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3 de dezembro de 2010

O Tirano de Cherbon









Bela e a Fera....


Depois de anos de tumultos e combates, Roderick Cherbon abandona as Cruzadas e regressa para casa, completamente transformado pela guerra.

O rapaz que antigamente sonhava em compensar as injustiças cometidas pelo pai é hoje um homem amargurado, com cicatrizes no corpo e na alma.


Ele se recusa a se aproximar das pessoas e a falar com elas, e só sai de dentro dos muros de sua fortaleza para se misturar às sombras da noite.
E até mesmo na morte, o pai Continua a atormentá-lo: para ter direito a receber sua herança e título, Roderick precisa se casar.
Michaela Fortune é menosprezada por ser pobre, ridicularizada por seus sonhos e por ter bom coração.
A humilhação e a necessidade atormentam sua família, e orgulho é um sentimento que ela não pode permitir-se ter.
O atual lorde Cherbon e seu decadente castelo podem ser uma solução... Mas para conquistar um homem que chegou ao fundo do poço, Michaela precisará de toda a sua beleza, graciosidade e doçura, se quiser ter um fio de esperança de amansar aquele coração...

Capítulo Um

Maio de 1103
Tornfield Manor, Inglaterra

A festa estaria esplêndida não fossem pelos cutucões e cochichos.
E pela maneira com que ela era empurrada para fora da pista cada vez que tentava participar de uma dança.
E pela presença daquela horrível mulher que atravessara seu caminho e esquecera um dos pés para trás, fazendo-a tropeçar e tombar sobre uma criada, obrigando a pobrezinha a soltar a bandeja que carregava, e deixar cair os adoráveis potes de cerâmica pintada, quebrando-os e derramando as porções de pudim que seriam servidas aos convidados.
Para escapar aos rumores e achaques, Michaela Fortune se refugiou numa saleta logo atrás dos músicos, onde as pesadas cortinas poderiam resguardá-la das más línguas e permitir que ela entregasse seus sentidos ao prazer das notas musicais.
E também onde ninguém poderia ver as manchas brancas de pudim espalhadas pelo único vestido que se encontrava em bom estado em seu humilde guarda-roupa.
Ali, sentada em uma banqueta, Michaela podia assobiar a melodia em acompanhamento aos instrumentos, ou ouvir a música de olhos fechados e fingir que estava se divertindo como uma convidada igual as outras, embora sua real vontade fosse localizar aquela mulher infame no meio do salão e grudar em seus cabelos.
Vire a outra face.
As palavras que a mãe sempre lhe dizia ecoaram em seus ouvidos.
Os dóceis herdarão a Terra.
Como se a lembrança das incansáveis lições sobre a bondade do espírito os tivesse evocado, os pais de Michaela apontaram do outro lado do salão naquele exato momento.
Lorde Walter e Agatha Fortune estavam de braços dados como de costume.
O pai de Michaela olhava para a esposa como se estivesse permanentemente à espera de ouvir o pedido, que ele pudesse satisfazer de pronto.
Amavam-se como se fossem jovens ainda.
Era gratificante notar que eles estavam se divertindo.
Uma vez que os pais raramente tinham condições de sair de sua pequena propriedade.
Como a filha, Agatha Fortune era alvo constante dos sórdidos mexeriqueiros.
Com uma diferença significativa: enquanto lady Fortune era vista como uma mulher fraca do juízo e inconseqüente em seus atos, a jovem Michaela era ostensivamente repudiada e encarada com evidente desprezo.
Filha do Diabo.
Mensageira do Inferno.
Irmã de Satã.
Era assim que costumavam se referir a ela no vilarejo.