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11 de novembro de 2012

O Aventureiro

Série Heróis das Highlands

Antes de dar por terminada sua viagem a França, para retornar a Inglaterra, onde a espera seu futuro marido, Isabella vai a Versalhes saudar o rei Luis XV, que a convida a passar a noite no palácio.

Durante o jantar conhece um homem misterioso que lhe entrega em segredo uma pedra mágica que ela deve devolver ao clã escocês dos MacAoidh, seu legítimo dono.
Como saber onde encontrá-los?

A jovem confia em que a pedra lhe indique o caminho.
A jovem desejosa de aventuras não sabe que está a ponto de viver muitas delas junto a Calum, um rebelde escocês, conhecido como O Aventureiro. 



Capítulo Um 

19 de maio de 1747 
Meu último dia em Paris. 

O céu sobre os telhados é brilhante, completamente azul, salpicado de grossas nuvens brancas. 
Fecho os olhos e o ar está impregnado dessa mescla de aromas que acabei por apreciar tanto: a brisa da manhã, as roseiras em flor e o pão recém-saído dos fornos de tijolo.
Os pássaros cantam sem cessar à sombra dos ramos das castanheiras, como mulheres tagarelando na hora do chá.
E posso ouvir as risadas dos meninos que jogam disco em um pátio próximo, enquanto em algum lugar alguém interpreta uma balada no clavicordio…
Lady Isabella Drayton levantou a pluma da página de seu diário e suspirou. Primavera em Paris.
Existia algum lugar como esse no mundo?
Sentada no jardim da casa que seu pai tinha alugado junto à Rua Saint Honoré, com seu chocolate esfriando sobre a mesa, a seu lado, não lhe ocorria nenhum.
Durante quase três meses — um mês e oitenta dias para ser exatos— Isabella tinha se divertido na capital francesa. 
Seus dias transcorreram em uma rápida sucessão de passeios matinais nos Jardins das Tulherias, visitas ao palácio do Louvre para ver a coleção real de arte, e representações de Molière no Palais Royale.
E isso só durante a primeira semana. 
Não demorou a estabelecer uma rotina. 
As terças-feiras tomava um café forte em uma mesa, junto à janela, do Café Procope, a pitoresca cafeteria que tinha descoberto na Alameda Saint Germain, da qual podia contemplar o enorme bulício da cidade.
Em ruas de paralelepípedos, apenas mais largas que um atalho, as carruagens avançavam a toda velocidade.
Regardez! 
Gritavam os choferes aos pedestres, apena alguns segundos antes que estes estivessem a ponto de ser atropelados e levantassem ameaçadoramente o punho, lançando toda uma série de impropérios tipicamente franceses contra o ruído cada vez mais longínquo dos cascos e o estrondo das rodas.
As quartas-feiras passava a manhã no jardim nos dias ensolarados e na pequena sala que dava para a rua, quando chovia, escrevendo e enchendo de desenhos uma constante sucessão de cartas para seus pais e irmãs que estavam na Inglaterra, em Drayton Hall.
Catherine, que ainda não tinha completado dezenove anos e era a mais velha de suas três irmãs mais novas, escrevia-lhe fielmente cada semana, mantendo Isabella informada de tudo o que acontecia em casa.
Em sua última carta, recebida há apenas três dias antes, contava que Mattie, de quatorze anos, estava outra vez “apaixonada” 
— Isabella já tinha perdido a conta das vezes que aquilo aconteceu— e que Caroline, a menor, de nove anos, negava-se a aceitar que não podia montar em Homer, seu querido porco, nas corridas da feira de Hexam, apesar da elegância de seu passo.
Estava claro que com muita persistência tinha conseguido convencer sua mãe, a duquesa. 
O duque, entretanto, não ia se deixar conquistar.

Série Heróis das Highlands
1 - The Pretender
2 - O Aventureiro
3 - The Perfect Gift

12 de setembro de 2011

Bruma Branca

Série Branca

Entrou na névoa fugindo do passado...

Eleanor tinha tudo na vida: era formosa, jovem, educada na alta sociedade e com liberdade para escolher a quem quisesse como marido... ou isso ela acreditava.
Uma noite, seu irmão lhe fez uma terrível revelação sobre seu passado que joga por terra todos seus planos do futuro.
Desolada, a jovem abandona Londres e foge sem rumo até ir parar numa remota ilha escocesa.
Ali encontra trabalho como instrutora em um lugar que está mergulhado em segredos.
Descobri-los logo se converte em um desafio para a inquieta Eleanor, especialmente interessada em averiguar o que se esconde na alma do enigmático e atraente dono daquelas esquecidas terras.

E se encontrou com um mistério irresistível...

Os aldeãos o conhecem como o diabo de Dunevin, e Gabriel MacFeagh não faz nada para desmentir sua sinistra reputação.
Trancando dentro de si mesmo desde o misterioso desaparecimento de sua mulher, tortura-se diariamente com um segredo que não deve sair nunca vir à tona.
Um mistério que lhe obriga a manter-se afastado de todos, inclusive de sua própria filha, a quem adora, mas com quem mal mantém contato.
Mas a chegada dessa mulher parece atrapalhar tudo: bela, decidida e inteligente, uma estranha sem passado nem identidade, possivelmente ela seja a única que possa desvendar o passado...
Faz muito tempo que a alegria desapareceu da vida de Gabriel MacFeagh, visconde do Dunevin.
Consome-se em seu remoto castelo escocês acossado pelo vento e a bruma, a mesma maldita bruma em que desapareceu para sempre sua mulher três anos atrás.
Sua filha permanece muda desde esse dia e seu silêncio faz aumentar os rumores sobre o que realmente aconteceu.
Por isso se surpreende quando aquela jovem refinada e culta, que não quer confessar sua verdadeira identidade, chega de quem sabe onde e se oferece como instrutora da pequena.
A recém chegada devolve a vida ao castelo e faz renascer em Gabriel a esperança de um novo amor, ao que poderia prender-se se tão somente não pesasse sobre ele essa escura maldição...

Comentário Revisora Alcimar Silva: Bem meninas, mais uma série que se conclui. Coincidentemente, quando a Cris me pediu para fazer a leitura final do livro 2, Magia Branca, não pensei que esta função se estenderia por todos os livros da série.
Pois é, 4 livros depois e estou eu finalizando a série.
O que dizer deste livro em questão? É uma história boa, quem está lendo a série na sequencia já conhece a nossa mocinha e o drama que ela teve que passar: descobrir que não pode se casar com o “homem que ama” e depois desse episódio foge de casa sem deixar pistas e empreende uma jornada rumo ao seu verdadeiro futuro.
Essa história tem toques de mistério, afeto (pela jovem pupila que fica a seus cuidados) e a descoberta do verdadeiro amor.


Capítulo Um

Ouviu o criado aproximar-se pesadamente durante um minuto antes de sua aparição, ofegante e mal-humorado, pela subida da ladeira da colina depois de uns cem metros de caminhada para chegar do castelo até ali.
Tem uma visita, senhor. - O homem parou e se dobrou pela cintura para poder recuperar o fôlego. - Chegou uma visita ao castelo para vê-lo.
Gabriel MacFeagh, visconde do Dunevin, mal elevou uma sobrancelha com a chegada do homem. Pelo contrário, ficou ajoelhado ante o que antes tinha sido um roliço peru real, que tinha ficado reduzido a uma confusão de plumas e restos sanguinolenta parcialmente escondida sob uma capa espessa de urze.
 Aproxima-se o inverno - disse para si mais que para que lhe ouvisse o homem que tinha ao lado. - Os animais da ilha vão à caça das provisões necessárias para manter-se durante os gélidos meses que estão por vir.
As marcas de dentadas menores e o persistente aroma de almíscar revelavam que tinha sido um turón, um animal parecido com uma doninha que se distinguia por uma escura máscara na pelagem à altura dos olhos. Era uma calamidade que não podiam permitir-se passar por cima, já que inclusive cordeiros menores e outros mamíferos estavam mortos, vítimas destes intrusos noturnos. Pelo aspecto do peru, ou o que ficava dele, este atacante em concreto não demoraria a retornar. 
Gabriel levantou todo seu corpão de um metro noventa e sete e sacudiu sua escura cabeça enquanto deixava cair à carcaça da ave em um saco que havia trazido com objeto de evitar atrair a outros predadores a uma distância tão próxima ao castelo.
Parece que esse gambá tornou a rondar pelo galinheiro a noite passada, Fergus. É a segunda que perdemos esta semana. Melhor dizemos ao MacNeill que vamos ter que pôr algumas armadilhas por aqui.
Tão corpulento e alto como seu senhor, Fergus Maclan era o assistente pessoal do visconde desde que este se converteu em senhor uns dez anos antes. Com antecedência a isso, tinha servido ao irmão de Gabriel e ao pai de ambos, de modo que levava vivendo na distante ilha quase toda sua vida. De pé agora ao lado do Gabriel, com a chamativa presença que lhe dava seu traje de tecido escocês, coçou a cabeça grisalha por debaixo de sua boina de Kilmarnock e assentiu com conformidade.

Série Branca
1 - O Segredo de Rosmorigh
2 - Magia Branca
3 - O Cavaleiro Branco
4 - Bruma Branca
Série Concluída

11 de agosto de 2011

O Segredo de Rosmorigh

Série Branca

Catriona entrou na biblioteca do castelo de Rosmorigh como estava acostumada a fazê-lo: por uma porta secreta. Como sempre, nenhum ruído, ninguém estava mais ali... Ninguém?
Estás certa, Catriona? Catriona, uma jovem escocesa atrevida, desconhece que não é na realidade a filha mais velha de Mary, a parteira.
Não sabe que nasceu em berço nobre.
Tão nobre quanto vis eram os motivos desprezíveis daquela criatura que levou seu irmão gêmeo imediatamente ao nascer, enquanto a deixava, sem saber, ainda no ventre de sua mãe moribunda, desamparada, em uma lúgubre masmorra.

Robert, cego por causa das chamas, inútil no campo de batalha, agora só podia amaldiçoar sua sorte.
Não poderia viajar para Viena para reunir-se com Wellington.
O incêndio da mansão Devonbrook, que dizimara a sua família e consumira importantes coleções de obras de arte, jogou sobre ele a sombra de graves suspeita.
Encontra-se quase em ruínas.
O futuro não pode ser mais negro.
É o momento de viajar para a Escócia, as Terras Altas.

Comentário da revisora Alcimar Silva: O livro é realmente lindo. Adorei!
As personagens principais são show: ele, um cara decidido e super coerente, que apesar de ter sofrido com a perda de parte de sua família e de sua visão consegue ser um homem inteligente, amoroso e nada complexado ou traumatizado com a sua condição.
Ela, uma jovem mulher inteligente (não é a toa que pegou o inglês gostosão) e sem frescuras e que não é chata, manhosa ou mimada, que ajuda muito o mocinho a se adaptar à sua cegueira.
O enredo é muito bom, aliás, como todos os livros da série que ajudei a ler.
Tem vários segredos a serem descobertos, não apenas um como o título dá a entender. Tem mistério, romance, e a melhor parte, pegação.
As cenas não são hot hot, mas são bem escritas e prolongadas.
Enfim, adorei o livro, espero que todas gostem da história, beijos e que venham mais romances para que possamos nos deliciar.


Capítulo Um

19 de fevereiro, 1815, White's, St. James Street, Londres.

Lorde Robert Edenhall franziu o cenho enquanto passava através da porta principal do clube. Havia cavalheiros ao redor, suas vozes rivalizavam criando um zumbido constante que enchia os corredores congestionados do andar inferior.
Tinha esperado um jantar tranqüilo antes de retirar-se para descansar. Agora compreendia que não ia ser assim.
Era cedo, sequer eram oito horas, No entanto a Sala Frontal estava cheia de homens com trajes elegantes e outros não tão elegantes, competindo por atenção. Quase a totalidade dos ganchos debaixo da escada de mogno polida estavam ocupados. Brummell e seus contemporâneos ocupavam seu lugar ante o Mirante que ficava em frente a St. James, rindo dissimuladamente de algum pobre bufão contra quem lançavam seus sarcasmos e beliscando distintas mesclas de rapé que extraíam de delicadas caixas esmaltadas. Mais para o interior do ambiente, a sala de jogo estava concorridíssima, os que participavam de alguma partida observavam ociosamente de pé a quem jogava, enquanto ganhavam e perdiam fortunas com as elevadas apostas com que jogavam às cartas.
Embora seja uma esposa reticente, Robert não pôde evitar pensar no casto beijo na face e o sorriso pudico que lhe tinha dedicado ao abandonar o estudo de seu pai aquele mesmo dia. Imaginou sua primeira noite juntos: todas as velas do quarto apagadas, Anthea, sua esposa, vestida com um delicioso adorno de noite de núpcias, completamente adequado para a ocasião, conhecedora de seu dever para com ele, mas mesmo assim estremecida ante a ideia de seu contato.

Série Branca
1 - O Segredo de Rosmorigh
2 - Magia Branca
3 - O Cavaleiro Branco
4 - Bruma Branca
Série Concluída

24 de julho de 2011

O Cavaleiro Branco

Série Branca

Tinha o mundo a seus pés...

Para quase todos, o marquês de Knighton era um cavalheiro bonito, cortês e seguro de si mesmo. Um homem que tinha o mundo a seus pés.
Sequer as nuvens se atreviam a fazer sombra ao marquês.

Era o herdeiro da maior fortuna do reino, mas essa herança era também sua maldição. Ignorado e humilhado durante anos por seu avô, o grande duque de Westover, Christian não vê em sua esposa mais que uma nova e penosa obrigação.
Jura não engendrar nunca um herdeiro, mas o amor de Grace lhe faz pôr em dúvida todos os seus planos.

E uma jovem e inocente esposa...

Tudo na vida de Grace foi luz e cor.
Ela sempre sonhou com um casamento grandioso, no qual usaria o mesmo lindo vestido que sua mãe e sua avó usaram ao contrair matrimônio, o sinal de uma união agradável e eterna.
Mas o marquês de Knighton mostra em seu rosto algo que anuncia uma vida repleta de tumultos.
Poderá Grace com sua inocência mudar o olhar gélido dele?


Capítulo Um

Londres, 1820

Lady Grace Ledys estava de pé no centro da biblioteca de seu tio, uma sala tão pouco usada que o periódico que havia em cima da mesa era de seis meses atrás. Os criados, como eram mal pagos, sequer se incomodavam em tirar o pó, inclusive se acostumaram a utilizar a biblioteca do senhor como armazém, porque estavam seguros de que ele não o notaria. No entanto, para esta ocasião, abriram-se as cortinas que normalmente estavam fechadas e acenderam um fogo bem vivo na lareira que, até então, servia de lar a uma família de ratos.
Afinal, o marquês de Cholmeley vivia de aparências.
Era seu tio, e estava sentado diante dela, bastante confortável em um lugar que não estava acostumado a freqüentar. Cortaram-lhe o cabelo a la Brutus, quer dizer, todo penteado para trás e encaracolado na frente. As botas estavam recém escovadas e usava um colete que ela nunca viu até esse dia. Chamou-a fazia um quarto de hora, mas sua atenção não estava centrada em sua pessoa, a não ser no homem que se achava sentado a seu lado.
O conhecido duque de Westover era um homem que já devia ter mais de sessenta anos, com certeza. Tinha o cabelo muito fino e preso em um rabo-de-cavalo de cor branca, que contrastava muito com o casaco escuro. Estava com uma mão apoiada brandamente em cima do punho dourado da bengala de madeira polida, e no dedo da outra mão usava um anel adornado com um rubi do tamanho de uma noz pequena. Estava com dois relógios de bolso de ouro dependurados no culote e estava sorrindo; bom, estava sorrindo para seus seios como se, de repente, o vestido de seda escuro em sinal de luto se houvesse tornado transparente.
- Me diga moça, são naturais?
Estava tentado a incomodá-la, ela sabia, e se lhe tivesse feito essa mesma pergunta há seis meses, certamente agora estaria frente a uma Grace com os olhos abertos e sem saber o que dizer. Entretanto, as circunstâncias adversas às vezes endurecem a sensibilidade.
Antes de vir morar na casa de Londres de seu tio e tutor, Grace desfrutava de uma vida alegre e tranqüila em Ledysthorpe, a residência familiar de Durham. Ali se criou desde pequena sob os atentos cuidados de sua avó, a Marquesa viúva de Cholmeley. Tudo na vida de Grace era luz e cor. Ainda não havia visto os pináculos cinza das Igrejas de Londres; nunca havia percebido o ruído, o fedor e a imundície que se acumulam na capital da Inglaterra, onde viviam mais de um milhão de almas britânicas. O caminho mais longo que percorreu era o que separava Ledysthorpe e o povoado, um trajeto breve e com árvores de ambos os lados ao longo do qual todos a saudavam, sorriam e lhe perguntavam por sua saúde.
O dia no qual chegou a Londres, uma carruagem esteve a ponto de atropelá-la, mas ela se afastou a tempo, embora em seguida um vendedor de areia para fabricar tijolos lhe salpicou toda a saia.
A voz do duque a trouxe à realidade da qual queria escapar nesse mesmo instante.

Série Branca
1 - O Segredo de Rosmorigh
2 - Magia Branca
3 - O Cavaleiro Branco
4 - Bruma Branca
Série Concluída

10 de julho de 2011

Magia Branca

Série Branca
O aparente suicidio de seu melhor amigo, Anthony Prescott, Visconde de Keighley, conduz Lorde Noah Edenhall a uma investigado que o leva até lady Augusta Brierley, por quem sente uma atração instantanêa. 

Os estranhos hábitos noturnos da senhora e seus contatos com um aristocrata importante leva-o a acreditar que Lady Augusta é uma bruxa que encanta suas vítimas antes de mata-las.
Mas, no momento, tudo o que sabe é que a magia do amor o envolveu e o arrasta com uma força que não quer resistir.


Capítulo Um

Lorde Noah Edenhall não se moveu em sua postura relaxada na cômoda poltrona marrom junto à lareira. Continuou observando seu amigo, seu melhor amigo por cima da borda de sua taça de conhaque, com as pernas estendidas e os saltos de sua bota tocando o tapete, o dorso de seus dedos apoiado placidamente em seu rosto, o punho de seu fraque azul marinho roçando-lhe os nódulos.
Passou-se um momento e depois outro momento, e continuou olhando-o. Finalmente, com uma expressão de incredulidade, disse com os lábios franzidos:
- Acredito que está mais louco que o rei, Tony.
Antony Prescott, visconde de Keighley, não se alterou com a reação pouco entusiasmada de seu amigo. Tinha mais ou menos esperado por isso e continuou com o ridículo sorriso, um sorriso enviesado como o de um cachorrinho quando está junto à mesa pedindo que lhe atirem alguma sobra de comida. Essa expressão se fixou no rosto de Tony no mesmo instante em que se encontraram essa tarde, permaneceu durante todo o jantar no White’s, durante a partida de cartas e o trajeto a pé até sua casa na King Street, separada apenas por uma praça da casa de Noah na Charles Street. Iluminado apenas pelo fogo da lareira, que era a única luz na sala, o sorriso ainda parecia tolo.
Louco? - disse Tony rindo e levantando a taça com um leve encolhimento do ombro. - Talvez seja loucura, e ser for assim, é a mais doce das loucuras que já vivi, uma enfermidade que vai durar toda a vida.
Noah olhou fixamente para o desconhecido que tinha diante dele, pensando no que teria acontecido com o Tony que conhecia, o Tony com quem esteve tão unido nesses últimos vinte anos. Franziu ainda mais o cenho. Deveria ter visto chegar. Tony sempre foi temerário, regido por uma espécie de código de “Quem diabos se importa”, que contrastava com sua aparência loira, que até podia ser chamada de angelical.
Quem o conhecia melhor sabia que sempre havia algo mais, alguma coisa em seus olhos azuis expressava o desejo de aventuras, que delatava sua verdadeira natureza impetuosa. Era justamente esse traço de Tony que os tornou amigos desde que eram meninos.
Talvez um mergulho em água fria te cure dessa enfermidade, dessa loucura, e te faça recuperar a sensatez - disse Noah. - Fico ausente da cidade por apenas quatro meses para visitar meu irmão e sua família na Escócia, e no mesmo dia de minha volta, algumas horas depois de chegar, fico sabendo da triste notícia que meu melhor amigo se converteu em um candidato ao manicômio.

Série Branca
1 - O Segredo de Rosmorigh
2 - Magia Branca
3 - O Cavaleiro Branco
4 - Bruma Branca
Série Concluída