Ela pensou que tinha esquecido. Ele nunca parou de procurar.
Shein Dereford retorna à Inglaterra depois de passar quase dez anos nos serviços secretos. A guerra acabou, mas o Conde de Redcliff não pode permitir que os crimes de seu maior inimigo ficassem impunes. Em sua busca por justiça, ele se encontrará novamente com a mulher que não conseguiu tirar da cabeça, e que, apesar de não ser nada mais que uma traidora, roubou seu coração.
Hannah Lubrelle alcançou a paz que nunca pensou que poderia sentir. Mora com uma família que a ama e a respeita e quase conseguiu esquecer as calamidades que sofreu por causa do homem que a traiu e que quase a levou à morte. Agora, Hannah terá que encarar o passado e reconhecer que não foi sincera nem com seus entes queridos nem com seu próprio coração.
Capítulo Um
Nymphouse, Rochester. Janeiro de 1817.
Não havia um menino mais travesso que Eric Chadwick. Tinha um rosto angelical e adorável, idêntico, segundo sua avó, ao seu pai quando criança. Os cachos louros desarrumados caindo sobre sua cabeça dura e olhos cor de mel brilhantes e grandes como um oceano de trigo, eram a personificação da ternura e bondade. Mas as aparências enganam, se bem que um observador casual poderia confundi-lo com um anjo.
Os que o conheciam sabiam que por suas veias corria a obstinação e imprudência dos Chadwick, embora houve apenas um membro da família em particular com quem todos o comparavam quando descobriam uma de suas bravatas: sua tia Megan, Lady Riversey. “Alguém deveria dizer a Megan que não ensine a meu filho a roubar dinheiro dos bolsos alheios”, se lamentava Marcus Chadwick frequentemente, sem saber que aquela habilidade em especial foi ensinada pelo marido de sua irmã, o marquês de Riversey. Não há como negar que o casal de marqueses incitava o espírito rebelde do jovem Eric, mas havia de admitir que a engenhosidade e a imprudência viessem do sangue do garoto.
Naquele preciso momento, a bendita criatura voltou a fugir do seu quarto com absoluto sigilo e sem que a pobre babá, Judith se desse conta, até passada a hora do jantar. Não havia ido muito longe. Era muito improvável que tivesse abandonado a casa, ainda mais levando em conta que naquela noite se celebrava uma festa em Nymphouse e que o barulho e a algazarra em qualquer de suas formas encantavam ao jovem Eric. Estava na festa. Escondido em algum de seus esconderijos secretos.
Por sorte, Hanna Lubrelle conhecia a todos; desde a fenda na escada do quintal traseiro até o armário do hall de entrada no qual ele se metia para observar quem ia e vinha. Sem esquecer as áreas embaixo das camas ou as zonas ocultas detrás das cortinas.
O senhor Eric era um Mestre do escape, mas os eficientes serviçais de Nymphouse estavam mais que qualificados na busca de fugitivos. Na missão daquela noite participaram Sam e Lucien, dois jovens lacaios que se ocupavam de inspecionar os banheiros do salão e o trajeto até a cozinha; Sílvia e Edith que ao mesmo tempo em que retiravam as louças sujas das mesas, aproveitavam para levantar as toalhas e espiar embaixo; também John e Matt, os garçons que passeavam pelo salão com suas bandejas em uma mão e com a outra iam vasculhando as cortinas, buscando atrás das poltronas e sofás que haviam sido encostados nas paredes e olhando pelas janelas para terem certeza de que o jovem não houvesse escapado para os jardins.
O corpo da casa de Nymphouse contava com ao menos cem pessoas para garantir que os estândares dos serviços seguissem altos para os convidados da festa de seus empregadores. Vigiando o desenrolar da missão, estava a chefe de operações, a própria dama de companhia da viscondessa de Collington: Hannah Lubrelle, a quem deveriam de sinalizar com os olhos quando capturassem o jovem fugitivo. Até o momento a busca havia sido falha, mas a noite era uma criança e Eric podia estar entretido no meio do caminho do seu quarto ao salão, pois também era de conhecimento geral que ele tinha uma tendência de se distrair por qualquer coisa.
Por isso a babá e a ama das chaves, McPeere, e outro par de damas vasculhavam o resto da casa. Hannah poderia estar incomoda de ter que interromper seu descanso para ir em busca do catarrento, mas ela adorava este menino com toda sua alma, e além do mais ela se divertia muito nessas missões de capturas. Sem mencionar que a cara de mal humor do Lorde Eric — para Hannah, todos seus patrões eram lordes ou ladys, seja se tivessem o título ou não — era tão terna e engraçada quando o encontravam que ela sempre torcia para ser a captora. Hannah achava saber o que era o amor, tinha experimentado em diferentes formas, mas nunca havia imaginado que chegaria a sentir aquela adoração incondicional por um bebê que não fosse seu.
O que a unia a Eric Chadwick era pura e indolente devoção. Para dizer a verdade, o que sentia por todos os Collingtons era um afeto que escapava da sua compreensão.
Não havia um menino mais travesso que Eric Chadwick. Tinha um rosto angelical e adorável, idêntico, segundo sua avó, ao seu pai quando criança. Os cachos louros desarrumados caindo sobre sua cabeça dura e olhos cor de mel brilhantes e grandes como um oceano de trigo, eram a personificação da ternura e bondade. Mas as aparências enganam, se bem que um observador casual poderia confundi-lo com um anjo.
Os que o conheciam sabiam que por suas veias corria a obstinação e imprudência dos Chadwick, embora houve apenas um membro da família em particular com quem todos o comparavam quando descobriam uma de suas bravatas: sua tia Megan, Lady Riversey. “Alguém deveria dizer a Megan que não ensine a meu filho a roubar dinheiro dos bolsos alheios”, se lamentava Marcus Chadwick frequentemente, sem saber que aquela habilidade em especial foi ensinada pelo marido de sua irmã, o marquês de Riversey. Não há como negar que o casal de marqueses incitava o espírito rebelde do jovem Eric, mas havia de admitir que a engenhosidade e a imprudência viessem do sangue do garoto.
Naquele preciso momento, a bendita criatura voltou a fugir do seu quarto com absoluto sigilo e sem que a pobre babá, Judith se desse conta, até passada a hora do jantar. Não havia ido muito longe. Era muito improvável que tivesse abandonado a casa, ainda mais levando em conta que naquela noite se celebrava uma festa em Nymphouse e que o barulho e a algazarra em qualquer de suas formas encantavam ao jovem Eric. Estava na festa. Escondido em algum de seus esconderijos secretos.
Por sorte, Hanna Lubrelle conhecia a todos; desde a fenda na escada do quintal traseiro até o armário do hall de entrada no qual ele se metia para observar quem ia e vinha. Sem esquecer as áreas embaixo das camas ou as zonas ocultas detrás das cortinas.
O senhor Eric era um Mestre do escape, mas os eficientes serviçais de Nymphouse estavam mais que qualificados na busca de fugitivos. Na missão daquela noite participaram Sam e Lucien, dois jovens lacaios que se ocupavam de inspecionar os banheiros do salão e o trajeto até a cozinha; Sílvia e Edith que ao mesmo tempo em que retiravam as louças sujas das mesas, aproveitavam para levantar as toalhas e espiar embaixo; também John e Matt, os garçons que passeavam pelo salão com suas bandejas em uma mão e com a outra iam vasculhando as cortinas, buscando atrás das poltronas e sofás que haviam sido encostados nas paredes e olhando pelas janelas para terem certeza de que o jovem não houvesse escapado para os jardins.
O corpo da casa de Nymphouse contava com ao menos cem pessoas para garantir que os estândares dos serviços seguissem altos para os convidados da festa de seus empregadores. Vigiando o desenrolar da missão, estava a chefe de operações, a própria dama de companhia da viscondessa de Collington: Hannah Lubrelle, a quem deveriam de sinalizar com os olhos quando capturassem o jovem fugitivo. Até o momento a busca havia sido falha, mas a noite era uma criança e Eric podia estar entretido no meio do caminho do seu quarto ao salão, pois também era de conhecimento geral que ele tinha uma tendência de se distrair por qualquer coisa.
Por isso a babá e a ama das chaves, McPeere, e outro par de damas vasculhavam o resto da casa. Hannah poderia estar incomoda de ter que interromper seu descanso para ir em busca do catarrento, mas ela adorava este menino com toda sua alma, e além do mais ela se divertia muito nessas missões de capturas. Sem mencionar que a cara de mal humor do Lorde Eric — para Hannah, todos seus patrões eram lordes ou ladys, seja se tivessem o título ou não — era tão terna e engraçada quando o encontravam que ela sempre torcia para ser a captora. Hannah achava saber o que era o amor, tinha experimentado em diferentes formas, mas nunca havia imaginado que chegaria a sentir aquela adoração incondicional por um bebê que não fosse seu.
O que a unia a Eric Chadwick era pura e indolente devoção. Para dizer a verdade, o que sentia por todos os Collingtons era um afeto que escapava da sua compreensão.
Série Chad.