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14 de agosto de 2019

Os Condes não se casam com Criadas

Série Chad.
Ela pensou que tinha esquecido. Ele nunca parou de procurar.

Shein Dereford retorna à Inglaterra depois de passar quase dez anos nos serviços secretos. A guerra acabou, mas o Conde de Redcliff não pode permitir que os crimes de seu maior inimigo ficassem impunes. Em sua busca por justiça, ele se encontrará novamente com a mulher que não conseguiu tirar da cabeça, e que, apesar de não ser nada mais que uma traidora, roubou seu coração.
Hannah Lubrelle alcançou a paz que nunca pensou que poderia sentir. Mora com uma família que a ama e a respeita e quase conseguiu esquecer as calamidades que sofreu por causa do homem que a traiu e que quase a levou à morte. Agora, Hannah terá que encarar o passado e reconhecer que não foi sincera nem com seus entes queridos nem com seu próprio coração.

Capítulo Um

Nymphouse, Rochester. Janeiro de 1817.
Não havia um menino mais travesso que Eric Chadwick. Tinha um rosto angelical e adorável, idêntico, segundo sua avó, ao seu pai quando criança. Os cachos louros desarrumados caindo sobre sua cabeça dura e olhos cor de mel brilhantes e grandes como um oceano de trigo, eram a personificação da ternura e bondade. Mas as aparências enganam, se bem que um observador casual poderia confundi-lo com um anjo.
Os que o conheciam sabiam que por suas veias corria a obstinação e imprudência dos Chadwick, embora houve apenas um membro da família em particular com quem todos o comparavam quando descobriam uma de suas bravatas: sua tia Megan, Lady Riversey. “Alguém deveria dizer a Megan que não ensine a meu filho a roubar dinheiro dos bolsos alheios”, se lamentava Marcus Chadwick frequentemente, sem saber que aquela habilidade em especial foi ensinada pelo marido de sua irmã, o marquês de Riversey. Não há como negar que o casal de marqueses incitava o espírito rebelde do jovem Eric, mas havia de admitir que a engenhosidade e a imprudência viessem do sangue do garoto.
Naquele preciso momento, a bendita criatura voltou a fugir do seu quarto com absoluto sigilo e sem que a pobre babá, Judith se desse conta, até passada a hora do jantar. Não havia ido muito longe. Era muito improvável que tivesse abandonado a casa, ainda mais levando em conta que naquela noite se celebrava uma festa em Nymphouse e que o barulho e a algazarra em qualquer de suas formas encantavam ao jovem Eric. Estava na festa. Escondido em algum de seus esconderijos secretos. 
Por sorte, Hanna Lubrelle conhecia a todos; desde a fenda na escada do quintal traseiro até o armário do hall de entrada no qual ele se metia para observar quem ia e vinha. Sem esquecer as áreas embaixo das camas ou as zonas ocultas detrás das cortinas. 
O senhor Eric era um Mestre do escape, mas os eficientes serviçais de Nymphouse estavam mais que qualificados na busca de fugitivos. Na missão daquela noite participaram Sam e Lucien, dois jovens lacaios que se ocupavam de inspecionar os banheiros do salão e o trajeto até a cozinha; Sílvia e Edith que ao mesmo tempo em que retiravam as louças sujas das mesas, aproveitavam para levantar as toalhas e espiar embaixo; também John e Matt, os garçons que passeavam pelo salão com suas bandejas em uma mão e com a outra iam vasculhando as cortinas, buscando atrás das poltronas e sofás que haviam sido encostados nas paredes e olhando pelas janelas para terem certeza de que o jovem não houvesse escapado para os jardins.
O corpo da casa de Nymphouse contava com ao menos cem pessoas para garantir que os estândares dos serviços seguissem altos para os convidados da festa de seus empregadores. Vigiando o desenrolar da missão, estava a chefe de operações, a própria dama de companhia da viscondessa de Collington: Hannah Lubrelle, a quem deveriam de sinalizar com os olhos quando capturassem o jovem fugitivo. Até o momento a busca havia sido falha, mas a noite era uma criança e Eric podia estar entretido no meio do caminho do seu quarto ao salão, pois também era de conhecimento geral que ele tinha uma tendência de se distrair por qualquer coisa. 
Por isso a babá e a ama das chaves, McPeere, e outro par de damas vasculhavam o resto da casa. Hannah poderia estar incomoda de ter que interromper seu descanso para ir em busca do catarrento, mas ela adorava este menino com toda sua alma, e além do mais ela se divertia muito nessas missões de capturas. Sem mencionar que a cara de mal humor do Lorde Eric — para Hannah, todos seus patrões eram lordes ou ladys, seja se tivessem o título ou não — era tão terna e engraçada quando o encontravam que ela sempre torcia para ser a captora. Hannah achava saber o que era o amor, tinha experimentado em diferentes formas, mas nunca havia imaginado que chegaria a sentir aquela adoração incondicional por um bebê que não fosse seu. 
O que a unia a Eric Chadwick era pura e indolente devoção. Para dizer a verdade, o que sentia por todos os Collingtons era um afeto que escapava da sua compreensão.








Série Chad.
2 - A Pequena Malone
3 - Os Condes não se casam com Criadas
Série concluída

30 de julho de 2019

A Pequena Malone

Série Chad.
A honorável senhorita Lauren Malone perdeu tudo o que era honrado. 

Ela se encontra à beira da ruína graças aos vícios de seu pai, o Visconde Holbrook, que a arrastou para uma vida de crime. Sim, a honorável senhorita Malone tornou-se uma ladra que ninguém pode salvar de ser repudiada pela sociedade londrina, nem mesmo sua melhor amiga intrépida e imprudente.
Para surpresa de Lauren, o resgate virá da pessoa que menos poderia esperar e sob uma oferta que ela será forçada a rejeitar. 
Lauren Malone ainda é orgulhosa demais para aceitar a proposta do visconde de Collington, Marcus Chadwick, o Anjo de Londres, o homem que ela ama mais do que ela mesma.

Capítulo um

Londres, maio 1813.
Lauren Malone lembrou o momento exato em que, com toda certeza, sabia que seu pai não a amava.
Foi aquela noite fatídica, dois anos atrás, quando o Dr. Lambert disse a eles que não havia chance de que Lady Holbrook, sua mãe, sobrevivesse. Se ela fechasse os olhos, ainda podia sentir claramente o impacto daquelas palavras, a dor tão devastadora que fizeram sentir em seu peito.
Não é que não tinha grandes esperanças, porque era sabido que muito poucas pessoas superavam a tuberculose, mas uma coisa era ter o conhecimento vago de que algo não tem solução, e outra bem diferente é enfrentar a beira do abismo, onde podia sentir a perda como se fosse uma pedra grande que a empurrasse para o vazio.
Lauren sofria naqueles dias uma fadiga extrema devido às longas horas que velava o sono febril de Aileen Malone, enquanto aquela odiosa epidemia consumia seu último suspiro de vida, mas forçou-se a levantar da cama da paciente para descer e ir ao encontro do seu pai para informá-lo do anúncio do médico.
Durante as três semanas desde que sua mãe adoeceu, Lorde Holbrook tinha permanecido discretamente em segundo plano.
A princípio, ele se ofereceu para passar algumas noites na cama da mulher doente, mas à medida que a lucidez de sua esposa diminuía devido à febre, a passividade do visconde aumentava, até chegar ao ponto em que ele preferia passar as noites bebendo em sua biblioteca do que ao lado da mulher que ele deveria ter amado.
E ele a amara, disso Lauren não tinha dúvida, porque os poucos momentos de humanidade que ela havia testemunhado naquele ser distante e arrogante que era seu pai foram na companhia de sua perfeita e adorada esposa. 
Na verdade, pode-se dizer que eles eram uma família feliz, até aquele dia, porque, embora Lauren não tivesse o afeto de seu pai, o casamento de Malone fora muito bom, e ela recebera todo o amor que uma mãe poderia dar para sua filha.
Com um passo hesitante e a dor enchendo sua alma, Lauren entrou naquela noite, na atmosfera sombria e carregada em que se tornou a biblioteca, desde que seu pai passou a comer, beber e passar as noites lá.
Encontrou-o espalhado na poltrona, em frente a uma chaminé que não havia tomado cuidado para continuar acesa e com o eterno copo de licor pendurado descuidadamente em sua mão.
- O médico diz que devemos dizer adeus à mamãe...- Lauren anunciou em uma voz rouca, resultado do seu intenso cansaço. - Ele duvida que sobreviva esta noite.
Lorde Holbrook não mostrou nenhum sinal de ter ouvido sua filha. Ele permaneceu distraído, olhando para o buraco vazio na lareira sem mover um único músculo.
- Pai...- Lauren insistiu.
- Eu ouvi você - Ele respondeu.
Gideon Malone levantou o corpo gorducho e, segurando a mão no console da lareira, terminou de beber com calma o conteúdo de seu copo.
Ele era um homem não muito alto e com sinais visíveis de desmazelo absoluto. Ele tinha cabelos castanhos médios com alguns cachos nas costas e um leve toque de calvície na testa, que se espalhara com a maturidade. Os olhos eram verdes, mas com uma espécie de humor aguado que nunca os tornara particularmente bonitos. O nariz era plano e os lábios finos. Não se pode dizer que ele tinha um rosto bonito, embora Lauren soubesse que em sua juventude ele tinha charme suficiente para fazer sua mãe apaixonar-se por ele.
Ela havia herdado a forma oval de seu rosto e a estrutura bastante robusta para uma jovem, que transformou Lauren Malone em uma mulher voluptuosa; o que significava que ela era peituda e tinha as nádegas avantajadas: dois traços infinitamente odiados por ela.
Quando Lorde Holbrook terminou de beber, colocou o copo sobre a lareira e virou-se para sair do quarto. Ele passou por sua filha, parou e a observou por um momento. Sem ênfase, sem paixão, sem qualquer emoção, ele disse:
- Se pelo menos você tivesse nascido homem, eu teria algum motivo para viver. Mas não, até nisso me desapontou. Vá dormir ou para onde você quiser ir. Eu vou ficar com ela.
Não que Lauren não tivesse notado a falta de afeição do homem distante que convivia e que nada havia sentido por ela, mas ela sempre se consolava com a certeza de que Lorde Holbrook era uma pessoa desprovida de emoções alegres, possuidora de uma personalidade áspera, rude e introvertida.
Ela havia se convencido de que esse comportamento nada tinha a ver com qualquer tipo de aversão à ela, mas que era algo que seu pai não podia controlar, que era inato ao seu jeito de ser. Uma casca dura e amarga que só sua mãe, filha frágil, mas corajosa de um conde irlandês, conseguira penetrar.








Série Chad.
1 - A Nobre Ladra
2 - A Pequena Malone
Série concluída


28 de agosto de 2017

A Nobre Ladra

Série Chad.


Quando o coração lhe diz que quer uma mulher e seus princípios lhe diz que se mantenha afastado...

Lucas Gordon, marquês de Riversey, sabe que a atração que sente por Megan não vai desaparecer depois de cinco anos de sofrimento calado. 
Talvez tenha chegado o momento de deixar de espantar seus pretendentes e cortejá-la publicamente.
Quando a maior loucura é tentar esquecer um amor...
Lady Megan Chadwich nunca teria esperado que a aventura mais intrépida e arriscada de sua vida a lançasse nos braços do homem pelo qual acreditava sentir um antipático afeto.
Quando ambos se rendem a doce paixão que os atormenta, as misteriosas origens de Lucas irão se interpor no que poderia ser o compromisso mais promissor da temporada em Londres. Poderão Lucas e Megan superar os escândalos que ameaçam separá-los para sempre?

Capítulo Um

Londres, 2 de maio de 1813.
Era insuportável o chacoar e o rangido que fazia a maltratada carruagem que os levavam de volta à cidade.
Tinham passado uma divertida noite em uma casa de jogo nos arredores, o Lukie’s, onde normalmente às quintas-feiras eram as noites dedicadas ao pôquer.
Não que seu transporte fosse vulgar ou ruim, mas deveria ser utilizado somente para breves passeios por terreno mais firme da cidade, e para a delicada compleição das mulheres. 
O espaço era exíguo, e os seus elegantes enfeites não eram do seu gosto, mas também não poderia exigir mais: a cavalo dado...
Sua primeira ideia foi usar um carro de aluguel, uma daquelas carruagens de quatro portas, puxadas por quatro cavalos, que os ingleses tinham começado a importar da Alemanha e que eram, além de espaçosas, luxuosas e seguras; mas sua tia Charlotte insistira em lhe oferecer naquela noite, sua elegante carruagem, um landau muito feminino, depois que o seu próprio veículo tivera o eixo traseiro partido, bem no centro do distrito comercial de Strand, em um pitoresco e frustrante espetáculo, na tarde anterior.
De modo que ali estava, em uma coquete carruagem de senhora, puxada por dois elegantes potros baios... o sonho de qualquer princesinha.
Lucas Gordon, marquês de Riversey, olhava entretido como a cabeça de seu primo bamboleava contra o lado da carruagem para voltar a se erguer contra o respaldo do assento e cair poucos segundos depois na mesma posição. Em qualquer momento, o pequeno receptáculo iria se desmontar como um castelo de naipes e os deixariam sentados sobre as rodas; porém, isso não afetava em absoluto o plácido descanso de seu jovem acompanhante que, há mais de dez minutos, mantinha aquela pequena batalha contra a gravidade, sem que isso impedisse algum sonoro ronco entre cada balanço.
Parecia mais que espantoso que o jovem pudesse dormir naquelas condições; mas, para ser justo, devia reconhecer que tudo o que dizia respeito ao seu acompanhante parecia surpreendente e refrescante. Harold Beiling era um jovem... feliz. Completa e absolutamente feliz.
Quando sua mãe lhe comunicara a visita de seu parente da área rural, esteve a ponto de fingir alguma doença contagiosa para evitar o lance de ter que bancar a babá. Mas a marquesa viúva, audaz como poucas mulheres no mundo, se antecipara a qualquer de suas desculpas e ameaçara se unir à visita durante várias semanas.
Adorava sua mãe, mas preferia desfrutar de sua companhia na fazenda que a família possuía no campo, no lugar de tê-la vigiando suas atividades de solteiro em Londres. Sim, seria preferível que ela se mantivesse em Riversey Cottage cuidando de seu irmão mais novo, que terminava seus estudos em Eton.
Não que não tivesse vontade de vê-los; pelo contrário, estava pensando lhes fazer uma visita naquela semana, pois sentia falta deles. Mas as visitas de Lucas duravam apenas alguns dias e as de sua mãe se prolongavam por semanas. De modo que tinha escolhido o mal menor e aceitara contrariado, a estadia de Harold em sua residência de Mayfair.
Mas, para sua surpresa, o jovem fazendeiro tinha se mostrado uma companhia entretida. E bem sabia Deus que lhe fazia falta alguma distração em meio da aborrecida temporada londrina.

Série Chad.
1 - A Nobre Ladra
2 - A Pequena Malone
Série concluída