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24 de agosto de 2011

O Chamado Do Coração



Lalitha já ouvira falar de noivas abandonadas no altar, noivos nunca.



Achava que eram histórias que a mãe lhe contava nos seus felizes dias de criança.

Agora, vivendo de favor na casa de sua madrasta, recebeu uma tarefa bastante perigosa.

Para salvar sua irmã de um enlace indesejado, teria de levar uma carta, sozinha, a lorde Rothwyn, na igreja marcada para o casamento.

Porém, ao chegar lá, o pavor obrigou-a a fugir desesperada.

O belo e irascível noivo queria que ela tomasse o lugar da fugitiva!



Capítulo Um



— Sophie, você não pode fazer isso! — disse Lalitha.

— Faço o que quero! — replicou Sophie.

Era difícil imaginar que alguém pudesse ser mais linda que Sophie.

Os cabelos dourados, a pele branca e rosada, as feições perfeitas, faziam de Sophie Studley a jovem mais famosa da corte de St. James.

Após a estadia de um mês em Londres, ela foi proclamada a "Incomparável" e, depois de dois meses, ficou noiva de Julius Verton que, com a morte do tio, se tornaria o duque de Yelverton.

Anunciado o noivado na Gazette, os presentes começaram a chegar à casa de Mayfair, que lady Studley, a filha e a enteada ocupavam durante a temporada em Londres.

Porém, duas semanas antes do casamento, Sophie declarava sua intenção de romper o noivado e fugir com lorde Rothwyn.

— Vai haver um tremendo escândalo! — protestava Lalitha. — Afinal, por que agir assim, Sophie?

Ao lado de Sophie, o ideal de beleza de todos os homens, Lalitha tinha um aspecto doentio, patético de dar pena.

Uma enfermidade que a cometera durante o inverno, a deixara pele sobre ossos.

E, por causa das longas horas que passava costurando para sua madastra, a mãe de Sophie, com luz inadequada, seus olhos estavam constantemente vermelhos e inchados. Ela possuía cabelos tão opacos que pareciam quase cinzentos; penteados para trás, davam-lhe um ar de austeridade.

As duas moças tinham mais ou menos a mesma idade, mas, enquanto Sophie era a personificação de saúde e da alegria de viver, Lalitha assemelhava-se a uma sombra prestes a desfalecer.

— Julius será um dia duque, mas quando? — prosseguiu Sophie. — O duque de Yelverton, seu tio, não tem mais que sessenta anos, e poderá viver ainda dez ou quinze anos.

Até lá, estarei bastante velha para usufruir de minha posição de duquesa com prazer.

— Você continuará sendo bonita, Sophie — insistia Lalitha.

Sophie olhou-se no espelho.

Sorriu com satisfação ao contemplar sua imagem ali refletida.

Não havia dúvida de que seu vestido azul pálido de crepe lhe ia muito bem.

O corpete justo, última moda em Paris, deixava sua cintura muito fina, acentuada também pelas saias rodadas guarnecidas de buquês de flores e ruches de tule.

É verdade — concordou Sophie calmamente.

— Ainda serei bonita, mas queria me tornar uma duquesa já, para ocupar um lugar de honra na coroação do próximo rei.


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