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25 de setembro de 2011

Série Quando os Sinos Tocam...

1 -  Pedido de Casamento


Constance de Lanmartin precisa recuperar sua valiosa urna, que está em posse do guerreiro normando Cuyon de Burgh, e é a única maneira de ela conseguir protelar um casamento forçado. 

Guyon, por sua vez, tem a missão de entregar a urna, contendo uma relíquia, intacta nas mãos do rei, e decide levar Constance consigo no navio.
Contudo a crescente atração que ela lhe desperta o faz ficar dividido entre o dever e a paixão...

Capítulo Um

Cagarun, Bretanha Junho de 1177
Eles alcançaram o rio no final da manhã, e pararam na margem, onde a água era rasa.
A nova mula branca, carregada e enfeitada de vermelho, tinha provado ser temperamental, um mau negócio entre os muitos propostos pelos rudes monges da Abadia de São Mevennus.
Se os bretões pretendiam fazer uma emboscada, estariam ali por perto, escondidos sob as árvores. A vegetação cerrada da floresta poderia esconder um grande número de homens armados, e a pequena ponte ao lado evitaria que os animais carregados se perdessem rio abaixo durante a luta.
Na bela manhã ensolarada, Guyon mostrava o cenho carregado.
De nada valia o sino da abadia soar vagarosamente, mas de maneira inconfundível, informando a todos que alguma coisa havia se extraviado na colônia de São Mevennus.
Respeito, o abade tinha dito. Respeito e celebração para os ossos de São Petroc, trazidos para a Bretanha pelo infortúnio de um monge ladrão descendente dos bretões, e que estava de volta ao lar, na Cornualha.
Diante da suave malícia do abade, Guyon tinha engolido uma imprecação de soldado e atravessara os portões do mosteiro até a costa, para a pequena baía onde o navio do rei Henrique encontraria a tropa e levaria as relíquias de São Petroc de volta à Inglaterra.
A vagarosa batida do sino tinha trazido o povo ao local em procis¬são, carregando o santo para seu lar.
Aos pequenos milagres que São Petroc tinha inspirado durante sua curta estada na Bretanha foi acrescentado o maior benefício de todos: não tinha havido homens armados nos campos da abadia para observar Guyon e seus homens passar.
Nenhum dos fazendeiros espiões havia tentado se opor aos soldados normandos que levavam São Petroc ao mar, e dali à Cornualha.
E ninguém do povo bretão tinha notado um grupo menor de peregrinos, vestidos com sóbrios mantos de comerciantes, que tinham saído pelo portão do pomar do mosteiro enquanto a esplêndida procissão de Guyon prosseguia para o leste para a estrada do rio.
Guyon de Burgh trouxera seus arqueiros, e foi com eles para a margem do rio.
Atrás deles marchavam vinte soldados a pé e seis homens montados em trajes de padre, o último deles conduzindo uma preguiçosa mula carregada.
A um gesto de Guyon, a coluna parou.
O primeiro padre apressou o cavalo, passou a coluna e cobriu, com a capa, uma pequena espada presa à sua sela. Curvando-se para a frente, franziu o cenho.
— Vejo apenas dois deles.
— Chamarizes — disse Guyon. — Pode haver outros esperando sob as árvores. — Ele se mexeu na sela e olhou para o rio. — Se há bandidos esperando, eles logo aparecerão. Traga a mula carregada até aqui e tenha os arqueiros prontos.
Na margem oposta, dois cavaleiros cutucaram suas montarias para sair das sombras das árvores em direção à parte rasa do rio, perto da ponte.
Na metade do caminho, viram os homens de Guyon e pararam.
— Por São Radegunde — soou uma voz ao lado de Guyon. — Há um prêmio que vale o roubo.
— Quieto.
— Olhe para ela, Guyon. Apenas olhe para ela.




2 - Contrato de Casamento


Abigail Carpenter assina um contrato de casamento com Bush Tanner, um homem que ela nunca viu, para escapar do assédio de seu primo. 
Ao chegar à cidadezinha longíngua no Meio-Oeste, ela espera que seu noivo venha buscá-la, mas ele não aparece.
Para poupá-la de constrangimento, Caleb Montgomery se prontifica a levá-la até o chalé de Tanner, que está fora da cidade.
Abby resiste à atração que sente por Caleb, já que está prometida ao amigo dele, porém um perigo oculto os aproxima, e Tanner está para chegar a qualquer instante...

Capítulo Um

Victor, Colorado Outubro de 1892
Enquanto a carroça coberta continuava seu caminho, Abigail Carpenter se agarrava à lateral do veículo, tentando se firmar no banco.
Embora William Brady, o condutor da carroça principal, não afastasse sua atenção das mulas que puxavam a carroça, ele tinha consciência do desconforto da passageira.
— Talvez fosse melhor a senhorita ficar dentro da carroça com Sarah.
A estrada não vai melhorar e seria mais confortável. — Sua voz era áspera, porém denotava preocupação com a segurança de Abigail.
— Sim, Abby — Sarah falou de dentro da carroça. — Venha para dentro comigo.
— Prefiro ficar aqui. — Abby sorriu para a mulher mais velha para logo em seguida tornar a olhar para a frente.
— Estou ansiosa para conhecer meu novo lar.
— Ela protegeu os olhos do sol com a mão.
— Talvez fique desapontada, senhorita — Brady declarou. — Victor não é grande coisa. Apenas algumas construções e muita gente. Com certeza nada que valha a pena.
Mas Abby estava ansiosa demais.
Tanto que tinha a boca seca e sentia um aperto no estômago.
Em que situação se metera? Na pressa de escapar de seu primo, assinara um contrato que a uniria a um estranho pelo resto da vida.
A carroça balançou novamente quando as rodas passaram por cima de uma grande pedra, e ela se agarrou com mais força à moldura do veículo até os nós de seus dedos ficarem brancos.
Quando a carroça atingiu o topo da elevação, Abby teve a primeira visão da pequena cidade que seria seu novo lar.
Era um lugar feio, encravado em um lado da montanha como uma aranha monstruosa que estivesse esperando para agarrar um viajante desavisado em sua teia. E Abby realmente fora pega. Por sua própria mão.
Desejava fugir, escapar do destino que a aguardava, mas sabia que era impossível. Assinara um contrato que a uniria a um homem chamado Bush Tanner, e nada poderia desfazer o que já havia sido feito.
Por que agira tão impensadamente?
Se tivesse esperado mais alguns dias, talvez tivesse encontrado outra solução.
Agora era tarde demais.


Série Quando os Sinos Tocam
1 - Pedido de Casamento
2 - Contrato de Casamento
Série Concluída

9 de abril de 2011

Pedido de Casamento



Casamento sem amor?!

Regina tem ideias avançadas para sua época e sonha com o dia em que as mulheres terão os mesmos direitos que os homens.
Ela sabe que é perda de tempo tocar nesse assunto com Jonathan Parker, e decide evitar trocar ideias com o arrogante e prepotente industrial, até o dia em que descobre o lado sensual daquele homem...
Inteligente, espirituosa e linda, Regina é a mulher perfeita para ser a noiva que Jonathan almeja.
Mesmo sabendo que as ridículas ideias feministas de Regina podem ameaçar sua vida estável e organizada, Jonathan está empenhado em cortejá-la.
Mas será que uma união, por mais conveniente e ideal que seja, poderá preencher o vazio de uma vida sem amor?...

Capítulo Um

Estado de Nova York, Inverno de 1889
Era fim de tarde quando Regina Van Buren abriu a porta de sua casa e deparou-se com um estranho. Um vento forte e gelado que vinha do rio Hudson movimentava os flocos de neve que estavam por toda parte.
— Srta. Van Buren? — indagou o homem, com uma voz profunda, mas agradável. Como tinha a gola de seu sobretudo voltada para cima para protegê-lo do frio e a aba do chapéu puxada sobre o rosto, Regina mal conseguia ver-lhe as feições.
— Sim — respondeu ela, estremecendo devido ao vento. E, erguendo o rosto, olhou por sobre os ombros largos do estranho em direção à rua. Como não havia nenhuma carruagem a sua espera, achou que ele teria caminhado direto da estação que ficava na parte sul da cidade. Pouco provável, considerando as terríveis condições climáticas do dia. Mas talvez tivesse vindo da grande casa que ficava logo em frente, por isso Regina supôs que ia finalmente conhecer o misterioso sr. Parker.
— Posso entrar? — ele pediu, batendo as botas para livrá-las da neve. — Está frio demais aqui fora.
— Claro... — Regina afastou-se. Não tinha o que temer, já que não se encontrava sozinha em casa. A sra. Chalmers estava na cozinha, assando pães para o jantar. A corpulenta cozinheira sabia brandir um rolo de macarrão melhor do que muitos homens lidavam com uma espada. Além disso, não era da natureza de Regina temer um desconhecido.
Jonathan entrou na casa com seus olhos cinzentos avaliando a mulher que o tirara do frio. Já a tinha visto antes, embora a distância, e a visão que tinha agora não o decepcionava. Os cabelos castanhos e brilhantes estavam presos em um coque elegante no alto da cabeça e havia cachos caindo dele, o que a deixava com um rosto ainda mais bonito. De maneira ousada, ele baixou os olhos para as curvas do tronco, coberto por uma blusa de renda branca, depois para a cintura fina e, mais abaixo, para os quadris cobertos por uma bela saia de veludo azul escuro. Ela era baixa, quase não lhe chegava aos ombros, mas tinha olhos intensos, de um azul cativante.
— Espero que minha visita não seja inconveniente — Jonathan desculpou-se.
Regina não conseguiu deixar de olhá-lo quando o viu tirar o chapéu, revelando cabelos muito negros. Ele era alto e sua postura parecia militar. Os olhos, de uma cor que variava entre o azul e o cinza, eram um belo complemento para o rosto viril e atraente. Tinham uma expressão que ela logo entendeu como um aviso para que o mundo se mantivesse distante.
— Não, claro que não, sr. Parker — disse, deduzindo que seu visitante deveria ser o enigmático homem que há pouco tempo comprara a fábrica de tecidos. O homem sobre quem a pequena cidade de Merriam Falis vinha comentando há semanas.
Ao fechar a porta atrás de si, Regina avaliava sua reação àquele homem em particular. Normalmente, ela nem sequer olhava para os homens, achando-os todos arrogantes e com atitudes antiquadas.
Mas havia alguma coisa de especial no homem que acabara de entrar. Imaginava se os rumores que ouvira sobre ele seriam verdadeiros.
Com certeza, ele tinha posses. Suas roupas e botas eram refinadas. Falava e se comportava como um cavalheiro, mas, por baixo de toda essa elegância ela podia perceber uma certa sombra em seu caráter, um lado negro em sua alma.