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24 de abril de 2022

Renascer ao teu lado



Repudiada por sua família após um evento dramático, 

Ellie não tem escolha a não ser aceitar a vontade de seus pais e ir para outro país, onde se casará com um homem que não conhece. Assustada, mas cheia de esperança, ela enfrentará seu destino com incrível coragem e tentará forjar uma nova vida ao lado de seu novo marido, que desperta nela sentimentos que nunca imaginou ser possível. Aidan deixou para trás um passado duro para embarcar em uma nova aventura e assumir o controle de sua existência. Para isso, ele precisa de uma mulher forte e trabalhadora para ajudá-lo a construir seu futuro. O que ele não esperava era encontrar uma senhora refinada e delicada, que não tem nada a ver com ele. Mas Ellie não é tão recatada e fraca quanto parece, e esse desejo que desperta em cada poro de sua pele o desarma completamente, fazendo-o ansiar por descobrir todos os seus segredos

Capítulo Um

O céu amanheceu cheio de densas nuvens cinzentas que ameaçavam uma chuva iminente; Furiosas rajadas de vento balançavam as copas das árvores de um lado para o outro, como se de alguma forma antecipassem a dança macabra que aconteceria em poucos minutos. Parecia que o dia havia se juntado ao humor dos presentes na praça, que esperavam em silêncio expectante que os guardas trouxessem o réu enquanto se enrolavam em seus xales e casacos e expeliam baforadas de vapor, parecendo pequenas chaminés. 
Um tanto afastada da multidão, uma carruagem negra estava parada ao lado da praça. Dentro dele, Ellie Lindbell tentou distrair sua mente do que estava para acontecer, mas a verdade é que as memórias a assaltavam em ondas fazendo com que tivesse que suprimir a vontade de vomitar que elas causavam. A presença imponente e rígida de seu pai, sentado ao lado dela, ajudou-a a manter um controle que de outra forma teria perdido há muito tempo. 
Todos os Lindbells estavam naquela carruagem, e havia uma espécie de fervor justo em todos os seus rostos que ela não conseguia sentir, no entanto. Ela implorou para ser dispensada de assistir ao enforcamento, mas seus apelos foram em vão, pois seu pai foi inflexível. 
— Precisamos estar presentes, somos a parte ofendida e devemos garantir que a justiça seja feita. — Ele sentenciou, indiferente às lágrimas de sua filha. Ellie queria lembrá-lo de que ela era a única parte ofendida e que não desejava, em hipótese alguma, assistir à execução. 
Mas não era de sua natureza replicar às ordens ou desejos de seus pais, então, engolindo os soluços que lutavam por sair de sua garganta, assentiu silenciosamente aceitando a vontade do pai. 
Agora ela tremia visivelmente, e não por causa do vento impiedoso que soprava pela janela da carruagem. A possibilidade de ver seu rosto novamente a deixou arrepiada e um estranho nó de terror estava se formando em sua garganta, tornando difícil para ela respirar normalmente. Pensou em fechar os olhos, de alguma forma se abstraindo do espetáculo macabro, mas sabia que seu pai não permitiria: eles tinham vindo ali para observar a morte por enforcamento de Geoffrey O'Rourke e não iriam embora até que ele tivesse exalado seu último suspiro. 
Um rufar de tambores fez a multidão olhar para trás, para o prédio onde as celas estavam localizadas e, como se fosse uma coreografia, ouviu-se dezenas de gargantas prendendo a respiração. Na carruagem, Ellie, incapaz de evitá-lo, soltou um soluço enquanto escondia o rosto nas mãos. Só havia desejado nunca voltar a ver aquele homem novamente, mas seu pai não iria conceder-lhe essa graça. 
— Ellie, comporte-se como uma Lindbell e não nos envergonhe mais. 
— Mas Giles, querido, ninguém saberá se olhar ou não. — A voz de sua mãe soou suplicante. 
— Eu saberei.

12 de março de 2019

Minha adorável Elizabeth

A diferença de classes, ciúmes, uma mãe manipuladora e uma suposta traição abalarão o romance apaixonado que os protagonistas deste romance vivem.

Elizabeth Sommington é a filha do mordomo de Colchester. Graças à apreciação que o falecido aristocrata professava a sua família pôde estudar em uma escola de prestígio para moças. Agora ela retorna como uma linda mulher para ser a governanta do filho do conde atual, de quem ela mal se lembra de sua infância. A atração entre Lord Vincent e Elizabeth é imediata, mas por diferentes razões, ambos lutam contra ela sem conseguir superá-la. Será que eles finalmente conseguirão resolver as dúvidas e a desconfiança que ambos sentem? 

Capítulo Um

Vincent Pridetong, conde do Colchester, apertou ligeiramente a mão de seu filho; este olhava com os olhos muito abertos como jogavam terra sobre o ataúde de sua mãe, sem saber o que estava acontecendo. Vincent tragou saliva e fechou os olhos por um momento, afligido pelo pesar. 
Sua esposa tinha sucumbido à escarlatina e ele não sabia como iria explicar sua morte ao filho. Christine tinha sido uma mãe dedicada e carinhosa, sem dúvida alguma sua ausência seria muito dura para o pequeno Charles aguentar. Nesse momento sentiu sobre ele os olhares dos que assistiam ao enterro, e até mesmo os soluços de sua sogra pareciam ter se interrompido. 
Levantou a vista do implacável buraco que parecia querer absorvê-lo e deu de cara com o olhar penetrante de sua mãe; esta fez um leve gesto, e então reparou na rosa amarela que apertava em sua mão direita. As rosas amarelas tinham sido as preferidas de Christine e recordar esse pequeno detalhe fez com que uma pontada de dor atravessasse seu peito, surpreendendo-o por sua intensidade. 
Apertando a mandíbula e largando com suavidade os dedos de seu filho, enroscados nos seus, aproximou-se até a borda sob o olhar compassivo dos presentes e, depois de beijar as aveludadas pétalas, jogou a rosa sobre o escuro ataúde. O coveiro continuou jogando pás de terra enquanto ele permanecia impassível, observando como o ataúde ia desaparecendo da vista, engolido pelo manto de terra. 
Não se deu conta de que os assistentes começavam a se afastar, tão pouco foi consciente de que a senhora Sommington pegava Charles e o afastava do sombrio cenário, nem sequer pareceu reparar nas grossas e frias gotas de chuva que começaram a cair cada vez com maior intensidade. Algumas horas mais tarde, e após ter tomado um longo banho quente, parecia ter saído de seu estupor. 
Sentado na biblioteca, na poltrona preferida de seu pai, vestido com comodidade e com uma generosa taça de brandy nas mãos se sentia com a serenidade suficiente para pensar no futuro que se apresentava ante ele. A entrada de sua mãe provocou nele uma leve careta de contrariedade. 
— Sirva-me uma taça. Vincent deu um longo gole em sua taça antes de levantar-se e fazer o que sua mãe lhe pediu. A condessa sentou-se em um divã frente à poltrona que tinha ocupado seu filho, deu um gole à taça que este lhe tinha preparado e em seguida o olhou fixamente, cravando seus olhos verde azeitona no rosto pálido de seu único filho.
—O que o preocupa? — Vincent esboçou um sorriso malicioso ao ouvir a pergunta. 
—Acabo de perder a minha esposa e o que é ainda pior, meu filho perdeu a sua mãe, realmente tenho que explicar o que me preocupa? Sua mãe ignorou o sarcasmo e Vincent se deu conta de que sempre tinha invejado a capacidade para abstrair-se de tudo aquilo que pudesse importunála. Aos seus sessenta e sete anos, a condessa viúva mantinha um físico invejável; alta e magra, cabelo acinzentados, olhos e pele azeitonada, parecia tão firme como uma colina. Vincent não recordava tê-la visto perder a compostura jamais, nem sequer depois da morte de seu pai. 
—Encontrará outra esposa logo. É o conde de Colchester e se por acaso isto não for suficiente, parece que as mulheres gostam bastante de você. 
—Não tenho a menor intenção de voltar a me casar.
—Oh, vamos! Isso diz agora porque acaba de enterrar Christine, em poucos meses mudará de ideia. Vincent apertou a mandíbula e se obrigou a contar até dez antes de responder. 
—Não necessito de uma esposa, já tenho um herdeiro. 
—Um herdeiro é pouco…

4 de agosto de 2018

O Fim do Inverno

Silvia e John cresceram rodeados pela miséria e pela pobreza em uma favela miserável em Londres.

No meio de tantas dificuldades, entre ambos, surgirá um amor puro e nobre, que lhes dará asas para tentar sair da penúria que os rodeia.
Mas, então, o pai da moça, a vende para um nobre que a deseja. John, amargurado e triste pelo desaparecimento de Silvia, vai se tornar um homem duro e implacável, que consegue fazer fortuna com a prostituição e jogos de azar. Anos mais tarde, reencontram-se novamente, mas...Poderá o amor que uma vez os uniu, superar os obstáculos, que agora se interpõem entre eles?

Capítulo Um

Silvia sentiu que emergia dos braços doces de um sonho bom, quando começou a notar o desconforto e a dor. O frio e a fome, somados aos dedos rudes de seu pai, que se cravavam em sua pele macia, fizeram-na compreender que um novo dia começava. Lentamente, abriu os olhos e espreguiçou-se devagar, resistindo à ideia de levantar do colchão que compartilhava com sua família.
— Acorde já! — Seu pai não deixava de cutucá-la. — Cada dia tornase mais preguiçosa! 
Silvia levantou-se, e observou que, com exceção de Henry, seu irmão mais novo, todos já estavam de pé. Sua mãe esquentava algo no fogão, e seus irmãos mais velhos, Joseph e Charlie, apressavam-na de maneira brusca e sem consideração.
Olhou-os com desagrado, e teve o prazer de comprovar como Charlie baixava o olhar, envergonhado. No entanto, não podia culpá-los, seu pai costumava insultar e bater em sua esposa pelos motivos mais absurdos, e seus irmãos haviam aprendido rapidamente a não tentar defendê-la, já que assim, os insultos e os golpes se voltavam contra eles, o que aumentava o sofrimento da mulher. Silvia aproximou-se da figura pálida que, imune às recriminações de seus filhos mais velhos, mexia, na panela, o que parecia ser um mingau, e depositou um beijo suave em sua bochecha. Os olhos tristes e cansados da mulher desviaram-se para sua filha, e por um instante, uma faísca de alegria brilhou através deles.
— Posso ajudá-la, mamãe? — Não, querida, já estou quase terminando. A voz de seu pai, rouca pela bebida, interrompeu as mulheres.
— Querem calar a boca? Nunca vi duas mulheres mais inúteis que vocês! Com um olhar de alívio pateticamente evidente, a mãe de Silvia tirou a panela do fogo. Todos se sentaram ao redor da única mesa que havia no casebre de tábuas em que viviam, nos arredores de St. Katharine Docks, em East End. Enquanto todos comiam da própria panela, Silvia observava... Sua mãe tinha o cabelo emaranhado e grisalho, preso em um coque.
Devia ter sido bonita em outros tempos, seus olhos eram verdes, que ela havia herdado, e a fineza de seus traços, atestava esse fato. Mas agora, rugas profundas de tristeza e preocupação, sulcavam suas bochechas e a testa, seu olho esquerdo permanecia meio fechado, consequência de um soco desferido por seu pai. Suas mãos tremiam ligeiramente, como sempre, desde que Silvia podia recordar, e mantinha os olhos baixos, tentando passar despercebida.
Ela ainda lembrava, que até alguns anos atrás, sua mãe costumava se sentar junto a ela, para contar histórias estranhas e maravilhosas, de um livro que chamava de “O Livro Sagrado”. Eram histórias sobre meninos que matavam gigantes com uma funda, de um filho que havia abandonado sua casa, e era recebido de braços abertos, ou de um jovem que havia sobrevivido durante quarenta dias dentro de uma baleia. 
Também tirava seus piolhos, e desembaraçava seu cabelo louro com os dedos, cantava e tentava fazê-la esquecer da vida miserável que tinham.
Mas, com o passar dos anos, ela tornou-se cada vez mais taciturna e silenciosa, e, além disso, Silvia suspeitava que, a morte recente de seus dois irmãozinhos, Sally e Ned, quando ainda eram bebês, havia sido um golpe muito duro, para que ela pudesse suportar.
Seu pai, por sua vez, nem sequer notou a falta das crianças, seu único comentário fora, que a partir disso, teriam duas bocas à menos para alimentar.

28 de setembro de 2013

Não Apenas Um Sonho

Série Família Collingwood





A névoa de Londres ocultou um encontro: uma mulher corre, aparentemente, fugindo de algo.

Um homem decide frear sua carruagem, fazê-la subir, afastá-la do que a persegue. 
Alheios às circunstâncias, e ignorando o segredo que a moça esconde, ambos se entregam ao que a noite e seus próprios corpos necessitam. 
Na manhã seguinte, ele, Tyler Collingwood, irmão do conde de Kent, acorda atordoado, confuso, achando que tudo foi apenas um sonho. 
Apenas algumas ausências materiais demonstram que não foi bem assim. 
Dois anos depois, ele não pode acreditar que ela está diante dele, na residência do conde, e que insiste em vê-lo, dizendo que se chama Edmée Gordon, determinada a fazê-lo conhecer um filho de ambos, que é a imagem e semelhança de seu pai. 
A desconfiança e a cautela apoderam-se dele, porém, decidido a descobrir o motivo da fuga da moça, permite que ela fique na mansão. 
A partir disso, sua vida mudará completamente, e tanto Edmée quanto Tyler terão que enfrentar seus receios, eliminar os obstáculos e demonstrar que o que viveram não foi apenas um sonho, e que esse sonho pode continuar. 

Comentário revisora Marilda: No livro anterior, Nunca Ninguém Mais, fiquei apaixonada pelo Tyler, o mocinho desse livro. Apesar de Tyler mostrar um pouco do seu lado “bad”, ainda assim, continua fofo. Livrinho bacana, gostei e recomendo!

Capítulo Um

Riverland Manor, condado do Kent, 1879.
Alexander Collingwood, sétimo conde de Kent, observava com um sorriso satisfeito, seu irmão mais jovem, Tyler, que elevava Christie em seus braços, sua filha de três anos, enquanto seu filho mais velho agarrava suas pernas.
— Ora, ora! — Exclamou Tyler contente. — Como cresceram meus sobrinhos favoritos!
— Tio, somos seus únicos sobrinhos.
— Tem razão, Robert, mas não posso imaginar crianças melhores.
Robert, com a transparência própria da infância, esboçou um amplo sorriso satisfeito enquanto Christie lançava gritinhos de prazer. Tyler os abraçou, beijou e acariciou, enquanto fazia perguntas que eles respondiam encantados. Apesar de vê-lo menos do que desejavam, adoravam seu tio. Brincava com eles, e nunca se esquecia de trazer um presente emocionante quando voltava de suas viagens.
Alexander também observava Tyler com afeto evidente em seu olhar. 
Ele havia cuidado de seu irmão mais jovem, já que a mãe deles havia falecido quando ele era apenas uma criança, e o pai de ambos, falecido há dez anos, nunca foi atencioso nem presente. 
Depois de terminar seus estudos em Oxford, Tyler havia manifestado o desejo de colaborar nos negócios do irmão, e ele havia aceitado encantado. 
Tyler comandava todos seus negócios em Londres, onde a Collingwood Colonial Company tinha os escritórios principais. A inteligência de Tyler e seu carisma revelaram-se muito eficientes para os negócios, e em pouco tempo ele se converteu em alguém indispensável à companhia. 
Apesar de sua aparente amabilidade, o rapaz poderia ser um inimigo temível, pois era implacável na hora de resolver um problema, e Alexander era consciente disso.
— Saiam, crianças. Quero conversar em particular com seu tio.
As crianças, entre protestos, afastaram-se enquanto seu pai revolvia seus cabelos carinhosamente.
— Senhorita Graham, encarregue-se deles. — Disse a jovem preceptora que permanecia afastada da cena.
— É claro, milorde. — Lançou um olhar para o relógio que sempre mantinha pendurado na cintura, e acrescentou. — Além disso, já está na hora da leitura.
As crianças seguiram a mulher como pintinhos atrás de uma galinha. A severidade da preceptora era apenas simulação; tratava-se de uma pessoa excepcionalmente culta e carinhosa que adorava as crianças, e em quem os condes de Kent confiavam totalmente.
— Bem, Tyler. - Disse quando as crianças se afastaram. — Vamos ao escritório, servirei uma taça e poderemos conversar tranquilamente sobre a sua viagem ao continente.
Já na sala ampla que servia de escritório, Alexander serviu uma taça de conhaque a seu irmão enquanto sorria feliz por tê-lo de volta a casa. Embora estivesse ausente por apenas três meses, todos sentiram muita falta dele, pois Tyler era o tipo de pessoa que fazia com que uma festa nunca fosse aborrecida.
— Vamos, sente-se e me conte tudo o que houve nesse período.
Tyler sentou-se confortavelmente e, antes de responder, sorveu um grande gole de sua taça, estalando a língua ao apreciar o intenso sabor da bebida. Durante alguns segundos, desfrutou do calor do conhaque e do conforto do sofá. Em seguida, encarou seu irmão, e um largo sorriso iluminou seu rosto.
— Nunca pensei que diria isso, mas senti sua falta.

Série Família Collingwood
1 - Nunca Ninguém Mais
2 - Não Apenas um Sonho
 
 

4 de fevereiro de 2013

Nunca Ninguém Mais


Série Família Collingwood


Lorde Alexander Collingwood herdou recentemente o condado de Kent.

Essas terras são o que mais importam a ele, porém, deve renunciar a elas: estão comprometidas pelas dívidas que seu pai deixou, e ele já não pode mantê-las.
Apenas uma possibilidade lhe ocorre para salvar seu patrimônio: casar-se com uma moça de qualquer família burguesa, sem linhagem, que proporcione um bom dote. 
Gabriele Ferguson é filha de um poderoso comerciante: aos olhos de quase todos, ela é uma moça superficial, apenas preocupada com vestidos, bailes e o flerte, embora, perdidamente apaixonada por Alexander.
Mesmo que lorde Collingwood deteste a frivolidade, tudo a indica como a candidata perfeita.
Quando ele, desesperado, pede a mão de Gabriele sem que ela suspeite que ele precisa do dote, o panorama está traçado para que a autora nos apresente uma nova versão da batalha dos sexos.
No meio de uma convivência forçada e de um casamento que não escolheram, terão que provar o quanto poderão se aproximar e eliminar o abismo que os separa.


Capítulo Um

Londres, janeiro de 1869
Alexander Collingwood permanecia sentado na enorme poltrona que coroava o escritório da residência de Knightsbridge.
Tudo nesse lugar recordava seu pai: as escuras estantes de madeira repletas de livros, os quadros com cenas de caça e heróis mitológicos, a ordem perfeita dos utensílios sobre a mesa.
Inclusive, aparentemente, ele podia sentir a fragrância dos charutos que ele sempre fumava, mas, apesar da familiaridade de tudo que o rodeava, ele se sentia alheio e tinha a sensação que, na verdade, jamais o tinha conhecido verdadeiramente.
O senhor Emerick, o velho advogado que cuidava dos negócios da família desde que ele podia se lembrar, acabava de partir, e ele ainda não tinha se recuperado da surpresa que recebeu: na teoria, eles se reuniram para ler o testamento de seu pai, e foi exatamente assim, tudo que constava no documento era previsível: Alexander Julian Collingwood, o primogênito do conde de Kent, herdava todas as propriedades e o título familiar, bem como a responsabilidade de tutelar e manter economicamente Tyler, seu irmão, mas não parou por aí, o semblante sério e circunspecto do senhor Emerick deveria ter dado a ele uma pista de que alguma coisa não estava bem: quando o ancião se dispôs a explicar a situação real na qual seu pai tinha deixado suas finanças, Alex achou que teria um ataque do coração.
Embora seu rosto continuasse aristocraticamente impassível, apenas uma súbita palidez atestava a maneira como ele recebeu a notícia: o sério e eficiente lorde Collingwood, um homem que jamais agiu de maneira incorreta e que era o pilar da pequena comunidade do condado de Kent onde se situava a residência familiar, foi um viciado no jogo.
Por um breve momento, ele deixou que a culpa se apoderasse dele; talvez se tivesse passado mais tempo com seu pai, teria sido capaz de impedir que ele se entregasse ao vício.

Série Família Collingwood
1 - Nunca Ninguém Mais 
2 - Não Apenas um Sonho

Tradução GRH

29 de outubro de 2012

Escândalo


Lorde Edward Westley, conde de Suderlay, é o nobre perfeito: educado, correto e esnobe. 

Nunca protagonizou um escândalo e suas maneiras são impecáveis... Até que comete o erro de se apaixonar por Lucinda Mancroft, uma simples balconista, totalmente inadequada para um nobre como ele. 
Lorde Westley deverá decidir se continua com uma relação que causará um escândalo ou deixa passar o que, sem dúvida, é o amor de sua vida. 
Quando finalmente se decide, já é muito tarde... Lucy seguiu seu próprio caminho e nele, não parece existir lugar para Edward. 

Comentário revisora Marilda: É uma história de amor muito sofrida. O mocinho é um nobre que, pelas circunstâncias de sua infância, tornou-se um modelo exemplar da perfeição e ausência de emoções. 
Quando se apaixona por uma moça humilde, vê seu mundo desabar, e incapaz de assumir seus sentimentos, que desconhecia até então, tenta, de todas as maneiras, conseguir seus objetivos, sem lembrar-se que o alvo de seu interesse, é outro ser humano. 
Algumas passagens são revoltantes e lamentáveis, mas nada diferente do que costumamos ver no mundo real. O grande protagonista desse livro, decididamente, é o mocinho. 
Não posso dizer que a leitura será agradável para a maioria, porém, posso afirmar, com certeza, que um livro que suscita tantas emoções, merece ser lido. 
Divirtam-se! 

Capítulo Um 

Edward Westley, conde de Suderlay, olhava distraidamente pela janela da carruagem que tentava chegar o mais rápido possível a Suderlay Manor. 
A paisagem diante de seus olhos era uma mistura confusa de cores, que se sucediam de forma vertiginosa sem perturbar seu olhar fixo. 
Edward não prestava a menor atenção ao que via e todos os seus pensamentos estavam concentrados na notícia que havia recebido há poucas horas atrás, enquanto lia o jornal tranquilamente em Pall Mall, o clube exclusivo para cavalheiros ao qual pertencia. 
Sua mãe estava morrendo. Ele tentava se concentrar no fato que provavelmente nunca mais a veria, porém, essa certeza não provocava nele os sentimentos que provocaria em qualquer outro filho que tivesse passado pelas mesmas circunstâncias, e isso o fazia sentir-se pouco menos que um monstro. 
Lorde Westley era um homem frio e racional que encarnava o protótipo do cavalheiro inglês, e seu comportamento era sempre impecável. 
Em qualquer reunião, baile ou jantar formal, era admirado por sua elegância, pela pertinência de sua conversa e sua postura; não era conhecido por affaires escandalosos nem explosões de gênio sob nenhuma circunstância; era politicamente correto, e quando escutava a notícia de algum tumulto causado pela paixão ou outro sentimento visceral, não podia evitar um sorriso sarcástico em seus lábios e um levantar de sobrancelhas com aristocrático desdém. 

Deixar-se levar pelas paixões era mais apropriado para as bestas do que para as pessoas cultas, e ele não entendia como determinadas emoções podiam conduzir os homens bem-nascidos a fazerem coisas tão execráveis como bater-se em duelo ou converterem-se em cachorrinhos patéticos por causa de uma mulher. Ele gostava das mulheres, é claro, porém, apenas como um meio de satisfazer uma necessidade impossível de ser ignorada por muito tempo.
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