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21 de dezembro de 2011

O Conde Cigano







Ele era conhecido por “Conde Demônio”, e diziam que era capaz de tudo. 

Filho de um embusteiro e de uma cigana, Nicholas Davies transformou-se em um notório libertino, até que uma traição devastadora o deixou sozinho e amargurado em meio à paisagem rural do País de Gales. 

Só mesmo o desespero levaria uma tímida e reservada professora a pedir ao Conde Demônio que a ajudasse a salvar seu vilarejo... 

Sem disposição para se envolver nos problemas alheios, Nicholas pediu um preço alto por sua ajuda: somente se Clara concordasse em viver com ele durante três meses, deixando que todos pensassem o pior dela, ele interviria na questão que tanto a afligia. 
Furiosa, porém sem escolha, Clara aceitou o desafio ultrajante, e os dois foram arrastados para um mundo inebriante de perigo e desejo. 
Como aliados, Clara e Nicholas lutavam para salvar a comunidade dela... Como adversários, exploravam um terreno perigoso de poder e sensualidade... 
E como amantes, entregaram-se a uma paixão que ameaçava abalar os alicerces de suas vidas...

Capítulo Um 

 País de Gales, Março de 1814. Chamavam-no de o “Conde Cigano” e, às vezes, de “Velho Nick”, como na lenda. À boca pequena, dizia-se que havia seduzido a jovem esposa do avô, partido o coração deste e, no fim, levado a própria esposa para o túmulo. 
Contavam também que era capaz de qualquer coisa. 
Apenas esta última afirmação interessou a Clare Morgan, conforme seu olhar seguia o homem que galopava em seu cavalo pelo vale, como se todo o fogo do inferno o perseguisse. Nicholas Davies, o Conde Cigano de Aberdare, finalmente tinha chegado em casa após quatro longos anos. Talvez fosse permanecer ali, mas era possível que partisse de novo na manhã seguinte. 
Por isso ela precisava agir depressa. 
Demorou-se um pouco mais, no entanto, sabendo que ele nunca a veria em meio às árvores de onde o espionava. 
O conde montava seu garanhão em pelo, exibindo sua habilidade com o animal, e estava vestido de preto, com exceção do lenço vermelho amarrado no pescoço. 
Mas estava longe demais para que ela visse seu rosto. Clare se perguntou se ele havia mudado, em seguida decidiu que a verdadeira questão não era “se”, mas “quanto”. 
Fosse qual fosse a verdade por trás dos acontecimentos violentos que o tinham levado para longe, estes deviam ter sido devastadores. 
Será que se lembrava dela? Provavelmente não. 
Ele só a vira umas poucas vezes, e ela não passava de uma criança naquele tempo. 
Chamado de visconde Tregar na época, era quatro anos mais velho que ela, e crianças mais velhas nunca prestavam muita atenção às mais novas. 
Já o contrário não era verdade. 
Enquanto voltava para a aldeia de Penreith, Clare repassou mentalmente seus argumentos e justificativas. De uma forma ou de outra, deveria convencer o Conde Cigano a ajudá-la.
Ninguém além dele poderia fazer isso. 
Por alguns breves minutos, enquanto seu garanhão rasgava a propriedade como uma rajada de vento, Nicholas foi capaz de se perder na alegria de sua velocidade. 
A realidade, contudo, logo se abateu sobre ele quando o passeio terminou e ele se viu outra vez em casa. 
Em seus anos no exterior, tinha sonhado muitas vezes com Aberdare, dividido entre o desejo e o medo do que iria encontrar por lá. 
As vinte e quatro horas após seu retorno provaram que seus temores eram justificados. 
Havia sido um tolo em pensar que quatro anos de distância pudessem obliterar o passado. 
Cada quarto daquela casa, cada acre daquele vale evocava lembranças. 
Algumas eram felizes, porém estas tinham sido encobertas por acontecimentos mais recentes, contaminando tudo o que ele um dia amara. 
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