O Marquês cerrou os punhos, furioso com a amante.
As mulheres eram todas iguais, sempre querendo tirar o máximo de vantagem em troca de seus favores.
Estava farto!
Odiava-as todas, com seus truques, seus perfumes exóticos e sua cobiça.
Continuou andando pela rua escura, ruminando a raiva, quando alguma coisa o atingiu na cabeça.
Uma mala? Osborne olhou para cima e não acreditou no que viu, numa janela, bem acima de onde estava, havia uma moça pendurada numa corda.
Pouco depois, ela caía em seus braços.
E começava para os dois uma estranha aventura que os levaria da fria e nevoenta Londres até as areias tórridas e perigosas do deserto do Saara.
Capítulo Um 1853
— Estou atrasado. Preciso ir embora. Ao dizer isto, o Marquês virou-se e começou a sair da cama.
Inez Shangarry deu um gritinho de protesto, — Oh, não, Osborne.
Não! Não pode sair tão cedo. Quero você!
O Marquês libertou-se dos braços que o prendiam e saiu da cama, começando a se vestir.
Deitada sobre os travesseiros, os cabelos negros soltos, o corpo nu, Lady Shangarry estava muito atraente. — Não pode ir embora. Não pode! É cedo, e são tão poucas as noites em que podemos ficar assim a sós!
Havia em seus olhos um brilho sensual e os lábios vermelhos tinham uma expressão provocante. — Você é muito persuasiva, Inez — disse o Marquês, dirigindo para a penteadeira, para dar o nó na gravata.
— Quero ser persuasiva e quero que fique comigo. Sabe disto. Mas às vezes é difícil. Quando estamos juntos, você é o amante mais excitante e mais perfeito do mundo.
O Marquês deu o nó na gravata, com mãos experientes.
Depois, pegando o paletó, virou para a cama de lençóis de seda, onde estava a mulher bonita e atraente.
— Amanhã vou para o campo. Como tenho de partir cedo, vou precisar de meu "sono de beleza", assim como você precisa do seu.
— Isso não é nada lisonjeiro — respondeu Inez, com ar petulante — Quero que fique aqui comigo, Osborne. Depois de tudo que significamos um para o outro, bem que podia ficar mais alguns minutos!
— Duvido de que fossem só alguns minutos.
Era realmente difícil acreditar que um homem pudesse resistir aos encantos de Lady Shangarry, conhecida como uma das mulheres de corpo mais perfeito, em Londres, admirada pelos conhecedores da beleza feminina.
Inclusive os dissolutos, os cínicos, e também por homens como o Marquês, sabidamente exigente na escolha de companheiras.
Osborne conhecia perfeitamente sua reputação e também sabia que bastava olhar para uma mulher com interesse, para que ela ficasse pronta para cair em seus braços.
Entretanto, tinha resistido durante algum tempo aos encantos de Lady Shangarry, por não gostar do modo confiante como tentara conquistá-lo.
Os modos de uma mulher que sabia que poucos homens resistiam.
Finalmente, não apenas porque ela era bonita, como também porque a achava divertida, ele sucumbiu ao convite do olhar e das atitudes tentadoras do corpo voluptuoso.
Agora, vendo-a insistir tanto para que ele se demorasse mais, imaginou se ela não estaria se tornando um tanto maçante, chegando mesmo a pensar que sua ligação estava chegando ao fim.
O Marquês era conhecido como implacável, em relação a seus casos amorosos.
Gostava de ser o caçador, mas, infelizmente, a perseguição era lcurta, porque o objeto de suas atenções não fazia força para escapar.
De um modo geral, as mulheres por quem se interessava logo se tornavam exigentes e não o deixavam em paz.
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