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25 de fevereiro de 2012

O Príncipe Azul

Série Príncipes Do Mar

O Cavaleiro Mascarado é um misterioso bandoleiro adorado pelo povo, que rouba os ricos para ajudar aos pobres. 

Uma noite assalta por engano a carruagem de Raffaele Dei Fiore, o príncipe herdeiro da ilha de Ascensão, famoso por seus caprichos sexuais e outros prazeres. 

O assalto é abortado e Rafe descobre que atrás da máscara se esconde uma dama de extrema beleza, cuja atitude desafiante despertará nele seus mais profundos sentimentos. 
Daniela Chiaramonte, uma jovem tenaz e valente, comprometida com seu povo, converte-se sem querer no novo capricho do príncipe, que se oferece para salvá-la da forca se aceitar casar com ele. Com este perverso plano, o príncipe quer aproveitar-se de sua popularidade para ganhar a confiança do povo. 
Mas ao entrar na vida do palácio, Daniela descobre um complô contra a família real que porá em xeque não só o futuro de Ascensão, mas também seu próprio coração. 

Capítulo Um 


Ascensão, 1816 


O maior amante de todos os tempos estava ali outra vez, seduzindo sem problemas a inocente Zerlina. 

Enquanto o famoso dueto de Mozart, Là ci darem la mano , enchia o suntuoso teatro, tenor e soprano se amavam com a elegante calidez de suas vozes. 
Ninguém prestava atenção. A cintilação dos óculos e um murmúrio constante na sala indicavam que a atenção da audiência não estava no cenário, mas no primeiro e melhor camarote, à direita do cenário e bem em cima da orquestra. 
Profusamente adornado de cupidos e laços de estuque, o camarote estava sempre reservado para realeza. 
Ele estava apoiado no corrimão esculpido de mármore, com a metade do corpo na sombra, imóvel, o rosto inexpressivo bronzeado pelo sol. 
A luz do cenário se refletia no anel com forma de selo que levava no dedo e brincava com os ângulos patrícios de seu rosto. 
Um laço recolhia sua longa cabeleira loira escura. 
A audiência manteve a respiração ao vê-lo mover-se pela primeira vez desde o início da obra. Lentamente, meteu a mão no bolso de seu extravagante colete, pegou uma bala de hortelã de uma caixinha de metal e levou a boca. As mulheres observaram como chupava o caramelo e coraram, agitando seus leques. 
"Isto é tão aborrecido — pensou, com os olhos em branco — tão aborrecido". 
Os favoritos de seu cortejo rodeavam-no sentados no camarote, sombrios, jovens senhores metidos e soberbamente vestidos. 
Atrás de seu ar de estudada vadiagem se ocultavam olhos duros e ameaçadores. 
Com pouco, a fumaça do ópio se aferrava a suas ricas vestimentas. 
Alguém se distanciava um pouco do rebanho, mas em geral, tudo era permitido. 
—Alteza? Sussurrou alguém a sua direita. 
Sem retirar o olhar aborrecido de sua bela amante que se encontrava sobre o cenário, o príncipe herdeiro Raffaele Giancarlo Ettore Dei Fiore agitou sua mão com joias, e rejeitou a garrafa que lhe foi oferecida. 
Não estava com humor para álcool, afligido de um cinismo que até o próprio Dante teria reprovado. 
Nem o inferno, com todo seu fogo e enxofre, poderia ser pior que esta espécie de limbo no qual seus dias estavam suspensos em uma eterna espera. 
Nascer sendo filho de um grande homem era difícil; mas mais difícil ainda era herdar de um que além de grande, era imortal. 
Não é que desejasse sob nenhum conceito a morte de seu pai, mas nas vésperas de seu trigésimo aniversário, o sentimento de condenação o embrutecia. 
O tempo escapava de suas mãos e não conduzia a nenhum lugar. Acaso tinha mudado sua vida nos últimos, digamos, doze anos? 
Perguntava-se enquanto a canção de Dom Giovanni ressoava na parte de trás de seu cérebro. Seguia tendo os mesmos amigos de quando tinha dezoito anos, jogava os mesmos jogos, adoecia entre um luxo no qual não achava sentido, prisioneiro de sua posição. 

Série Príncipes do Mar
1 - O Príncipe Pirata
2 - A Princesa
3 - O Príncipe Azul
Série Concluída