“Vou ensina-la a depender completamente de mim; de minhas carícias, de meus beijos... enfeitiçou-me, fez-me dependente de você.
Converteu-se em minha droga, mas agora eu vou retribuir da mesma forma. Assim compreenderá que me fez sofrer em sua ausência e nunca, jamais, voltará a passar por sua cabeça afastar-se de mim.
Vou conseguir que, como eu, seja viciada a um simples roce de minha pele.”
Depois da morte de seu noivo, Chloe perdeu a ilusão de viver e as recordações não deixam de atormentá-la. Até que um acidente a deixa inconsciente e tudo muda... Quando desperta, seu passado tinha desaparecido: a jovem se encontra em um castelo, em pleno século XVII, onde sem querer acaba envolvida em uma trama de conspirações. Usada como instrumento para uma obscura vingança, conhecerá Cedric, um rude guerreiro cuja família foi vítima de uma terrível traição.
Ainda que odeie com toda a sua alma a este homem que a faz sofrer, a hostilidade mútua irá desaparecendo até o ponto que ele deixará de lado suas obrigações e a causa pela qual lutava, ela acabará iludindo-se com ele. E que saibam que ambos tentaram resistir, mas o fogo surgirá. Poderá o amor triunfar sobre o destino?
Capitulo Um
Condado de Berwick, primeiro de maio de 1620.
Davie despertou bastante enjoado, deitado de costas, ainda bêbado pelos estragos do álcool. Sentia que estava a ponto de morrer, e não era para menos, dado seu lamentável estado. Nem mesmo se lembrava de como tinha chegado até sua cama depois da festa. Um tênue sorriso desenhou-se em seus lábios ao relembrar, mas morreu no mesmo instante em que uma arcada ameaçou sair de sua garganta. Como se arrependida de ter bebido tanto!
Parecia que seu estômago tivesse vida própria... Inalou grandes quantidades de ar e, na intenção de buscar um bálsamo para seu mal-estar, voltou o rosto para a janela, por onde entrava ar fresco da manhã. Não encontrou o alívio que esperava.
Tinha a boca pastosa e todos os músculos do corpo doloridos, como se na noite anterior tivesse feito um intenso exercício e agora se ressentia pelo esforço realizado. Efetivamente, tanta ingestão de vinho tinha acabado por passar da conta. Ainda assim, tentou levantar-se, mas uma dolorosa pontada na cabeça acabou com sua já pouca disposição.
Acreditou que sua cabeça iria explodir, tão forte eram as palpitações que perfuravam seu cérebro. Para evitar maiores males, deu a volta na cama com deliberada lentidão até colocar-se de barriga para baixo e, enquanto cobria sua cabeça com a almofada, jurou que jamais voltaria a provar uma gota de álcool no que lhe restasse de vida.
Momentos depois, o barulho da porta pôs fim a seu precário descanso. Alguém entrou furtivamente no quarto, e mesmo o sussurro daqueles vacilantes passos bastou para tirar Davie da letargia que estava a ponto de cair novamente. Não precisou girar para saber de quem se tratava.
Mae sempre levava seu café da manhã, mas naquela ocasião bem poderia ter evitado. Ao menos teve a deferência de não tentar despertá-lo, como fazia todos os dias, e abandonou o quarto em completo silêncio, cuidando de não molestá-lo com sua intromissão. Contudo, Davie foi incapaz de conciliar novamente o sono depois da visita.
O cheiro da comida aumentou suas náuseas. Teve que tirar forças da fraqueza para se levantar, mas depois, sem mostrar nenhum tipo de remorso, afastou de um golpe a bandeja que descansava aos pés da cama e derrubou todo seu conteúdo no chão. Enquanto se lamentava por sua má sorte e de maneira confusa fazia um juramento, caminhou com passo torpe para um canto da habitação, onde por fim pode aliviar seus incontestáveis espasmos estomacais.