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5 de fevereiro de 2012

O Príncipe Pirata

Série Príncipes do Mar
Numa noite de lua, o príncipe Lazar di Fiori retorna à ilha de Ascensão para vingar a morte de sua família e a usurpação de seu reino. 

Allegra Monteverdi, a filha de seu acérrimo inimigo, demonstra ser uma valente adversária e lhe implora para que não mate a sua família. 

Sua beleza e coragem impressionam 
Lazar e impregnam em seu frio coração, por isso aceita manter sua vida com a condição de que se converta em sua prisioneira. 
Apenas no mar, confundida entre o medo e a sedução, Allegra descobre que o misterioso e vingativo homem é o príncipe Lazar, aquele com que sonhava quando era menina. 
Mas será preciso muito mais que seu crescente amor para conseguir com que o príncipe pirata enfrente os fantasmas do passado e consiga apaziguar seu atormentado coração.

Capítulo Um 


Maio de 1785 

Uma onda lhe alagou o rosto de água salgada e com um furioso piscar sacudiu a ardência do sal enquanto se esforçava sobre os remos várias vezes com toda sua força. 
Ao seu redor, as ondas formavam redemoinhos e se elevavam como prateadas plumas de espuma, ensopando-o em seu esforço para conduzir o bote entre as afiadas rochas que protegiam a caverna. 
Apesar da dor nos braços e ombros continuou se esforçando em manter o bote bem manejado até que, ao final, com um grito de raiva, conseguiu passar entre as altas e dentadas rochas. 
Ao deslizar sob o arco rochoso, teve que baixar a cabeça para penetrar a boca da caverna. 
Nesse mesmo instante, a muitas léguas atrás dele, sete navios ancorados aguardavam na baía iluminada pela lua. 
Uma vez debaixo da escura abóbada de granito, secou o suor da testa com o antebraço e começou recuperar o fôlego. 
Ali não havia ninguém que percebesse sua presença, exceto os exércitos de morcegos que pendiam e batiam as asas por cima de sua cabeça, então prendeu uma tocha. 
Por fim, conduziu o bote para o chão e saltou à terra firme. 
Quinze anos. Tinham passado quinze anos desde a última vez que o príncipe Lazar di Fiori pisara em Ascensão. 
Quase a metade de sua vida, pensou, ou daquele tempo infernal que não tinha sido vida absolutamente. 
Olhou a suave areia que brilhava sob suas gastas botas negras e se abaixou para pegar um punhado em sua endurecida mão dourada pelo sol. 
Com expressão absorta e triste observou como a areia escorria entre seus dedos, igualmente acontecia com todo o resto. 
Seu futuro. Sua família. E, ao amanhecer, sua alma. 
A areia caiu no chão com um sussurro até que só ficou uma pequena pedra negra na palma da mão. 
Também essa deixou cair. Não queria nada. 
Levantou-se e ajeitou o cinturão do qual pendia sua espada. 
O couro úmido pressionara seu peito e irritara sua pele que a camisa negra deixava descoberto. De novo tomou um gole de rum da cigarreira de prata que pendurava de seu pescoço em um fino cordão de pele e estremeceu ao sentir o fogo que produzia em seu estômago. 
Levantou a tocha e observou a caverna ao seu redor até que localizou a entrada para os túneis secretos subterrâneos que tinham sido escavados séculos atrás por sua família. 
Era estranho pensar que agora ele era o único que sabia que não se tratava de outra lenda a respeito da grande casa dos Fiori. 
Avançou até a tosca entrada esculpida na rocha e levantou a tocha com prudência, esforçando-se para ver algo naquela garganta negra. 
Era condenadamente claustrofóbica para um homem acostumado ao mar aberto. 
— Vá em frente, traseiro medroso

Série Príncipes do Mar
1 - O Príncipe Pirata
2 - A Princesa
3 - O Príncipe Azul
Série Concluída