A diferença de classes, ciúmes, uma mãe manipuladora e uma suposta traição abalarão o romance apaixonado que os protagonistas deste romance vivem.
Elizabeth Sommington é a filha do mordomo de Colchester. Graças à apreciação que o falecido aristocrata professava a sua família pôde estudar em uma escola de prestígio para moças. Agora ela retorna como uma linda mulher para ser a governanta do filho do conde atual, de quem ela mal se lembra de sua infância. A atração entre Lord Vincent e Elizabeth é imediata, mas por diferentes razões, ambos lutam contra ela sem conseguir superá-la. Será que eles finalmente conseguirão resolver as dúvidas e a desconfiança que ambos sentem?
Capítulo Um
Vincent Pridetong, conde do Colchester, apertou ligeiramente a mão de seu filho; este olhava com os olhos muito abertos como jogavam terra sobre o ataúde de sua mãe, sem saber o que estava acontecendo. Vincent tragou saliva e fechou os olhos por um momento, afligido pelo pesar.
Sua esposa tinha sucumbido à escarlatina e ele não sabia como iria explicar sua morte ao filho. Christine tinha sido uma mãe dedicada e carinhosa, sem dúvida alguma sua ausência seria muito dura para o pequeno Charles aguentar. Nesse momento sentiu sobre ele os olhares dos que assistiam ao enterro, e até mesmo os soluços de sua sogra pareciam ter se interrompido.
Levantou a vista do implacável buraco que parecia querer absorvê-lo e deu de cara com o olhar penetrante de sua mãe; esta fez um leve gesto, e então reparou na rosa amarela que apertava em sua mão direita. As rosas amarelas tinham sido as preferidas de Christine e recordar esse pequeno detalhe fez com que uma pontada de dor atravessasse seu peito, surpreendendo-o por sua intensidade.
Apertando a mandíbula e largando com suavidade os dedos de seu filho, enroscados nos seus, aproximou-se até a borda sob o olhar compassivo dos presentes e, depois de beijar as aveludadas pétalas, jogou a rosa sobre o escuro ataúde. O coveiro continuou jogando pás de terra enquanto ele permanecia impassível, observando como o ataúde ia desaparecendo da vista, engolido pelo manto de terra.
Não se deu conta de que os assistentes começavam a se afastar, tão pouco foi consciente de que a senhora Sommington pegava Charles e o afastava do sombrio cenário, nem sequer pareceu reparar nas grossas e frias gotas de chuva que começaram a cair cada vez com maior intensidade. Algumas horas mais tarde, e após ter tomado um longo banho quente, parecia ter saído de seu estupor.
Sentado na biblioteca, na poltrona preferida de seu pai, vestido com comodidade e com uma generosa taça de brandy nas mãos se sentia com a serenidade suficiente para pensar no futuro que se apresentava ante ele. A entrada de sua mãe provocou nele uma leve careta de contrariedade.
— Sirva-me uma taça. Vincent deu um longo gole em sua taça antes de levantar-se e fazer o que sua mãe lhe pediu. A condessa sentou-se em um divã frente à poltrona que tinha ocupado seu filho, deu um gole à taça que este lhe tinha preparado e em seguida o olhou fixamente, cravando seus olhos verde azeitona no rosto pálido de seu único filho.
—O que o preocupa? — Vincent esboçou um sorriso malicioso ao ouvir a pergunta.
—Acabo de perder a minha esposa e o que é ainda pior, meu filho perdeu a sua mãe, realmente tenho que explicar o que me preocupa? Sua mãe ignorou o sarcasmo e Vincent se deu conta de que sempre tinha invejado a capacidade para abstrair-se de tudo aquilo que pudesse importunála. Aos seus sessenta e sete anos, a condessa viúva mantinha um físico invejável; alta e magra, cabelo acinzentados, olhos e pele azeitonada, parecia tão firme como uma colina. Vincent não recordava tê-la visto perder a compostura jamais, nem sequer depois da morte de seu pai.
—Encontrará outra esposa logo. É o conde de Colchester e se por acaso isto não for suficiente, parece que as mulheres gostam bastante de você.
—Não tenho a menor intenção de voltar a me casar.
—Oh, vamos! Isso diz agora porque acaba de enterrar Christine, em poucos meses mudará de ideia. Vincent apertou a mandíbula e se obrigou a contar até dez antes de responder.
—Não necessito de uma esposa, já tenho um herdeiro.
—Um herdeiro é pouco…