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5 de fevereiro de 2011
Prece de Amor
Idealismo ou Fanatismo?
A paixão iria ajudá-la a encontrar a resposta.
Katherine falava com reverência.
Suas palavras, sempre solenes, defendiam a missão que Deus lhe confiara.
Até ser abandonada, mal passando de uma pálida sombra humana, para ela significava um sinal... do Senhor.
Jed a observava: uma figura delicada que encanta a cabana, como uma flor a espalhar seu perfume.
Katherine, essa doce e meiga mulher que fugia de seus olhares e via pecado em seu desejo.
Tanto tempo ficara sozinho, ansiando pelo corpo macio de uma mulher.
E quando o destino trazia uma jovem a seu refúgio na montanha, tinha de ser missionária?
Capítulo Um
Território do Oregon (atualmente, sul de Idaho)
Setembro, 1846
O dia clareou, lindíssimo. As seis mulas de Katherine, ao sacudir das rédeas, puxavam lentamente o carroção através da pradaria.
A cobertura do veículo resguardava a moça do sol.
Onde estava seu chapéu?Não poderia, absolutamente, deixar de encontrá-lo.
Com os cotovelos fincados nas coxas, Katherine curvou-se sobre o ventre dolorido.
Os olhos, semicerrados, por causa da intensa claridade, apesar de ainda cedo.
Por força do hábito, incitou os animais.
Seis ancas pardas ao longo dos tirantes, orelhas que se agitavam por causa das moscas.
Conduzindo os mais teimosos animais que Deus pôs no mundo, Katherine tinha precária noção de seu próprio destino.
Rangiam as rodas e o madeirame da carroça, enquanto as mulas, seguindo a trilha já sulcada, marchavam pesadamente, não em direção ao fim do mundo, como parecia à condutora do veículo, mas, no máximo, ao fim daquele dia.
Os solavancos da carroça pioravam as cãibras tão incômodas que Katherine sentia na barriga. Disenteria.
Nessa viagem, ela já passara por muitas agonias, sofrera o bastante para saber que isso era assim mesmo.
Não havia por que entrar em pânico.
Admitia que o sofrimento era apenas o meio de que o Senhor se servia para mantê-la alerta. O sacolejar da carroça ia deixando para trás os malditos pedregulhos no caminho.
Cada milha vencida significaria obstáculos que ela não teria de enfrentar novamente. O Senhor estava a seu lado, lhe dava ânimo.
E sua missão? Ficava a oeste, em algum lugar abaixo daquele sol ofuscante.
Outro solavanco da carroça, mais uma dolorida contração do intestino.
O chamado para o serviço religioso lhe dava o privilégio de fazer sacrifícios, e ela tentava desesperadamente crer que essa era a verdade.
Tinha de receber o fardo com alegria, exatamente como Thomas muitas vezes advertira.
Lembrava-se da transparente sinceridade na voz de seu jovem marido, da santa cintilação nos olhos dele, e ela suportava as cãibras, graças a estas recordações, que, certamente, eram dadas por Deus em seu benefício.
— Este é o melhor sinal do chamado de Deus que qualquer homem pode esperar receber, Katherine.
O brilho nos olhos de Thomas era místico, mas suas palavras não eram as que ela esperava ouvir.
Na sala de visitas da casa da mãe dela, Thomas lhe falava, sentado no banco de encosto alto e duro reservado ao diácono.
— O Conselho Missionário decidiu não considerar que eu sou ainda moço e sem maior experiência, e aprovou meu pedido. Isto não significa vangloria de minha parte. Estou certo de que Deus me quer no Oregon. — Pegou-lhe a mão. — Ele nos quer — emendou.
— Mas é tão longe! — Katherine protestou. Estava convencida de que o Conselho Missionário, justamente pelas razões não consideradas, deveria recusar o pedido e a dedicação que ele demonstrava.
Os sonhos dela de morar num presbitério típico da Nova Inglaterra, aninhado entre altos carvalhos, com a igrejinha branca ao lado, estavam tristemente se desvanecendo.
Ela não podia imaginar o que iria substituir esse acalentado projeto. — A viagem será longa e perigosa, e, quando chegarmos lá, quem sabe o quê...
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