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14 de fevereiro de 2009

Filha do Fogo

Série Legado de Merlin

Estes romances estão recheados de sobrenatural,com personagens como dragões e feiticeiros, transportando o leitor à antiga Grã-Bretanha na época dos druidas, guerreiros fortes para enfrentrar batalhas entre o bem e o mal.
Elas são filhas do destino, ligadas por uma herança de magia e amor,muito apaixonadas, corajosas, tudo acontence envolta nas brumas da lenda...



Escócia, 1066
A chama e a espada

A magia flui através das eras no sangue de Vivian de Amesbury, filha secreta de Merlin, perseguida por uma maldição que a impede de conhecer o amor. Dotada de uma segunda visão, Vivian vislumbra um guerreiro normando cruzando um país devastado por batalhas, fazendo-a tremer de medo... e de desejo!
Rorke FitzWarren vai a Amesbury procurar a célebre curandeira que tem poderes para salvar seu soberano, Guilherme, duque da Normandia, dos ferimentos adquiridos em combate. Embora o destino tenha feito de Rorke e Vivian inimigos, surge entre ambos uma paixão tão intensa e frágil quanto uma chama ardente à mercê do vento... e de forças misteriosas. Numa busca que o leva a um mundo além das brumas, Rorke parte à procura da lendária espada que lhe possibilita reivindicar o coração de Vivian para si... e para sempre!

Capítulo Um

Abadia de Amesbury, Outubro de 1066

- Guerreiros inimigos!E o grito de alarme ecoou no ar frio da manhã e foi ouvido na torre da abadia.
Em seu poleiro, o crocitar aflito do falcão juntou-se ao alarme. O gato Nicodemos, que dormia ao lado do braseiro, saltou para o chão e correu para baixo da mesa de madeira.Cuidado, Vivian!
O aviso ecoou como um murmúrio ao longo das paredes da estufa onde cultivavam vegetais e as ervas medicinais para suas poções. Com o coração aos saltos, Vivian de Amesbury correu para a janela estreita e avistou o jovem Tom, filho do ferreiro da vila, no pátio lá embaixo.Tom já cruzava o riacho e descia pela estrada, espalhando o alarme.
A distância, Vivian viu os guerreiros montados emergindo da floresta pela antiga estrada romana. As armaduras de batalha< eram de um tom acinzentado sob o céu de final de outono, e a bandeira que carregavam ostentava uma enorme serpente num campo negro.O medo fez o coração dela contrair-se. Vira a serpente quando consultara o cristal. Agora, a profecia se concretizava. A Inglaterra saxã estava perdida.
Onde estariam seus protetores, o monge, Poladouras e sua velha ama Megwin? Precisava encontrá-los, afinal, poderiam não ter ouvido o alerta sobre os guerreiros inimigos que agora rumavam para a abadia.Como se o cristal pudesse sentir-lhe o medo, cintilou e re-luziu em seu pescoço, emitindo uma luz repentina. Ela correu para os degraus de pedra que conduziam à capela, logo abaixo. Precisava avisar Poladouras e Meg.
O medo crescia em seu peito, o que fez com que descesse correndo a espiral íngreme dos degraus de pedra. Vivian, contudo, conhecia aqueles degraus desde que era um bebê, época em que ela e Meg passaram a viver com Poladouras.Tinham chegado ali em meio a uma jornada incerta. Por sorte, tinham sido recebidas pelo bom monge no pior inverno de que se tinha notícia em Amesbury. Depois que o inverno findara, as duas continuaram na abadia.
Conforme ela crescia e aprendia as práticas de cura com a velha Meg, as manhãs eram passadas na enorme estufa de plantas, entretida com o preparo das antigas poções medicinais. As tardes transcorriam ao lado de Poladouras, aprendendo idiomas, matemática e ciências, conhecimentos que o monge adquirira em suas viagens pelos impérios do Leste.A vida era tranqüila e pacata na abadia, as poucas necessidades preenchidas pela pequena horta que Meg e Vivian tinhamplantado. 
A lã e as fibras de algodão eram fornecidas pelos aldeões por gratidão pela orientação espiritual de Poladouras e pelos tônicos curativos de Vivian.Os aldeões eram pessoas simples, que mal proviam a própria subsistência, mas viviam em uma paz quase idílica. E, como não tinham nada de valor, Vivian estava segura de que não precisavam temer os invasores normandos. Já a abadia de Amesbury caíra em ruína desde que fora abandonada pelos monges. 
Somente Poladouras ficara.Por que, então, pensou aflita, os guerreiros normandos rumavam para lá? O que queriam?Cuidado, minha menina!De novo ela ouviu as palavras urgentes, como se as pedras da torre lhe sussurrassem um aviso.Vivian chegou ao patamar dos degraus e viu de imediato Poladouras que vinha em sua direção com passos trôpegos.
— O jovem Tom... — ela gemeu, ofegante.
— Guerreiros normandos — o monge aquiesceu, com um leve menear de cabeça. — Tal como você previu.Não havia surpresa em sua voz.— O exército do rei Harold sucumbiu — continuou ele com tristeza, a voz se alquebrando no final da sentença. — É um momento trágico para todos os saxões.

Série Legado de Merlin  
1 - Filha do Fogo
2 - Filha da Bruma
3 - Filha da Luz
4 - Sombras de Camelot
5 - Sonhos de Camelot
6 - Filha de Camelot
Série Concluída

Filha da Bruma

Série Legado de Merlin


Escócia, 1066

Apenas um amor incondicional poderá libertá-la!
Refém de um misterioso legado de magia e paixão, Brianna está aprisionada entre dois mundos, o real e o do encantamento, fadada a vagar por florestas e mares, luzes e trevas, para sempre... a menos que algum homem a liberte com o poder do amor verdadeiro!
Tarek ai Sharif está na Escócia para reivindicar as terras que lhe foram prometidas. Ao vislumbrar uma delicada criatura observando-o por entre a densa bruma, o intrépido guerreiro acredita estar sonhando, até descobrir que não se trata de miragem, e sim de uma mulher que lhe inflama o coração com um desejo proibido... que o obriga a escolher entre vingar-se do passado ou lutar pelo futuro, à medida que se aventuram numa fantástica jornada para um mundo de mitos, dragões, antigos tesouros... e um amor mais forte que a magia!

Capítulo Um

Inverness
Brianna acordou com a mão que de repente fechou-se sobre sua boca. A luz tremia pelas paredes do quarto, iluminando as feições do gigante poderoso que se postava sobre ela.
Arregalou os olhos ao reconhecê-lo, e a mão dele se afastou. De longe vinham o som de gritos e um barulho distante, porém inconfundível, de batalha, para além da porta de seu aposento.
— O que é? — Brianna perguntou. — O que aconteceu?
Sem responder, Thomas puxou-a do leito, pegou o maior dos mantos grossos de lã e enrolou-o rápido em torno dos ombros dela.
Sua boca era uma linha dura no meio da barba áspera. O padrão de cicatrizes que rendilhava suas faces ficava mais pavoroso com a expressão sombria na tez avermelhada.
Além da porta, fechada por dentro, os sons da batalha
recrudesciam, mais altos e mais distintos. Horas antes, estavam todos reunidos em torno das canecas de cerveja. Brian-na fora se deitar entre gritos bem-humorados e os desafios de força física dos mais jovens, enquanto os mais velhos cochilavam ao lado da lareira.
Agora, eram sons de uma batalha campal que vinham de dentro da fortaleza.
— Tem de me dizer o que aconteceu, Thomas!
Mas nenhuma explicação passou pelos pensamentos do gigante para conectar-se com os dela, daquela maneira especial que os ligava.
Em vez disso, Brianna sentiu urgência e uma cega obstinação de vontade que falava de perigo, palavras que Thomas não poderia pronunciar porque sua língua fora cortada muito tempo antes.
Os próprios pensamentos de Brianna corriam céleres. Os chefes do Norte tinham se reunido em Inverness para discutir as notícias do Sul, além das fronteiras com a Inglaterra, e a crescente ameaça do invasor viking, Mardigan.
Por mais de vinte anos, Mardigan e seus homens assaltavam os portos da costa e atacavam de surpresa as praias do norte da Escócia. Porém, tornara-se cada vez mais ousado, ao penetrar pelo interior e pelas charnecas para saquear vilas e fazendas.
Mardigan queria muito mais que o butim de alimento e animais. Seus homens estupravam as mulheres, matavam os homens e meninos e queimavam as vilas dos clãs do Norte.
Não fazia segredo do que ambicionava: Inverness, a fortaleza que protegia todo o norte da Escócia.
Queria um domínio pelo casamento, uma aliança que não pudesse ser quebrada, e laços de sangue com os clãs do Norte por intermédio de filhos que nascessem dessa união.

Série Legado de Merlin  
1 - Filha do Fogo
2 - Filha da Bruma
3 - Filha da Luz
4 - Sombras de Camelot
5 - Sonhos de Camelot
6 - Filha de Camelot
Série Concluída

Filha da Luz

Série Legado de Merlin
Nas fronteiras de Avalon, uma profetiza viaja entre o presente e o passado, entre a luz e as trevas, entre o mundo dos mortais e o da magia, entre o perigo de pérfidas batalhas e a glória de uma indescritível paixão!

Inglaterra, 1067


Cassandra de Tregaron herdou de seu pai, o mago Merlin, o dom de transportar-se livremente através do tempo e do espaço. Stephen de Valois, filho de William, o Conquistador, é um guerreiro destemido, determinado a derrotar o maligno combatente Malagraine. Unidos em uma missão que os leva às ruínas de um reino encantado destroçado, Cassandra e Stephen se confrontam com as poderosas forças das trevas que ameaçam o mundo mortal, e com o desafio de um amor que transcende o infinito...


Capítulo Um

Londres, 1067
− Diga-me, filha. O pensamento veio a Vivian, tão facilmente como se o pai estivesse a seu lado, no grande salão da Torre de Londres, e conversasse com ela. Conte-me do que eles estão falando.
Havia uma estranha urgência na voz, conforme os pensamentos se conectavam aos de Vivian, como se ele sentisse algo mais, que não dissesse. Embora pudesse ler-lhe os pensamentos daquela maneira especial que os ligava, o pai fechara os seus para ela.
Vivian parou, nas sombras do grande salão da recém-construída Torre de Londres, a fortaleza onde Guilherme da Normandia, agora rei da Inglaterra, estabelecera a corte. Procurou pelo marido.
Vivian era agora conselheira do rei, como seu pai, Merlin, fora certa vez conselheiro de outro rei. Contudo, o bebê a quem dera à luz fazia pouco tempo exigia sua atenção ainda mais que o rei Guilherme. Naquela noite, porém, ela se vira atraída para a corte por razões que não compreendia, mas sentia, ao longo de suas terminações nervosas, como uma premonição a pairar numa presença pesada no ar e a surgir em inquietantes visões no tecido de uma tapeçaria.


Série Legado de Merlin  
1 - Filha do Fogo
2 - Filha da Bruma
3 - Filha da Luz
4 - Sombras de Camelot
5 - Sonhos de Camelot
6 - Filha de Camelot
Série Concluída

Sombras de Camelot

Série Legado de Merlin

De uma magia perdida num tempo em que a Terra era boa, verde e perfeita, quando havia um lugar chamado Camelot...

Truan Monroe foi criado como órfão numa ilha no mar da Irlanda, mas sua vida é envolta em mistério: ele é também um valente guerreiro, e possui poderes mágicos assombrosos. Uma estarrecedora visão do passado transporta Truan através de um portal no tempo para um reino de brumas e castelos, cavaleiros e magos, guerras e segredos perdidos.
Um frágil cordão une o destino de Truan ao da linda mulher que ele um dia teve nos braços. Apaixonada, Amber segue Truan através dos séculos para aquele mundo de fantasia, mas também de perigo, pois uma cruel armadilha poderá separá-los para sempre... a menos que o amor vença a batalha contra uma força maligna, tão implacável quanto a paixão!

Capítulo Um

Primavera de 1068,Floresta de Camden, País do Oeste


Um esquilo, que recolhia bolotas no tapete espesso do solo da floresta, saltou abruptamente para o tronco de um carvalho retorcido, guinchando, alarmado. Um coelho se ergueu nas patas, as orelhas se contorcendo nervosamente, enquanto uma gralha negra e lustrosa, perturbada em seu assalto a um ninho vizinho, soltou um grasnido estridente e bateu as asas. Um lobo cinzento entrou pela clareira.
Era esguio e de compleição poderosa e se mesclava às sombras da floresta. Seus olhos eram negros como a noite e luziram, quando ele parou e farejou o ar frio da manhã, à procura de um cheiro.
O coelho lançou-se para dentro de tronco oco. Seguro nos galhos ao alto, o esquilo estalou os dentes, enquanto a gralha soltou um grasnido e voou em rasante para defender o banquete de ovos pilhados no ninho saqueado.
O lobo ignorou não só as reclamações barulhentas do esquilo como também os ataques aéreos da gralha; as longas orelhas se lançaram para a frente quando farejou um cheiro diferente que vinha da borda da floresta. Cheiro de gente.
Os olhos negros reluziram. O lobo cruzou a clareira em longas passadas, abandonando a caça fácil do coelho, para se aproximar da nova presa.
O céu estava sem nuvens, de um intenso tom de azul, sob um sol incandescente, que fazia esquecer o longo inverno passado.
Ao alto, uma cotovia dos campos chilreava, um som claro e musical em meio ao preguiçoso zumbir do enxame de abelhas no rododendro silvestre. Como uma mão invisível, a brisa acariciava a grama alta da campina, trazendo com ela o som de conversas e risadas de crianças.
Carroças e carretas postavam-se vazias debaixo da copa espessa de olaias e amieiros. Ali perto, os cavalos estavam amarrados, cochilando de olhos fechados à sombra das árvores, sacudindo as caudas ocasionalmente para afastar as moscas.
Cestas de comida, barricas de vinho e tonéis de cerveja escura trazidas do castelo tinham sido colocados sob as árvores, à espera do retorno dos caçadores e da refeição do meio-dia. Havia longas mesas baixas também trazidas do castelo. Mulheres conversavam em voz baixa, os olhos atentos nas crianças mais velhas, que brincavam de batalha a alguma distância. Ocasionalmente, soava uma risada.


Série Legado de Merlin  
1 - Filha do Fogo
2 - Filha da Bruma
3 - Filha da Luz
4 - Sombras de Camelot
5 - Sonhos de Camelot
6 - Filha de Camelot
Série Concluída

Sonhos de Camelot

Série Legado de Merlin

Da bruma entre as trevas da noite e a luz do alvorecer, a irmã de Merlin emergiu de seu refugio em Avalon para uma Bretanha devastada por batalhas e onde um corajoso guerreiro cativaria para sempre a sua alma!

Inglaterra, 1068


Connor de Lyonesse sempre lutou para preservar a Bretanha para Arthur, o menino-rei que fugira de seu reino quinze anos antes. O leal cavaleiro não acreditava em mitos e contos de fadas. Ele era um soldado, um homem que vivia pela espada e que pela espada morreria um dia. 
Mal sabia Connor que a linda jovem que por pouco não perdera a vida por suas próprias mãos, numa úmida manhã de orvalho, era uma lenda viva que provocaria uma reviravolta arrasadora em sua vida conturbada. Tampouco imaginava que tão frágil criatura fosse capaz de exercer uma magia poderosa em seu coração, a ponto de mantê-lo cativo do desejo e da paixão por toda a eternidade...

Prólogo

Inglaterra, 1068, País Ocidental
Aporta do quarto se abriu lentamente. A luz da lamparina a óleo na parede emoldurou uma jovem esbelta, fazendo faiscar os brilhantes cabelos vermelhos que lhe caíam até a cintura, e iluminou as feições pálidas e os olhos marejados de lágrimas.
Vivian deteve, hesitante, a mão no trinco, tal qual a pouca luminosidade que se espalhava pelo chão de arenito pálido até ser engolida pela escuridão além.
―Não há o que temer‖, repreendeu a si mesma. Vira a morte incontáveis vezes antes, afinal. Porém, em seu coração, Vivian teve de lutar contra a tristeza que a inspirava e trazia novas lágrimas a seus olhos. ―Você sempre foi parte de minha vida, querida. Não posso imaginar que tenha deixado de ser. Que nunca mais ouvirei seus pensamentos a se unir aos meus, a me transmitir seus sábios conselhos; que nunca mais tornarei a sentir sua mão em meu braço num aperto suave de orientação; que você jamais segurará a criança que carrego agora no ventre, assim como segurou a mim e minhas irmãs, quando éramos bebês.‖
Resposta alguma veio de dentro do quarto, da forma como acontecia antes. Talvez se não entrasse, se fechasse a porta e fosse embora...
Era a esperança que lhe falava dentro do peito, porém Vivian sabia que isso não mudaria os fatos. Não encontraria a idosa e amada babá no salão principal lá embaixo, a aliviar a dor dos velhos ossos cansados diante do calor do fogo. Nem a acharia na cozinha, como tantas vezes, instruindo a cozinheira na preparação da refeição da noite. Nem no berçário, a cantarolar doces canções e a embalar o filhinho de Vivian para que dormisse.
Meg não estaria lá. Estava ali, naquele quarto, à espera de Vivian.
Ela deixou seus outros sentidos se expandirem e guiarem-na através da escuridão até a cama onde jazia a ama, trazida até ali depois de ter sido golpeada brutalmente, ao tentar proteger o filho de Vivian dos poderes das Trevas.
―Eu devia ter sentido o perigo. Tinha de estar lá para protegê-la, como você sempre me protegeu. Lamento tanto por ter fracassado, querida!‖
Meg, sua velha ama, se fora.
Vivian estendeu a mão, os dedos a tocar a borda do pano pálido e diáfano, tentando captar a essência da mulher que a criara desde criança. Clara e forte, como se estivesse de pé a seu lado naquele mesmo instante, Vivian sentiu a presença poderosa de Meg.
Aspirou a essência prolongada de ervas fragrantes, que sempre se agarrava às roupas de Meg e agora penetravam por seus sentidos como a eterna primavera. Sentiu-a no calor gostoso que a confortara quando menina e que naquele instante afagava sua face como uma carícia terna. Ouviu-a nas frases suaves que sempre a guiaram, e que então eram sussurradas dentro de sua mente.
− Não chore por mim, minha criança. Estou em paz. Cumpri meu destino.
Porém, quando Vivian tocou a ponta da mortalha, ela se moveu como se agitada por alguma corrente invisível de ar.
Com um murmúrio que Vivian captou com a sensibilidade, a mortalha estirou-se sobre a cama e Meg desapareceu.
Vivian ofegou e puxou a mão para trás.
− Você não a achará aí.
Ela se virou. Seus sentidos se expandiram mais ainda, ao perceber outra presença logo além da escuridão do aposento.
Uma pálida névoa vaporosa se derramava pela janela aberta. Espalhou-se numa lagoa reluzente que brilhava como se captasse e retivesse a luz das estrelas nos céus. Então se expandiu, aos poucos, e se alongou, assumindo o contorno e a forma de um homem, conforme um portal se abria de um mundo para o outro.
− Pai?
Merlin abriu os braços, e Vivian correu para aconchegar-se, como fizera incontáveis vezes quando menina, ao precisar de conforto, abrigando-se na força e no sereno entendimento do pai a respeito de coisas que ela não conseguia compreender direito.


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2 - Filha da Bruma
3 - Filha da Luz
4 - Sombras de Camelot
5 - Sonhos de Camelot
6 - Filha de Camelot
Série Concluída

Filha de Camelot

Série Legado de Merlin

Da bruma entre as trevas da noite e a luz da aurora, a irmã de Merlin emergiu de seu refúgio em Avalon para uma Bretanha devastada por batalhas e onde um corajoso guerreiro cativaria para sempre a sua alma e o seu coração!

Inglaterra, Século XI


Órfã da única mãe que conhecera, Rianne cresceu fora dos limites de Camelot, sem saber que era herdeira de um legado de magia forjado nas brumas de Avalon. Até que um jovem e belo cavaleiro chegou à sua procura, despertando nela anseios e desejos desconhecidos...
Tristão estava preparado para enfrentar em combate o guerreiro inimigo que ameaçava a paz de Camelot. Atendendo ao pedido da mulher que o criara, Tristão partiu em busca da menina que ela enviara para longe de Avalon anos atrás... e o que ele encontrou foi uma jovem linda e apaixonada, cujos poderes imortais determinariam o destino de Camelot e de seu próprio coração!

Prólogo

Camelot
A despeito da cegueira, a curandeira seguiu seu caminho sem hesitação pelos corredores do castelo do rei Arthur.
Não precisava da luz do sol que, durante o dia, se espalhava pelas paredes de pedras de arenito pálido, ou da iluminação brilhante das lamparinas de óleo, à noite, para guiá-la. Em vez disso, era conduzida pela visão interior, que a servia bem melhor, uma percepção de tudo em torno de si que os mortais não conseguiam enxergar.
Seus pensamentos estavam em outro lugar, pois se sentia preocupada com os sonhos perturbadores da noite. Não dormira bem.
Os sonhos assombravam suas noites insones desde que partira de Monmouth, sonhos de sangue e morte em nuvens de bruma, amortalhados em trevas e maldade.
− Se partirmos logo cedo, estaremos em Monmouth ao cair da noite − disse ela, mais para si mesma do que para Grendel.
E se sentiu reconfortada com o fato de que apenas em poucas horas estaria em casa, com Connor.
Grendel estremeceu. Detestava cavalos. Nunca se acostumaria a eles. Arrepiou-se como um galo de briga pronto para o combate.
− É uma viagem de meio dia pelas piores estradas de toda a Bretanha. Só estamos aqui faz quatro dias; meu traseiro ainda está preto e azulado. E já se esqueceu? Temos uma celebração esta noite, em honra do noivado do rei com lady Guinevere. Não podemos partir, seria inconcebível.
Meg não o escutava. Só ouvia ou sentia o sussurro através de seu sangue e a mão gelada que se apertava em torno de seu coração − algo que não escutava ou pressentia fazia tanto tempo que até quase se esquecera.
Parou e fez meia-volta. O olhar sem vida percorreu a parede de um lado do corredor. Seus sentidos imortais captavam algo − uma sombra de Maldade que tentava obstruir a luz do sol, invisível à visão humana. Sentiam a presença do mal encarnado como naquele dia, longo tempo antes, em meio ao anel de pedras eretas.
Morgana.
Fora apenas uma ilusão? O que será que a fazia pensar em Morgana agora, quando não pensara nela em todos aqueles anos?
Morgana lhe roubara a vista. Mas Morgana estava morta, e seus poderes, emanados das Trevas, destruídos. Mesmo assim, a lembrança fez Meg sentir um presságio maligno naqueles sonhos, e no frio que agora penetrava através de seu sangue, tal como acontecera naquele dia, longo tempo antes.
− Quero voltar para casa. O mais depressa possível. Encontre
Tristão. Mande que prepare tudo. Diga a ele que partiremos tão logo eu tenha terminado meu trabalho na enfermaria. Tenho um mau pressentimento...
Tristão e diversos cavaleiros da guarda de Monmouth tinham acompanhado Meg até Camelot. Ele era como um filho para Meg e Connor, um órfão cuja família fora assassinada pelos guerreiros de Maelgwyn naqueles longos anos de terror. Depois disso, quando Arthur se tornara rei, Tristão fora viver com Meg e Connor em Monmouth. Preenchera o vácuo doloroso quando ela perdera seus próprios bebês. E era um filho digno de orgulho.
Meg pouco o vira desde a chegada a Camelot, mas não tinha dúvida de onde poderia ser encontrado. A filha de um dos nobres era sua nova conquista. Ninguém era capaz de resistir à combinação letal de beleza, intensidade de alma e humor adolescentes que poderiam fascinar qualquer moça e fazê-la tirar o vestido para ele.


Série Legado de Merlin  
1 - Filha do Fogo
2 - Filha da Bruma
3 - Filha da Luz
4 - Sombras de Camellot
5 - Sonhos de Camellot
6 - Filha de Camellot
Série Concluída