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1 de dezembro de 2016

Rumores na corte

Série Casamentos Reais



Uma aliança duvidosa...

Lady Cecily despreza os reféns franceses mantidos na corte. 
Tratados como convidados de honra, não passam de escroques no jogo de sedução. 
Pior: Cecily teme que a princesa seja corrompida. Fadigado pela guerra, tudo o que o cavaleiro Marc de Marcel deseja é voltar para casa. 
Descrente de que seu resgate será pago um dia, ele faz um acordo arriscado com a tentadora Cecily. 
Marc manterá a princesa a salvo, se Cecily o ajudar a fugir. 
Um pacto que abrirá caminho para o escândalo!

Capítulo Um

Smithfield, Londres — 11 de novembro, 1363
Mon dieu, como essa ilha é fria.
O vento gélido afastou o cabelo da testa de Marc de Marcel e penetrou na cota de malha pela gola. Ele deu uma olhada para os cavaleiros do outro lado do campo, imaginando qual seria seu oponente e quem enfrentaria seu amigo francês.
Bem, não faria nenhuma diferença.
— Derrubarei qualquer um do cavalo — murmurou ele.
— O código de conduta dita que a luta deve consistir de duas partes, a primeira com três golpes com a lança — disse o lorde de Coucy — , a segunda com três golpes com a espada. Só então o vencedor será declarado.
Marc suspirou.
Era uma pena as justas terem se tornado tão enfadonhas. Ele bem que gostaria de matar outro maldito inglês.
— Isso é desperdiçar a força do cavalo, e a minha.
— É melhor não ofender aqueles que nos capturaram, mon ami. Se cooperarmos, nossa estada aqui será bem mais tolerável.
— Somos reféns. É impossível tornar nossa estada tolerável.
— Ah, as damas têm esse poder. — De Coucy inclinou a cabeça na direção da arquibancada. — Elas são très jolie.
Marc olhou na direção das damas, sentadas à direita do rei Eduardo. Impossível de distinguir uma da outra. A rainha devia ser aquela vestida com uma capa lilás com bordas de pele, enquanto as outras vestiam tons similares de violeta e cor de canela, pareciam um borrão colorido... com uma exceção.
Uma dama de cabelo escuro adornado com um arco de ouro olhou na direção dele com os braços cruzados e o cenho franzido. Mesmo à distância, ele reconheceu que ela estava tão aborrecida quanto ele, como se estivesse desprezando tudo e todos.
— Bem, o sentimento é mútuo.
Marc deu de ombro. Les femmes Anglaise não eram de sua conta. Havia dois outros monarcas visitantes ao lado do rei inglês Eduardo, supervisionando a liça do torneio.
— Quero impressionar les rois e não as damas.
— Ah, um cavaleiro sempre tenta impressionar as damas — disse o amigo de cabelo escuro, com um sorriso. — Essa é a melhor forma de espantar os homens delas.
Marc se encantara com a habilidade daquele jovem, Enguerrand, lorde de Coucy, em matar o inimigo com um machado; ele era igualmente competente em entoar umachanson para as damas em seguida. Marc o tinha ensinado a lutar, mas não a cantar.
— Como é que você consegue cumprimentar e sorrir para seus captores?
— Isso é para manter a honra da cavalaria francesa, mon ami.
Enguerrand estava falando em preservar a ideia de que os cavaleiros cristãos viviam de acordo com o código de conduta. E Marc bem sabia que era uma falácia. Os homens falavam em fidelidade aos princípios, mas faziam o que bem entendiam.
— A honra francesa morreu em Poitiers.
Durante a Batalha de Poitiers, os comandantes franceses, inclusive o filho mais velho do rei, fugiram covardemente, deixando o monarca para lutar sozinho.
Enguerrand balançou a cabeça.
— Não lutamos mais por isso.
Mas Marc lutava ainda, apesar de a guerra já ter terminado e a trégua, assinada. Ele era refém dos les Anglais, preso naquele lugar estrangeiro gelado. O ressentimento chegava quase a estrangulá-lo.
O arauto interrompeu os pensamentos dele ao dar as ordens aos dois grupos. Enguerrand lutaria primeiro contra o maior cavaleiro do grupo oponente. Pelo menos seria uma luta digna contra o inimigo.
Para ele sobrara um rapaz mais novo. Se não tomasse cuidado, ele seria capaz de matá-lo. Qual seria seu humor de hoje? Estava cuidadoso?
Por todos os santos, como está frio!
Lady Cecily, condessa de Losford, percebeu sua respiração se condensar enquanto olhava para o campo do torneio. A liça estava enfeitada com bandeirolas e faixas vermelhas, azuis, douradas e prateadas. A festa de cores se estendia também às capas dos cavaleiros e aos paramentos dos cavalos. Era um espetáculo digno da realeza. Eduardo III reinava com toda a majestade depois da vitória contra a França.
Cecily ergueu o queixo, esforçando-se para manter a postura digna de sua posição.
É o seu dever.
Ela ainda ouvia a voz dos pais na memória.
— Não é, Cecily?
Ela olhou para Isabella e imaginou o que a filha do rei devia ter dito. A princesa estava acompanhada por outras seis damas. Mas era ela que sempre se distraía.
— Estou certa de que tem razão, milady. — Esta era sempre uma boa resposta.
— É mesmo? — A princesa sorriu. — Achei que você não ligasse para os franceses.
Cecily suspirou. Isabella adorava brincar quando percebia que ela estava distraída.
— Lamento, mas eu não estava ouvindo.
— Eu disse que os franceses parecem ferozes.
Cecily acompanhou o olhar da princesa. Do outro lado da liça, havia dois franceses montados em seus cavalos, ainda sem o elmo. Um deles ela nunca tinha visto. Era um cavaleiro alto, louro e esbelto. Tal qual um leopardo. Uma fera que podia matar alguém com um salto.
— Ele é bonito, você não acha?
Cecily corou, envergonhada por Isabella ter percebido que ela olhava para o refém francês.
— Não gosto de homens de cabelo claro.
Isabella não escondeu o sorriso.
— Estou falando do moreno.










Série Casamentos Reais
1 - Segredos da Corte
2 - Rumores na Corte
3 - Rumors at Court

1 de dezembro de 2015

Segredos da Corte

Série Casamentos Reais



Os perigos da corte.

Anne de Stamford tem sido a guardiã dos segredos de sua ama há muito tempo. as quando lady Joan se casa com o filho do rei, a vida na corte se torna muito mais perigosa. ir Nicholas Lovayne chegou para desvendar o passado de lady Joan, e Anne precisa fazer algo para impedi-lo. nsioso para fugir das intrigas da corte, Nicholas não esperava ser cativado pela bela Anne. la se mantém altiva, apesar da deficiência no pé, e sua atitude semeia em Nicholas um sentimento jamais experimentado. eria ele capaz de cumprir a missão a qual foi designado se todo o seu corpo anseia por Anne?

Capítulo Um

Castelo de Windsor — final de março, 1361
— Venha, rápido. — Um sussurro imperativo perturbou os sonhos de Anne.
Ela sentiu alguém a balançando pelo ombro. Ao abrir os olhos, ainda piscando, viu a condessa segurando uma vela e inclinada na direção dela, no escuro.
Anne fechou os olhos e virou-se para o outro lado. Aquilo só podia ser um sonho. Lady Joan jamais se levantaria no meio da noite. Isso era tarefa dela.
— Anne, está acordada? — A mão delicada da condessa roçou o rosto de Anne.
E ela se levantou de repente, jogando as cobertas para o lado. Com os pés no chão, procurando por algo para calçar.
— O que houve? — Será que havia uma epidemia? Ou talvez os franceses? — Que horas são?
— Está escuro. — Lady Joan balançou a mão. Em seguida, pegou a mão de Anne com firmeza. — Venha, preciso de você.
Anne tentou se levantar, mais desequilibrada do que de costume, e tateou a cama para encontrar a muleta.
— Está aqui. — Lady Joan a entregou na mão dela e, deixando a impaciência de lado, ofereceu ajuda para Anne se levantar.
A condessa costumava ser gentil sempre nos momentos mais inesperados. Ou desejados.
Apoiando a muleta sob o braço esquerdo, Anne mancou pelos corredores do castelo de Windsor. Lady Joan havia colocado o dedo sobre os lábios dela, indicando que deveria andar em silêncio, mas gesticulou para que Anne andasse mais rápido. Como se Anne tivesse algum controle sobre as duas coisas. Ao subir as escadas com dificuldade, ela não poderia ir mais rápido, a não ser que quisesse arriscar a perna boa.
Lady Joan a conduziu pela ala nobre e até a capela. O recinto fazia eco e estaria totalmente escuro se não fosse uma pessoa segurando uma vela perto do altar. Era um homem alto e forte.
Tratava-se de Edward de Woodstock, filho mais velho do rei, príncipe da Inglaterra, sorrindo e sem a postura rígida de guerreiro que não apenas ela, mas toda a Inglaterra e a França conheciam. Lady Joan também estava radiante. E, sem desperdiçar mais nem um olhar para Anne, segurou a mão dele.
— Pronto. Agora, temos uma testemunha.
Não. Aquelas não podiam ser as intenções de lady Joan. Contudo ela, mais do que ninguém, sabia o que iria acontecer e como era importante a presença de uma testemunha.
O príncipe pegou a vela das mãos de lady Joan e a colocou, junto com a dele, sobre uma mesa que servia de altar. As chamas tremeluzentes sombreavam os rostos dos dois, ressaltando o nariz e as maçãs altas do rosto do príncipe e o sorriso de lady Joan. Os dois entrelaçaram os dedos das mãos, uma por cima da outra.
— Eu, Edward, recebo lady Joan como minha esposa…
Anne engoliu em seco e continuou em silêncio. Bem, na certa, Deus gostaria que ela dissesse alguma coisa naquele momento para evitar aquele sacrilégio.
— Para amá-la e respeitá-la, como é o dever de um homem amar sua esposa…
— Vocês não podem fazer isso! Não devem! O rei, vocês têm o mesmo sangue… — Anne finalmente encontrou voz para interferir.
O príncipe a fuzilou com o olhar, impedindo-a de continuar. Eles estavam bem cientes da realidade. Os dois tinham o mesmo avô, o que significava uma união de parentesco muito próxima para a Igreja aceitar o casamento.
— Tudo será como deve ser — disse lady Joan. — Assim que declararmos nossos votos matrimoniais, mandaremos uma petição para o papa — continuou ela. — Ele ignorará o impedimento e poderemos casar na Igreja.
— Mas…










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