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29 de junho de 2014

Coração de Pedra






Ao acordar em uma cama estranha, Henrietta Markham encontra o homem mais sensual que já conhecera. 

Entretanto, a última coisa que se lembra é do ataque de um invasor e de ter sido resgatada por Rafe St. Alban, o notório conde de Pentland. 
E ele parece bem mais perigoso!
Um casamento fracassado transformou o coração de Rafe em uma pedra de gelo. 
Contudo, a impetuosa e atraente preceptora faz seu sangue entrar em ebulição. Quando Henrietta é acusada de roubo, Rafe se coloca de prontidão para salvá-la. Será que a inocência dela deixará este endurecido libertino de joelhos?

Capítulo Um


Sussex, março de 1824.
A névoa mal começava a se dissipar naquele começo de manhã, e ele já fazia Thor, seu imponente garanhão negro, tomar o rumo de casa pelo atalho que cortava o comprido e arborizado caminho que margeava os formais jardins de Woodfield Manor.
A intensa luz do sol do começo do verão inglês atravessava as árvores altas, fazendo o orvalho na grama cintilar como se tivesse sido espalhado com uma miríade de pequeninos diamantes.
O cheiro de terra e raízes recém-reviradas levantado pelos cascos de Thor se misturava ao inebriante perfume da madressilva que circundava, irrestrita, os troncos dos majestosos teixos. A manhã estava perfeita, prelúdio de um dia sem dúvida belo.
O honorável sr. Rafe St. Alban, conde de Pentland, barão de Gyle, era o senhor de tudo o que estava a inspecionar. Todavia, mantinha-se alheio às glórias da natureza que o alcançavam de todos os lados. Mentalmente esgotado após mais uma noite insone, fisicamente exaurido devido ao cansativo galope logo de manhã cedo, seu único interesse era cair nos receptivos braços de Morfeu.
Puxando as rédeas do cavalo, Rafe desmontou do animal para desengatar o portão de ferro forjado, que se abriu para o caminho lateral de cascalhos que dava direto para sua cocheira.
O homem alto, bem proporcionado, e o enorme cavalo negro feito ébano faziam um par e tanto. Cada um, a seu modo, um glorioso exemplo de sangue azul. Espécimes supremos de músculos fortes e tonificados e com a energia no ápice da perfeição física.
A pele de Rafe brilhava, saudável. Seu cabelo negro como um corvo, refletindo a luz do sol, tinha um corte reto e bem aparado, ressaltando o perfil impecável. Os ângulos das maçãs do rosto mostravam-se corados pelo esforço do galope vertiginoso montes abaixo. O tom azulado da barba que começava a nascer só acentuava o maxilar forte e os dentes muito brancos.
Ao estilo lorde Byron, eis como uma jovem apaixonada e arfante o descrevera; um cumprimento que Rafe enjeitou com sua típica risada sarcástica, apesar de suas belas feições e sua riqueza fabulosa o tornarem um dos solteirões mais cobiçados da sociedade. 
Até as damas mais difíceis se derretiam perante seu olhar distante e verve áspera, que lhe caíam muitíssimo bem.No entanto, Rafe não tinha o menor interesse em se comprometer pela segunda vez. Já tivera sua dose de casamento pelo período de uma vida inteira. Na verdade, por várias vidas.
— Estamos quase perto de casa, agora, velho amigo — murmurou ele batendo de leve no flanco suado do cavalo.
Thor balançou a cabeça enorme, expelindo uma nuvem de ar quente das narinas, tão ansioso quanto o dono pelo calor de seus aposentos.
Rafe tirou o casaco, jogou-o com displicência sobre o ombro e decidiu seguir a pé a curta distância até a casa em vez de voltar a montar o cavalo. Como não esperava encontrar ninguém tão cedo, saíra sem chapéu, colete ou cachecol. As dobras brancas e limpas de sua camisa de linho grudavam-se nas costas suadas, e a gola aberta revelava um tufo de pelos no peito musculoso.
O portão bem azeitado se abriu sem ruído, e Rafe fez o cavalo avançar, mas Thor pisou a grama com passos hesitantes e resfolegou. 
Sem paciência, Rafe voltou a puxar as rédeas, com mais força desta vez, mas o garanhão recusou-se a se mexer e soltou um relincho agudo.
— Está com medo de quê?

19 de janeiro de 2014

Acordo Selado


Uma proposta tão escandalosa, que só um homem de reputação duvidosa aceitaria!

A honrada Clarissa Warrington se desespera quando sua bela e tola irmã cai na lábia do mais notório conquistador da sociedade. 
Para o bem de Amélia, Clarissa irá agir, e rápido! Apesar de ser um homem charmoso e de posses, Kit, lorde de Rasemby, está entediado. 
A elite londrina já não é mais tão excitante. 
Então, quando o incorrigível mulherengo recebe um desafio inusitado, a tentação soa bastante aprazível. 
Afinal, se conseguir proporcionar a Clarissa a maior aventura de sua vida, ela se entregará a ele! 
Nenhum sedutor que se preze poderia declinar uma proposta tão irrecusável... 
Capítulo Um

1798 , Londres
— Você certamente não vai sair nesse traje, Amelia? — A Ilustre Clarissa Warrington olhou atônita para sua irmã mais nova. — Você está totalmente indecente. Eu juro que posso ver através de suas anáguas.
Amelia, seis anos mais nova que Clarissa, e com 18 anos, em toda glória de sua beleza, simplesmente sorriu.
— Não seja tão antiquada. Está na moda umedecer um pouco as anáguas. Você saberia disso, Clarrie, se saísse de vez em quando.
— Eu não desejo sair nas companhias que você mantém, Amelia. E, se você não tomar cuidado, logo descobrirá que ficará com o tipo de reputação que combina com anáguas umedecidas. Sem mencionar o fato de que provavelmente vai pegar um resfria­do, também.
— A típica Clarrie, sempre prática. Eu nunca fico resfriada. Ago­ra, pare com isso e arrume meu cabelo. — Amelia voltou a força total de seus enormes olhos azuis para sua irmã e fez um biquinho.
— Ninguém os penteia como você, e é muito importante que eu fique bonita esta noite.
Com um suspiro, Clarissa pegou a escova. Nunca conseguia ficar brava com Amelia por muito tempo, mesmo quando se sentia no direito disso. Amelia ia a outra festa com sua amiga Chloe e a mãe de Chloe, sra. Barrington. Clarissa recebera os mesmos con­vites, mas sempre os recusava. 
Além do custo, ela não tinha dese­jo de passar a noite dançando com homens que a entediavam até a morte com suas conversas insípidas. Ou pior, ser obrigada a se reunir com as mulheres que disputavam os cavalheiros e sorriam com afetação.
Amelia era diferente. Os últimos estilos e cores, quem tinha a probabilidade de casar com quem, eram de grande importância para ela. E era melhor que sua irmã achasse tudo aquilo tão extasiante, pensou Clarissa, habilmente arrumando o cabelo de Amelia. 
Casamento era a única coisa para a qual Amelia era boa, realmen­te. Clarissa amava sua irmã, mas não era cega para as limitações dela. Como poderia, afinal de contas? Amelia era exatamente como a mãe delas.
Casamento, na verdade, estava se tomando uma necessidade para Amelia. Não porque Amelia realizaria uma união fabulosa, como a mãe delas esperava. 
Com um dote de noiva tão pequeno, isso era improvável ao extremo. Não, casamento era uma necessi­dade para Amelia porque ela não possuía nem as habilidades nem a inclinação para ganhar seu próprio sustento. Além de tudo isso, Clarissa suspeitava que Amelia estivesse se relacionando com companhias não muito boas. Para que ela chegasse imaculada ao altar, um casamento precisava ser arranjado o mais rapidamente possível.
— Quem você está tão desesperada para impressionar esta noi­te, Amelia?
Amelia riu.
— Eu não acho que deveria lhe contar. Você é tão conservadora, Clarrie, que correria para contar à mamãe.
— Isso não é justo! — Clarissa cuidadosamente passou uma fita através dos cachos dourados de Amelia. — Não sou delatora, e você sabe disso. Eu não correria para mamãe. — Não, ela realmente não faria tal coisa, pensou com tristeza. Pois sua mãe, com certeza, diria que Clarrie era uma criadora de casos, e que Amelia sabia o que fazia. Na verdade, a mãe delas, lady Maria Warrington, pro­vavelmente nem mesmo teria a energia para falar aquilo.
Lady Maria se desapontara com a vida numa idade precoce, e desapontamentos constantes tinham seu preço. 
Casada com um homem que era o filho mais novo, em sua família, então tendo ficado uma viúva sem um tostão, não muito depois do nascimen­to de Amelia, lady Maria levava a vida com o mínimo esforço possível. Apenas jogos de cartas e o pensamento do casamento brilhante que sua filha mais nova um dia faria levava animação ao rosto dela. 
Ao menor sinal de que qualquer tipo de esforço seria requerido de sua parte, ela se tomava fraca, e, às vezes, até mesmo tinha ataques de desmaio. Lady Maria vinha contando com sua filha mais velha pragmática desde quando qualquer uma delas pudesse lembrar.
Traços da beleza de lady Maria ainda podiam ser detectados sob a pele envelhecida pela idade, mas os anos não tinham sido gentis
 

8 de dezembro de 2013

Escrava Do Sheik

Série Príncipes do Deserto 





Para o sheik Khalid al-Raqam, escolher uma noiva vem depois de prioridades mais importantes, como governar o seu reino e proteger seus tesouros. 

Quando é presenteado com uma bela náufraga, antevê o surgimento de problemas diplomáticos. 
Mas era impossível resistir às curvas luxuriosas de Juliette de Montignac. 
O temperamento teimoso e desafiador de Juliette apenas alimentava o fogo em Khalid, além de despertar o lado conquistador dele, instigando-o a domá-la através do desejo! 

Capítulo Um 

Lash’aal, Arábia, 1816
— A delegação da tribo chegou, alteza.
O sheik Khalid al-Raqam, príncipe de Lash’all, continuou a estudar a planta do templo recentemente descoberto no sítio da cidade perdida de Persimmanion. O templo arruinado o fascinava, já que fora construído muitos séculos antes do resto da cidade. 

Talvez tivesse sido o motivo para a existência da cidade. Khalid pegou o último artefato a ser descoberto, um pequeno ídolo de ouro com o formato de uma deusa, uma coisa extremamente incomum naquela região da Arábia. Sorriu para si mesmo. 
Seus súditos mais supersticiosos, entre os quais se incluía Farid, seu homem de negócios, agora esperando com deferência por instruções, o considerariam uma espécie de portento, mas Khalid estava acima destas noções infantis. Era fascinado pelo passado, não assombrado por ele.
Fez a minúscula antiguidade rolar na palma da mão. Persimmanion se mostrava rica em achados daquele tipo. Era vital que mantivessem sua existência em segredo, para impedir que os abutres europeus soubessem de sua existência e tentassem saquear a preciosa herança de Lash’aal, como já haviam feito no Egito. 
A mão de Khalid se fechou em torno da deusa de ouro. Não permitiria tal profanação em seu território soberano.
— O que ela quer, esta delegação? — Havia irritação na voz de Khalid.
— Uma audiência, Alteza. Viajaram por cinco dias através do deserto para lhe pagar a dívida de honra por sua ajuda na decisão da disputa de fronteira. Não vai querer ofendê-los mantendo-os esperando demais.
Khalid suspirou e cuidadosamente enrolou as plantas.
— Muito bem, vou vê-los agora.
Farid se curvou numa reverência.
— Vai recebê-los com toda a pompa, Alteza?
Parecia uma pergunta, mas não era, como Khalid sabia muito bem. Suspirou de novo.
— Se é necessário... Como sempre, Farid, confio em seu conselho no que se refere ao protocolo.
Depois de três anos à frente de seu reinado, Khalid ainda achava extremamente desagradáveis muitos dos costumes de Lash’aal, particularmente a pompa e a cerimônia. 
Mas a paz que lutara tanto para estabelecer nos limites de seu reino ainda era frágil e, com tantas tribos ainda prontas para se levantar umas contra as outras à menor provocação, era vital que seu status como a fonte máxima de poder, justiça e, se necessário, punição, fosse publicamente reforçado.
Era uma responsabilidade pesada e exigia um preço alto, isolando Khalid, como fazia, dos outros simples mortais. Seu dever era ser infalível, invencível, todo-poderoso. 
Embora tivesse agora 32 anos e já estivesse mais do que além da idade certa para pensar em produzir um herdeiro, escolher uma noiva para ele entre as muitas facções que formavam seu reino sem ofender as outras se provara até agora além até mesmo dos legendários poderes diplomáticos de Farid.
Como o próprio Khalid era totalmente indiferente à escolha, já que precisava ser mais baseada nas necessidades de Lash’aal do que em seus desejos pessoais, contentara-se em permanecer solteiro. 
A pesada carga do governo tinha que ser suportada em solidão... 
 







Série Príncipes do Deserto
1 - Escrava do Sheik  
2- Inocência no harém
3- Volúpia do deserto
4- Desafiando o Sheik
Série Concluída
 

Série Príncipes do Deserto

2-  Inocência no Harém


Lady Celia Cleveden se considerava uma pessoa inteiramente criteriosa, da ponta de suas botas de viagem ao seu simples gorro. 

Parecia sensato que ela fosse se casar com um cavalheiro igualmente seletivo. 
Até ela ser resgatada pelo selvagem e enigmático príncipe Ramiz, do reino de A’Qadiz, durante uma travessia pelas implacáveis areias do deserto.
Poderia parecer insano convidá-la para conhecer seu harém, porém a oferta dele não a deixou chocada. 
Talvez a sedução do deserto e a magia de Ramiz tivessem destituído Celia de toda a sua cautela... 

Capítulo Um  

Verão, 1818
— Oh, george, por favor, venha ver! — Em sua excitação, lady Celia Cleveden se debruçou precariamente na amurada do pequeno navio de apenas um mastro na qual haviam completado a última etapa de sua viagem pela parte norte do mar Vermelho.
A tripulação abaixou a bandeira latina que se erguia alta acima da cabeça deles e dirigiu habilmente o pequeno veleiro através da massa de outros veleiros, falucas e caiques, todos lutando por espaço no porto movimentado.

Celia se segurou na amurada baixa do barco com uma das mãos enluvadas, a outra prendendo o chapéu no lugar, observando com olhos maravilhados enquanto se aproximavam da terra.
Estava elegante, como sempre, com um vestido de musselina estampada, com um fundo verde bem claro. Era um dos muitos que mandara fazer especialmente para a viagem, com mangas longas e decote alto. 

Em Londres seriam totalmente inadequados, mas ali, no Oriente, como fora informada, eram essenciais. 
Um chapéu de palha com um longo véu, também essencial, cobria-lhe os belos cabelos cor de cobre, mas, mesmo assim, sua figura alta e esguia e sua pele jovem e aveludada ainda atraiam atenção excessiva dos pescadores, das tripulações e dos passageiros do outro navio que, no momento, também tentava encontrar um espaço no porto lotado de embarcações.
— George, venha ver. — Celia virou a cabeça sobre o ombro em direção ao homem que se abrigava sob a cobertura frágil de um teto precário de lona esfarrapada acima da popa. — Há um burro naquele barco com uma expressão positivamente ultrajada, como a do meu tio quando alguém vota contra uma proposta dele no parlamento. — Estava se divertindo imensamente.
George Cleveden, com quem Celia havia se casado três meses antes, não fez nenhum movimento para se juntar a ela e deixou claro que não estava com nenhuma disposição para se divertir. 

Ele também estava elegante, como sempre. Usava um fraque azul-escuro, de tecido superfino, sobre um colete listrado combinando e no qual estava pendurada uma grande variedade de berloques, e calça de camurça presa em botas que subiam até quase o joelho.
Infelizmente, embora o conjunto tivesse sido realmente adequado para uma viagem numa carruagem fechada da casa de sua mãe em Bath para seus alojamentos em Londres, ou mesmo para uma curta viagem para sua pequena propriedade rural em Richmond, estava muito longe do ideal para uma viagem pelo mar Vermelho no calor sufocante do verão. 

As pontas engomadas do colarinho da camisa, que lhe subiam pelo rosto, há muito haviam amolecido. Sua cabeça doía com o calor do sol e havia uma clara linha de suor marcando o ponto onde o chapéu de feltro repousava na testa.
George olhou sua jovem esposa, que parecia fresca como uma flor de jardim, com uma espécie de ressentimento.
— O diabo deste calor infernal!









3- Volúpia do Deserto

Jamil al-Nazarri, um sheik de coração duro e mão de ferro, tem seu reino sob controle absoluto... menos sua filha, tão pequena e, ao mesmo tempo, tão teimosa! 

Já em desespero, ele contrata uma governanta inglesa, e deposita nela todas as suas esperanças de que alguém finalmente conseguirá incutir algum boa disciplina na pequena... 
Só que lady Cassandra Armstrong é a governanta mais excêntrica que já se viu! 
Apesar de ser dona de uma aparência voluptuosa que incita à paixão, ela é também inocente e proibida. 
Famoso por sua inabalável honra, a postura de Jamil em breve será testada...
Pois seus sentimentos por Cassie estão muito longe de serem honráveis! 

Capítulo Um 

Daar-el-Abbah, Arábia – 1820
O Sheik Jamil al-Nazarri, príncipe de Daar-el-Abbah, analisou com cuidado os termos da complexa e detalhada proposta à sua frente. 

Uma ruga provocada pela concen­tração surgia entre as sobrancelhas negras, sem, porém, alterar o fato de que seu rosto, emoldurado pelo turbante de seda, era extraordinariamente belo. 
As dobras suaves do tecido dourado realçavam o tom moreno de sua pele. A boca estava cerrada em uma linha firme de determi­nação, embora a leve curva nos cantos indicasse senso de humor, ainda que aparente apenas em raras ocasiões. 
O queixo e nariz do sheik eram firmes, o perfil majestoso, perfeito para ser usado nas insígnias do reino... Embora Jamil, na verdade, houvesse se recusado a cumprir esse pedido do Conselho. 
Entretanto, eram seus olhos que constituíam a parte mais impressionante de suas feições, pois possuíam uma cor diferente, escuros como um céu de outono com um brilho profundo que variava de in­tensidade de acordo com seu estado de espírito.
Eram esses olhos que transformavam Jamil de um ho­mem belo em um ser inesquecível. Embora, de qualquer modo, fosse impossível para o príncipe de Daar-el-Abbah passar despercebido em qualquer ocasião. 
Sua posição como o mais poderoso sheik da Arábia garantia isso. Jamil nascera para reinar e fora criado para governar. 
Nos últimos oito anos, desde que herdara o trono com a idade de 21 anos, após a morte de seu pai, mantivera Daar-el-Abbah livre dos invasores, conservando sua in­dependência e aumentando seu poder sem a necessidade de derramamento de sangue.
Jamil era um diplomata astuto. E também um inimi­go respeitável, fato que assegurava significativamente sua posição de negociador. Embora já a algum tempo não se irritasse com seus oponentes, a perigosa cimitarra com suas incrustações em diamantes e esmeraldas sobre ouro, que pendia de sua cintura, não era apenas um enfeite de cerimonial.
Ainda perscrutando o documento que tinha nas mãos, Jamil se levantou.
Caminhando de um lado para o outro sobre o estra­do onde se assentava o trono real, seu manto dourado e com passamanarias de fios dourados e pedras preciosas voejava às suas costas. 
O contraste com a longa túnica branca de seda revelava seu físico delgado, porém atléti­co, que fazia lembrar, com sua elegância e força sutil, a pantera do emblema de seu reino.
— Algo errado, Vossa Alteza?
Halim, braço direito de Jamil, perguntou com cau­tela, arrancando o príncipe de seus pensamentos. Com exceção dos membros do Conselho dos Anciãos, Halim era o único que ousava questionar Jamil sem pedir licen­ça, embora ainda receasse fazer isso, consciente de que, apesar de gozar da confiança do príncipe, não era de fato um amigo íntimo dele.
— Não, — respondeu Jamil de maneira lacônica. — O acordo nupcial parece razoável.
— Como poder ver, todos os seus termos e condições foram mantidos na íntegra — prosseguiu Halim com cui­dado. — A família da princesa Adira foi muito generosa.
— Com razão — enfatizou Jamil. — As vantagens que esse enlace lhe dará sobre seus vizinhos valem muito mais do que as poucas minas de diamantes que receberei em troca.
— Sem dúvida, Vossa Alteza. — Halim inclinou a ca­beça. — Então, se está satisfeito, talvez aceite minha su­gestão e assine o contrato...










4- Desafiando o Sheik





Por ser filha de um diplomata, Silvia Bruntsfield estava preparada para enfrentar situações espinhosas graças a sua inteligência privilegiada e atitudes práticas.

Mas a carreira de seu pai se encontrava sob ameaça, assim como a aliança entre a Britânia e o reino Djaradh, devido a um grave erro cometido por ele.
Por isso, Silvia assume um disfarce de homem a fim de implorar clemência ao príncipe Munir al-Khashqar, governante de Djaradh. 
Mas ela não estava preparada para o que iria acontecer assim que o sheik descobrisse que ela não passava de uma impostora. 
Aquela inglesa o deixava intrigado. Por isso, ele decide oferecer uma alternativa para poupar seu pai e preservar a aliança: Silvia deveria se tornar sua noiva.

Capítulo Um

Império de Djaradh, Arábia, 1819.
Seu coração estava acelerado. E era de se esperar, com tanta coisa em jogo. O que aconteceria se ela falhasse? Não, nem pense nessa possibilidade!
Mesmo tão cedo o sol era abrasador, mas a túnica e o turbante que ela vestia para disfarçar sua identidade ajudavam a amenizar seu efeito. Ao seu redor, as feiras árabes estavam abertas ao público, o ar perfumado com cheiro de especiarias, perfumes e carne assando. Apesar de ser filha de um diplomata e ter viajado muito, ela nunca havia visto um lugar tão colorido, tão exótico. Porém, agora não era hora para turismo. A carreira do seu pai estava em jogo.
Silvia segurou com mais força as rédeas do seu camelo, resistindo a se agarrar à sela alta, que balançava.
Finalmente, ela alcançou o grande portal do palácio real. A carta, escrita elegantemente e com o proeminente selo real, deu-lhe a permissão necessária para atravessar os portões de ferro ornamentados e ladeados por guardas impassíveis com suas perigosas cimitarras. Um homem alto e barbudo com cerca de 50 anos a recebeu com desaprovação.
— Eu sou Bakri, o Chefe do Conselho Real. Sua Alteza o aguarda, Sir Francis — disse ele, enquanto, impacientemente, esperava Silvia apear-se do camelo.
De cabeça baixa, ela o seguiu por um labirinto de corredores de mármore e através de pesadas portas duplas, onde Bakri se curvou e partiu. O coração batia tão forte que dificultava a respiração. A boca estava seca. Silvia se surpreendeu com a luz colorida que iluminava a sala através dos vitrais.
Uma figura alta vestindo uma túnica azul adornada com ouro estava de pé no altar no fundo da sala. Príncipe Munir al-Khashqar, imperador do reino de Djaradh. 
A primeira impressão de Silvia sobre o homem que tinha o destino do seu pai em suas mãos era a de alguém com um poder quase palpável. 
Um homem acostumado a comandar, um homem acostumado a uma obediência inquestionável. Curvando-se, ela o olhou de perto discretamente. Mais jovem do que esperava — em torno de 30 anos — sem nenhum traço de indulgência naquele físico musculoso. Um frisson se espalhou pelo seu corpo. Príncipe Munir era tão impetuosamente atraente quanto o império desértico que ele reinava.
— Sir Francis, seja bem-vindo — disse ele.
— Assalamu alaikum, sua alteza. É uma honra — disse Silvia disfarçando sua voz. Inesperadamente ele veio em sua direção, e, antes de ela conseguir retirar a mão, sabendo que aquela parte do corpo a trairia, ele a engolfou num aperto de mãos inesperado. 
O tom escuro da pele dele fez com que a dela parecesse branca como o leite, e, sem dúvida, feminina. 
O contato a fez tremer e ela o encarou. Os olhos marrom-escuro com tons de ouro a observaram com desconfiança.
— Sua Alteza — começou ela. — Eu posso...



Série Príncipes do Deserto
1- Escrava do Sheik
2- Inocência no harém 
3- Volúpia do deserto 
4- Desafiando o sheik
Série Concluída