1934. Jackie O'Neill retorna à sua cidade natal, Chandler, Colorado, um piloto experiente e uma viúva solitária.
O desenvolvimento de seu negócio de transporte aéreo pode mantê-la feliz como piloto, e seu novo parceiro, William Montgomery, promete fazer uma companhia muito aconchegante – até Jackie perceber que ele é o mesmo Billy que ela é babá há muitos anos.
Capítulo Um
1934 Jackie estava pilotando um avião, logo estava feliz. Enquanto subia, recebendo a brisa, apertando os olhos contra o sol poente, Jackie se espreguiçou e o avião também se esticou. Jackie se movia e o avião também se movia. Como se a estrutura da máquina fosse uma segunda pele para ela, poderia movê-la tão facilmente quanto movesse o braço ou a perna. Com um sorriso, inclinou uma das asas para baixo para olhar o belo deserto de montanhas altas do Colorado.No começo não acreditou no que via. Localizado no meio do nada, a quilômetros da rodovia mais próxima, havia um carro. Pensando que o veículo havia sido abandonado, virou o avião, inclinou as asas e acionou uma alavanca para retroceder e dar uma segunda olhada. O carro não estava lá no dia anterior, então talvez houvesse alguém lá dentro que precisasse de ajuda. Baixou tanto quanto ousou, de modo que os pinheiros – que raramente tinham mais de seis metros de altura – não interfeririam na altura necessária para permanecer em voo. Ao passar pela segunda vez, viu um homem que, parado à sombra do carro, levantou o braço num gesto de saudação. Sorrindo, Jackie se virou e dirigiu o avião de volta à sua base. Era evidente que o homem estava bem; assim que chegasse à sua pista de pouso em Eternity, ligaria para o xerife para enviar ajuda ao viajante encalhado. Ria entre dentes.
Os viajantes costumavam encalhar nessa área. Olhavam a paisagem plana nas laterais da rodovia e decidiam ver a natureza mais de perto. Mas não levavam em conta os espinhos tão grandes quanto o mindinho e as pedras do tamanho de um homem, cujas bordas não tinham sido desgastadas pela forte chuva anual. Talvez porque estava rindo e não estava atenta ao que fazia, não viu o pássaro, grande como um cordeiro, que voou diretamente para sua hélice.
Duvidava que pudesse evitá-lo, mas teria tentado. Tal como passaram as coisas, tudo aconteceu muito rápido. Em um instante estava voando para casa e no outro, penas e sangue cobriam seus óculos enquanto o avião ia em direção ao chão. Jackie era uma boa piloto, uma das melhores dos Estados Unidos. Tinha muita experiência, é claro; ela recebera sua licença aos dezoito O Convite – Jude Deveraux anos de idade e agora, aos trinta e oito, era uma veterana. No entanto, lidar com esse pássaro exigiu toda a sua sabedoria e habilidade. Quando o motor começou a chiar, sabia que deveria pousar com uma hélice calada, isto é, sem força motriz. Rapidamente, tirou seus óculos de proteção e olhou em todas as direções, a fim de encontrar um lugar para descer. Precisava de um espaço longo e largo, livre de árvores e pedras que pudesse destruir as asas do avião. A velha estrada para a cidade fantasma de Eternity era a única possibilidade. Não sabia que tipo de coisas teriam crescido ou rolado através dela durante os muitos anos que havia sido abandonada, mas não havia outra escolha. Em um piscar de olhos, endireitou o nariz em direção à "pista" e começou a descida. Uma pedra enorme bloqueava a estrada – talvez tivesse rolado para lá durante o degelo da primavera – e Jackie implorou para conseguir parar o avião antes de atingi-la.
A sorte não a acompanhava, dado que bateu na tal pedra. Quando a colisão ocorreu, ouviu o barulho deprimente da hélice ao ser destruída. Já não conseguia pensar. Sua cabeça caiu para frente e acertou o manche. Jackie ficou inconsciente. O que soube em seguida foi que dois braços masculinos muito fortes a carregava e a tirava do avião.
– Você é meu cavaleiro que veio ao meu resgate? – perguntou meio inconsciente. Sentia algo quente descendo pelo rosto. Quando levantou a mão para limpá-lo, pensou ter visto sangue, mas seus olhos não estavam funcionando corretamente e a luz do dia estava desaparecendo rapidamente.
– Estou gravemente ferida? – perguntou, sabendo que o homem não lhe diria a verdade. Tinha visto alguns mutilados em acidentes de avião e, enquanto eles jaziam agonizantes, todos lhe haviam garantido que no dia seguinte ficariam muito bem.
– Acho que não – respondeu o homem. – Acho que você acabou de bater sua cabeça e a machucou um pouco.
– Ah, então está tudo em ordem. Ninguém tem uma cabeça mais dura que a minha. Ele ainda a carregava em seus braços, mas seu peso não parecia incomodá-lo. O melhor que pôde, considerando o quão atordoada se sentia, jogou a cabeça para trás para olhá-lo. No meio da luz minguante, ele parecia alto, mas, lembrou Jackie, ela acabara de quebrar o crânio em um acidente de avião e não podia confiar muito no que via.