixão, ela é também inocente e proibida. 
Famoso por sua inabalável honra, a postura de Jamil em breve será testada...
Pois seus sentimentos por Cassie estão muito longe de serem honráveis! 

Capítulo Um 

Daar-el-Abbah, Arábia – 1820
O Sheik Jamil al-Nazarri, príncipe de Daar-el-Abbah, analisou com cuidado os termos da complexa e detalhada proposta à sua frente. 

Uma ruga provocada pela concen­tração surgia entre as sobrancelhas negras, sem, porém, alterar o fato de que seu rosto, emoldurado pelo turbante de seda, era extraordinariamente belo. 
As dobras suaves do tecido dourado realçavam o tom moreno de sua pele. A boca estava cerrada em uma linha firme de determi­nação, embora a leve curva nos cantos indicasse senso de humor, ainda que aparente apenas em raras ocasiões. 
O queixo e nariz do sheik eram firmes, o perfil majestoso, perfeito para ser usado nas insígnias do reino... Embora Jamil, na verdade, houvesse se recusado a cumprir esse pedido do Conselho. 
Entretanto, eram seus olhos que constituíam a parte mais impressionante de suas feições, pois possuíam uma cor diferente, escuros como um céu de outono com um brilho profundo que variava de in­tensidade de acordo com seu estado de espírito.
Eram esses olhos que transformavam Jamil de um ho­mem belo em um ser inesquecível. Embora, de qualquer modo, fosse impossível para o príncipe de Daar-el-Abbah passar despercebido em qualquer ocasião. 
Sua posição como o mais poderoso sheik da Arábia garantia isso. Jamil nascera para reinar e fora criado para governar. 
Nos últimos oito anos, desde que herdara o trono com a idade de 21 anos, após a morte de seu pai, mantivera Daar-el-Abbah livre dos invasores, conservando sua in­dependência e aumentando seu poder sem a necessidade de derramamento de sangue.
Jamil era um diplomata astuto. E também um inimi­go respeitável, fato que assegurava significativamente sua posição de negociador. Embora já a algum tempo não se irritasse com seus oponentes, a perigosa cimitarra com suas incrustações em diamantes e esmeraldas sobre ouro, que pendia de sua cintura, não era apenas um enfeite de cerimonial.
Ainda perscrutando o documento que tinha nas mãos, Jamil se levantou.
Caminhando de um lado para o outro sobre o estra­do onde se assentava o trono real, seu manto dourado e com passamanarias de fios dourados e pedras preciosas voejava às suas costas. 
O contraste com a longa túnica branca de seda revelava seu físico delgado, porém atléti­co, que fazia lembrar, com sua elegância e força sutil, a pantera do emblema de seu reino.
— Algo errado, Vossa Alteza?
Halim, braço direito de Jamil, perguntou com cau­tela, arrancando o príncipe de seus pensamentos. Com exceção dos membros do Conselho dos Anciãos, Halim era o único que ousava questionar Jamil sem pedir licen­ça, embora ainda receasse fazer isso, consciente de que, apesar de gozar da confiança do príncipe, não era de fato um amigo íntimo dele.
— Não, — respondeu Jamil de maneira lacônica. — O acordo nupcial parece razoável.
— Como poder ver, todos os seus termos e condições foram mantidos na íntegra — prosseguiu Halim com cui­dado. — A família da princesa Adira foi muito generosa.
— Com razão — enfatizou Jamil. — As vantagens que esse enlace lhe dará sobre seus vizinhos valem muito mais do que as poucas minas de diamantes que receberei em troca.
— Sem dúvida, Vossa Alteza. — Halim inclinou a ca­beça. — Então, se está satisfeito, talvez aceite minha su­gestão e assine o contrato...










4- Desafiando o Sheik





Por ser filha de um diplomata, Silvia Bruntsfield estava preparada para enfrentar situações espinhosas graças a sua inteligência privilegiada e atitudes práticas.

Mas a carreira de seu pai se encontrava sob ameaça, assim como a aliança entre a Britânia e o reino Djaradh, devido a um grave erro cometido por ele.
Por isso, Silvia assume um disfarce de homem a fim de implorar clemência ao príncipe Munir al-Khashqar, governante de Djaradh. 
Mas ela não estava preparada para o que iria acontecer assim que o sheik descobrisse que ela não passava de uma impostora. 
Aquela inglesa o deixava intrigado. Por isso, ele decide oferecer uma alternativa para poupar seu pai e preservar a aliança: Silvia deveria se tornar sua noiva.

Capítulo Um

Império de Djaradh, Arábia, 1819.
Seu coração estava acelerado. E era de se esperar, com tanta coisa em jogo. O que aconteceria se ela falhasse? Não, nem pense nessa possibilidade!
Mesmo tão cedo o sol era abrasador, mas a túnica e o turbante que ela vestia para disfarçar sua identidade ajudavam a amenizar seu efeito. Ao seu redor, as feiras árabes estavam abertas ao público, o ar perfumado com cheiro de especiarias, perfumes e carne assando. Apesar de ser filha de um diplomata e ter viajado muito, ela nunca havia visto um lugar tão colorido, tão exótico. Porém, agora não era hora para turismo. A carreira do seu pai estava em jogo.
Silvia segurou com mais força as rédeas do seu camelo, resistindo a se agarrar à sela alta, que balançava.
Finalmente, ela alcançou o grande portal do palácio real. A carta, escrita elegantemente e com o proeminente selo real, deu-lhe a permissão necessária para atravessar os portões de ferro ornamentados e ladeados por guardas impassíveis com suas perigosas cimitarras. Um homem alto e barbudo com cerca de 50 anos a recebeu com desaprovação.
— Eu sou Bakri, o Chefe do Conselho Real. Sua Alteza o aguarda, Sir Francis — disse ele, enquanto, impacientemente, esperava Silvia apear-se do camelo.
De cabeça baixa, ela o seguiu por um labirinto de corredores de mármore e através de pesadas portas duplas, onde Bakri se curvou e partiu. O coração batia tão forte que dificultava a respiração. A boca estava seca. Silvia se surpreendeu com a luz colorida que iluminava a sala através dos vitrais.
Uma figura alta vestindo uma túnica azul adornada com ouro estava de pé no altar no fundo da sala. Príncipe Munir al-Khashqar, imperador do reino de Djaradh. 
A primeira impressão de Silvia sobre o homem que tinha o destino do seu pai em suas mãos era a de alguém com um poder quase palpável. 
Um homem acostumado a comandar, um homem acostumado a uma obediência inquestionável. Curvando-se, ela o olhou de perto discretamente. Mais jovem do que esperava — em torno de 30 anos — sem nenhum traço de indulgência naquele físico musculoso. Um frisson se espalhou pelo seu corpo. Príncipe Munir era tão impetuosamente atraente quanto o império desértico que ele reinava.
— Sir Francis, seja bem-vindo — disse ele.
— Assalamu alaikum, sua alteza. É uma honra — disse Silvia disfarçando sua voz. Inesperadamente ele veio em sua direção, e, antes de ela conseguir retirar a mão, sabendo que aquela parte do corpo a trairia, ele a engolfou num aperto de mãos inesperado. 
O tom escuro da pele dele fez com que a dela parecesse branca como o leite, e, sem dúvida, feminina. 
O contato a fez tremer e ela o encarou. Os olhos marrom-escuro com tons de ouro a observaram com desconfiança.
— Sua Alteza — começou ela. — Eu posso...



Série Príncipes do Deserto
1- Escrava do Sheik
2- Inocência no harém 
3- Volúpia do deserto 
4- Desafiando o sheik
Série Concluída