Janet Kendall
Era assim que Sabrina Barrington estaria se fosse forçada a se casar.
O segredo que ela guardava á impedia de tornar-se noiva de qualquer homem, ainda mais do enigmático conde de Kenilword. Mas os votos de casamento foram feitos sob chantagens, e ela se tornou sua prisioneira...
Os fantasmas do passado perseguiram Hurter Sinclair e, para garantir um futuro aqueles que amava, ele faria qualquer coisa... Até casar-se com Sabrina Barrington uma mulher cujo mistério o enfurecia e empreguinava-lhe o coração e a alma!
Capítulo Um
Escócia, setembro, 1830
Maldita reportagem! O Times anunciou que você estaria aqui! Por que não está?
— Enquanto as palavras de Sabrina se perdiam ao vento, ela olhou para cima e não divisou nenhuma luminosidade nas janelas do segundo andar, tampouco nas do terceiro.
As quatro torres do castelo Keir desapareciam no denso nevoeiro, e a garoa fina umedecia o solo.
Musgos e sombras cobriam a enorme estrutura de pedra. Uma gaivota sobrevoava a residência. Devagar, Sabrina Beaumont baixou os olhos.
Apenas a luz da cozinha perturbava aquela solidão, a única evidência de vida na luxuosa propriedade.
A gentil governanta, uma solitária serva, atendera a porta, mas não sabia informar quando seu patrão chegaria. Socando a parede de pedra, Sabrina clamou para que lorde Kenilworth aparecesse.
— Todos estão comentando seu retorno de Barbados. Dizem que ele não confia em estranhos — Marga Beaumont afirmou.
Voltando-se à tia, Sabrina expressou seu desagrado.
— Acha que cometemos um erro por não enviarmos um bilhete? Talvez ele tenha dito à copeira que não atenderia visitantes inesperados.
— Ela pareceu sincera. De qualquer maneira, com ou sem erro, esperamos meses para cobrar a dívida. O Times o descreveu como sendo um homem justo e honesto. Certamente, ele irá compreender nosso lapso.
A personalidade bondosa relatada pelo jornal não permitiria que fossemos parar em abrigos para pobres.
A despeito daquelas palavras de esperança, a ausência do conde apertava o coração de Sabrina. O Times começava a perder a credibilidade na Europa.
— Talvez ele esteja com a amante...
— Amantes. — Sabrina tentava esconder as emoções tumultuadas que a perturbavam.
Sua tia Marga era uma pequena dama de trinta e oito anos que ainda conseguia manter-se na moda apesar da péssima situação financeira.
O vestido verde realçava os brilhantes olhos e os cabelos castanhos encaracolados ao redor das orelhas. Havia sido a estupenda criatividade de Marga que tornara a loja de roupas possível.
— Os boatos a respeito dele variam muito, Sabrina. Alguns dizem que é diferente do pai. Os jornais afirmam que estivera em Barbados. Ao menos monseigneur sustenta as amantes quando está ausente. Estou certa de que nos pagará — disse Marga, tentando confortar a sobrinha.
Irritada com os rumores, Sabrina levou a mão ao peito.
— Nós sustentamos suas amantes! O homem nos deve . dinheiro pelos vestidos que confeccionamos para elas!
— Um pouco grosseiro, mas é verdade.
Sem poder conter as emoções, Sabrina encostou na estrutura de pedra e ignorou a dor nas costas.
— Desculpe-me, tia, acho que me alterei. Também acredito que ele nos pagará tão logo saiba que a dívida existe. Só estou preocupada com os gêmeos. —- Fez uma pausa, pensando nos irmãos de quatro anos. — Estarão bem sem nós?
— Ah! Christine nunca tira os olhos do irmão, e você sabe quão zangado fica Alec quando o mimamos. Ele tem o físico frágil, mas é forte em espírito. Ficarão bem com Thomas por mais alguns dias. — Marga afagou a mão de Sabrina.
— Papai teve sorte ao conquistar a amizade de Thomas. Ele é sempre generoso quando se trata dos gêmeos. Mas nunca os deixamos sozinhos por tanto tempo. E se...