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13 de maio de 2015

O fantasma de Lady Constance





A festa de boas-vindas ao marquês de Windlesham estava no auge. 

Sedela a organizara para afastá-lo de lady Esther, sua rival no amor do marquês. 
Fogos de artifício riscavam o céu como estrelas cadentes, quando uma figura sinistra se aproximou, semi oculta pelas sombras da noite. 
Ninguém ouviu o grito de desespero de Sedela ao ser levada contra sua vontade.
Confirmava-se, assim, a lenda que corria no castelo: quando o espectro de lady Constance, uma jovem morta havia mais de cem anos, aparecia, era prenúncio de desgraça. E ele fora visto no sótão, naquela mesma noite...

Capítulo Um

Sedela cavalgava pelo parque à procura do gamo que se escondera entre os carvalhos.
A distância, na outra margem do lago, podia-se avistar Windle Court, um exemplo detalhado da melhor arquitetura do século passado.
A cada vez que o via, achava-o ainda mais bonito, se isso fosse possível.
Sempre houvera uma residência ali, desde que os primeiros Windle se estabeleceram no condado, o que remontava ao reinado de Henrique VIII.
Cada uma das gerações havia demolido ou construído novas dependências ao prédio existente, até que o quarto marquês, fazia sessenta anos, alterara toda a fachada, com duas magníficas alas que estendiam-se a partir da construção central.
Embora Sedela o conhecesse desde criança, sempre se sentia deslumbrada ante sua imponência.
Assim como quando percorria os bosques, os jardins e o Templo Grego, localizados à beira do lago.
Soubera que o marquês retornara da França e, ao cavalgar, indagava-se quando ele estaria de volta ao lar.
Era nove anos mais velho do que ela e, quando partira para a guerra, Sedela era ainda uma garotinha.
— Será que ele se lembrará de mim? — Sedela pensava, em voz alta.
Seria estranho se não, considerando que seu pai, o general sir Alexander Craven, e o pai dele eram amigos íntimos.
Após a morte do marquês, o general sofrera muito sua perda.
Sedela lembrava-se de que, acima de tudo, ele sentia falta dos jogos de xadrez, que ambos os cavalheiros costumavam jogar durante a tarde, embora também discutissem sobre a guerra em todos seus aspectos.
O pai ficara tão orgulhoso quanto o marquês, quando soubera que o jovem Ivan ganhara uma medalha por sua bravura na Espanha. E mais ainda quando recebera o reconhecimento por parte do duque de Wellington, após a Batalha de Waterloo.
— Graças a Deus, a guerra terminou! — Sedela agradeceu, fervorosamente.
Não se lembrava dos tempos em que a Inglaterra não estivera guerreando contra Napoleão.
Desde que a paz fora restabelecida, havia três anos, o país vinha tentando recuperar sua prosperidade.
Aliás, toda a Europa estava empenhada no mesmo propósito.
"Ao menos agora posso persuadir papai a falar de outros assuntos, que não sejam batalhas e os horrores da guerra", ela pensou.
Pelo fato de não ter gerado um filho, o general empenhara-se em dar à única filha uma verdadeira educação.
Não a matriculara numa escola, mas contratara professores na cidade mais próxima, e até mesmo em Londres, para instruí-la nas mesmas matérias que havia aprendido, quando tinha sua idade.
Aprendera a cavalgar desde muito cedo, quase que ao mesmo tempo em que se pusera a engatinhar.
Sabia atirar perfeitamente e era excepcionalmente boa em manejar o arco e a flecha.
Naquele momento, atingia os limites do parque.
Fora cautelosa com o cavalo, para evitar que caíssem nas inúmeras tocas de coelhos, mas agora já podia acelerar os passos.
Cavalgou em direção à frente da casa e, em seguida, virou à esquerda, chegando em poucos segundos aos estábulos.
O pátio de pedra havia sido lavado, da mesma forma como costumavam fazer quando o velho marquês ainda era vivo.
Os cavalos colocaram as cabeças sobre as portas das baias, como se viessem cumprimentá-la afetuosamente.
Um cavalariço veio correndo a seu encontro, para tomar as rédeas de Dragão de Fogo.
— Bom dia, srta. Sedela — ele a cumprimentou.
— Bom dia, Sam. Está tudo bem?
— Está, sim, srta. Sedela. Chegaram dois novos cavalos de Londres, ontem.
— Novos cavalos!