O romance começa com o misterioso desaparecimento da filha de um rico ourives: Agnes Boudelle, chamada "a bela de Paris", no dia de Natal, do ano de 1252, de nosso Senhor.
O xerife André Fabourg é o responsável por investigar o enigmático evento e descobrirá que o desaparecimento da jovem está ligado a uma joia rara, trazida do Oriente na última cruzada: a pedra mágica.
Um rubi com incríveis poderes curativos.
Encontrar a dama com vida e recuperar a pedra será a sua missão, mas eventos inesperados irão se interpor aos seus planos. O Coração da Donzela é um romance medieval onde a vida dos seus protagonistas: a bela Agnes, o Conde Louis de Montpellier e o ambicioso Arsène de Gauvine, estará interligada a um inesperado desenlace. É também, um retrato vívido da Idade Média, no qual a superstição, a magia e a feitiçaria se misturam com o amor e a ambição.
Capítulo Um
Cidade de Paris — Natal do ano de Nosso Senhor, 1252.
Era Natal, a festa mais esperada do ano e os cidadãos parisienses se preparavam para se reunir com suas famílias e amigos, mas antes deveriam assistir à missa da manhã. Todos estavam alegres e despreocupados, embora tremessem, pois o frio era tão intenso que, provavelmente, em poucos dias começaria a nevar.
A neve deixaria o caminho intransitável e os cristãos rezavam para que isso não ocorresse, pois o número de viajantes e penitentes aumentava a cada instante nesse dia tão especial.
A jovem Agnes Boudelle foi à missa da manhã, escoltada cuidadosamente por quatro servos robustos.
Era uma das jovens mais belas da cidade, filha de um dos ourives mais honesto e próspero.
No entanto, nesse dia, o frio intenso obrigava-a a cobrir sua beleza por completo: o capuz de sua capa de linho ocultava a volumosa cabeleira dourada e seus olhos imensos e cor de Safira, seu olhar inocente ia fixo no solo em atitude piedosa e modesta, e enquanto sua mão sustentava uma cruz ia murmurando uma oração em silêncio.
— Se apressem, por favor — disse Agnes olhando a seus servos. Deveriam chegar à missa antes de congelarem no frio. Era Natal e tinha prometido a seus pais não se demorar.
Estes apressaram o passo e a jovem se atreveu a olhar ao seu redor como se procurasse alguém.
— Se apressem, por favor — disse Agnes olhando a seus servos. Deveriam chegar à missa antes de congelarem no frio. Era Natal e tinha prometido a seus pais não se demorar.
Estes apressaram o passo e a jovem se atreveu a olhar ao seu redor como se procurasse alguém.
Seus olhos detiveram-se com desgosto em um certo jovem ousado, cuja aparência física inquietava-a excessivamente.
— É ele, outra vez — murmurou para si, movendo suas botinhas de couro rapidamente.
Olhares lascivos a viam passar, olhos que não pensavam em nada sublime nem santo, e que percorriam a capa em busca daquele peito cheio e generoso e da cintura esbelta, ambos cobertos com um casaco e uma longa capa de lã.
Mas um par de olhos castanhos não se apartaram da bela de Paris, como a chamavam na cidade. Por mais que esta fosse escoltada por meia dúzia de criados, decidiu se arriscar e não só a seguiu com o olhar (cheio de crescente desejo), mas o jovem deu alguns passos e a seguiu, vestido com uma longa capa de arminho que ocultava as ricas roupas de sua posição; o filho de uns dos mercadores mais ricos de Paris. Seus olhos tinham um brilho e em seus lábios uma expressão de lascívia.
Fazia tempo Philippe Guillaume perseguia a jovem casta, mas a mesma lhe ignorava quando não o olhava com frieza ou fúria. Dita atitude só acendia ainda mais o interesse do filho do mercador.
— Oh, Feliz Natal, formosa Agnes — cumprimentou-a a seu passo.
Agnes olhou-o sobressaltada, conhecia bem a esse pícaro, era o filho do rico mercador Guillaume, alto, delgado, com um espesso e brilhante cabelo castanho lhe cobrindo o pescoço por completo; o olhar escuro tinha malícia e algo mais que a jovem não chegava a compreender ainda. Era belo, ou isso dizia sua amiga Matilde, mas a ela não agradava.
— Bom dia, Philippe — viu-se obrigada a dizer, e quando quis avançar ele impediu o seu avanço, vestido com sua rica capa de arminho e aquela grossa medalha de ouro que todos os membros de sua família ostentavam com arrogância.
— Afaste-se, senhor! — disse-lhe um de seus criados mais robustos, enquanto os outros pareciam procurar adagas em suas vestes.
Mas Philippe não estava só, três amigos de má vida o acompanhavam, esses eram estudantes nada aplicados, desalinhados e bêbados chamados “goliardos[”.
— Só queria conversar com a donzela umas palavras — disse enquanto seus amigos se acercavam devagar.
Agnes interveio fazendo um gesto a seus criados de que conservassem a calma.
— Não posso falar com você Philippe Guillaume, tenho pressa.
Os olhos castanhos não se apartaram dos seus, pareciam capazes de assombrá-la, mas finalmente se rendeu e fazendo uma longa reverência a deixou passar, enquanto seus amigos grosseiros murmuravam algo inaudível. O filho do mercador a viu partir, afastar-se como uma visão luminosa e soltou um suspiro. Não era o único enamorado da jovem, mas sim o mais constante.
— Amigo confrade, escreverei uma canção sobre a bela Agnes Boudelle — disse-lhe Jean, um de seus amigos chamando sua atenção. Era um jovem muito alto, levemente encurvado e vestia sempre uma longa capa de penitente, ainda que não fosse mais que um estudante desertor de Pádua. Seus olhos amarelos também se deleitavam contemplando a bela de Paris, enfurecendo Philippe, que lhe deu um pontapé e um empurrão.
— Não se atrevam. Já disse a vocês que será minha antes que chegue a Páscoa — ele advertiu...
— É ele, outra vez — murmurou para si, movendo suas botinhas de couro rapidamente.
Olhares lascivos a viam passar, olhos que não pensavam em nada sublime nem santo, e que percorriam a capa em busca daquele peito cheio e generoso e da cintura esbelta, ambos cobertos com um casaco e uma longa capa de lã.
Mas um par de olhos castanhos não se apartaram da bela de Paris, como a chamavam na cidade. Por mais que esta fosse escoltada por meia dúzia de criados, decidiu se arriscar e não só a seguiu com o olhar (cheio de crescente desejo), mas o jovem deu alguns passos e a seguiu, vestido com uma longa capa de arminho que ocultava as ricas roupas de sua posição; o filho de uns dos mercadores mais ricos de Paris. Seus olhos tinham um brilho e em seus lábios uma expressão de lascívia.
Fazia tempo Philippe Guillaume perseguia a jovem casta, mas a mesma lhe ignorava quando não o olhava com frieza ou fúria. Dita atitude só acendia ainda mais o interesse do filho do mercador.
— Oh, Feliz Natal, formosa Agnes — cumprimentou-a a seu passo.
Agnes olhou-o sobressaltada, conhecia bem a esse pícaro, era o filho do rico mercador Guillaume, alto, delgado, com um espesso e brilhante cabelo castanho lhe cobrindo o pescoço por completo; o olhar escuro tinha malícia e algo mais que a jovem não chegava a compreender ainda. Era belo, ou isso dizia sua amiga Matilde, mas a ela não agradava.
— Bom dia, Philippe — viu-se obrigada a dizer, e quando quis avançar ele impediu o seu avanço, vestido com sua rica capa de arminho e aquela grossa medalha de ouro que todos os membros de sua família ostentavam com arrogância.
— Afaste-se, senhor! — disse-lhe um de seus criados mais robustos, enquanto os outros pareciam procurar adagas em suas vestes.
Mas Philippe não estava só, três amigos de má vida o acompanhavam, esses eram estudantes nada aplicados, desalinhados e bêbados chamados “goliardos[”.
— Só queria conversar com a donzela umas palavras — disse enquanto seus amigos se acercavam devagar.
Agnes interveio fazendo um gesto a seus criados de que conservassem a calma.
— Não posso falar com você Philippe Guillaume, tenho pressa.
Os olhos castanhos não se apartaram dos seus, pareciam capazes de assombrá-la, mas finalmente se rendeu e fazendo uma longa reverência a deixou passar, enquanto seus amigos grosseiros murmuravam algo inaudível. O filho do mercador a viu partir, afastar-se como uma visão luminosa e soltou um suspiro. Não era o único enamorado da jovem, mas sim o mais constante.
— Amigo confrade, escreverei uma canção sobre a bela Agnes Boudelle — disse-lhe Jean, um de seus amigos chamando sua atenção. Era um jovem muito alto, levemente encurvado e vestia sempre uma longa capa de penitente, ainda que não fosse mais que um estudante desertor de Pádua. Seus olhos amarelos também se deleitavam contemplando a bela de Paris, enfurecendo Philippe, que lhe deu um pontapé e um empurrão.
— Não se atrevam. Já disse a vocês que será minha antes que chegue a Páscoa — ele advertiu...