Mostrando postagens com marcador Sonhos de Camelot. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sonhos de Camelot. Mostrar todas as postagens

14 de fevereiro de 2009

Sonhos de Camelot

Série Legado de Merlin

Da bruma entre as trevas da noite e a luz do alvorecer, a irmã de Merlin emergiu de seu refugio em Avalon para uma Bretanha devastada por batalhas e onde um corajoso guerreiro cativaria para sempre a sua alma!

Inglaterra, 1068


Connor de Lyonesse sempre lutou para preservar a Bretanha para Arthur, o menino-rei que fugira de seu reino quinze anos antes. O leal cavaleiro não acreditava em mitos e contos de fadas. Ele era um soldado, um homem que vivia pela espada e que pela espada morreria um dia. 
Mal sabia Connor que a linda jovem que por pouco não perdera a vida por suas próprias mãos, numa úmida manhã de orvalho, era uma lenda viva que provocaria uma reviravolta arrasadora em sua vida conturbada. Tampouco imaginava que tão frágil criatura fosse capaz de exercer uma magia poderosa em seu coração, a ponto de mantê-lo cativo do desejo e da paixão por toda a eternidade...

Prólogo

Inglaterra, 1068, País Ocidental
Aporta do quarto se abriu lentamente. A luz da lamparina a óleo na parede emoldurou uma jovem esbelta, fazendo faiscar os brilhantes cabelos vermelhos que lhe caíam até a cintura, e iluminou as feições pálidas e os olhos marejados de lágrimas.
Vivian deteve, hesitante, a mão no trinco, tal qual a pouca luminosidade que se espalhava pelo chão de arenito pálido até ser engolida pela escuridão além.
―Não há o que temer‖, repreendeu a si mesma. Vira a morte incontáveis vezes antes, afinal. Porém, em seu coração, Vivian teve de lutar contra a tristeza que a inspirava e trazia novas lágrimas a seus olhos. ―Você sempre foi parte de minha vida, querida. Não posso imaginar que tenha deixado de ser. Que nunca mais ouvirei seus pensamentos a se unir aos meus, a me transmitir seus sábios conselhos; que nunca mais tornarei a sentir sua mão em meu braço num aperto suave de orientação; que você jamais segurará a criança que carrego agora no ventre, assim como segurou a mim e minhas irmãs, quando éramos bebês.‖
Resposta alguma veio de dentro do quarto, da forma como acontecia antes. Talvez se não entrasse, se fechasse a porta e fosse embora...
Era a esperança que lhe falava dentro do peito, porém Vivian sabia que isso não mudaria os fatos. Não encontraria a idosa e amada babá no salão principal lá embaixo, a aliviar a dor dos velhos ossos cansados diante do calor do fogo. Nem a acharia na cozinha, como tantas vezes, instruindo a cozinheira na preparação da refeição da noite. Nem no berçário, a cantarolar doces canções e a embalar o filhinho de Vivian para que dormisse.
Meg não estaria lá. Estava ali, naquele quarto, à espera de Vivian.
Ela deixou seus outros sentidos se expandirem e guiarem-na através da escuridão até a cama onde jazia a ama, trazida até ali depois de ter sido golpeada brutalmente, ao tentar proteger o filho de Vivian dos poderes das Trevas.
―Eu devia ter sentido o perigo. Tinha de estar lá para protegê-la, como você sempre me protegeu. Lamento tanto por ter fracassado, querida!‖
Meg, sua velha ama, se fora.
Vivian estendeu a mão, os dedos a tocar a borda do pano pálido e diáfano, tentando captar a essência da mulher que a criara desde criança. Clara e forte, como se estivesse de pé a seu lado naquele mesmo instante, Vivian sentiu a presença poderosa de Meg.
Aspirou a essência prolongada de ervas fragrantes, que sempre se agarrava às roupas de Meg e agora penetravam por seus sentidos como a eterna primavera. Sentiu-a no calor gostoso que a confortara quando menina e que naquele instante afagava sua face como uma carícia terna. Ouviu-a nas frases suaves que sempre a guiaram, e que então eram sussurradas dentro de sua mente.
− Não chore por mim, minha criança. Estou em paz. Cumpri meu destino.
Porém, quando Vivian tocou a ponta da mortalha, ela se moveu como se agitada por alguma corrente invisível de ar.
Com um murmúrio que Vivian captou com a sensibilidade, a mortalha estirou-se sobre a cama e Meg desapareceu.
Vivian ofegou e puxou a mão para trás.
− Você não a achará aí.
Ela se virou. Seus sentidos se expandiram mais ainda, ao perceber outra presença logo além da escuridão do aposento.
Uma pálida névoa vaporosa se derramava pela janela aberta. Espalhou-se numa lagoa reluzente que brilhava como se captasse e retivesse a luz das estrelas nos céus. Então se expandiu, aos poucos, e se alongou, assumindo o contorno e a forma de um homem, conforme um portal se abria de um mundo para o outro.
− Pai?
Merlin abriu os braços, e Vivian correu para aconchegar-se, como fizera incontáveis vezes quando menina, ao precisar de conforto, abrigando-se na força e no sereno entendimento do pai a respeito de coisas que ela não conseguia compreender direito.


Série Legado de Merlin  
1 - Filha do Fogo
2 - Filha da Bruma
3 - Filha da Luz
4 - Sombras de Camelot
5 - Sonhos de Camelot
6 - Filha de Camelot
Série Concluída