A jovem Georgiana Knight usa seu nome com orgulho.
Também herdou algo mais de sua tia, a notória Duquesa de Hawkscliffe que, com seus amantes, escandalizou toda a Alta Sociedade.
Georgiana sente sua mesma paixão pela vida e rejeita as convenções, se tem que amar, se tem que casar-se, só o fará livremente e somente com o homem que a trate como igual.
Entretanto, duvida que possa encontrá-lo no reduzido círculo que nasceu e foi criada, da classe dirigente inglesa na Índia.
Até que uma fragata chega a Calcutá e entre seus passageiros desce Ian Prescott, um Diplomata com uma importante missão secreta.
Capítulo Um
Índia, 1817
Sob um céu incisivo, azul como as plumas do pavão, a cidade de Calcutá, calcinada pelo sol, estendia-se ao longo de um meandro do Rio Hooghly perfilado de palmeiras, como uma tapeçaria viva ou um delicioso xale de seda, que ondeasse ao compasso de uma brisa carregada do aroma das especiarias.
Os bandos de pássaros revoavam em torno dos pináculos arredondados dos antigos templos hindus, e os fiéis, à entrada dos portões de tamanho sobrepostos, com túnicas com as cores vivas das flores, banhavam-se na escadaria de pedra que desaparecia nas águas.
O ruidoso mercado se estendia ao longo da nebulosa borda, em uma tumultuosa confusão de postos e bancas dedicadas ao regateio que ofereciam toda sorte de artigos, desde tapetes afegãos, até afrodisíacos preparados com chifre de rinoceronte.
Longe das povoadas bordas, o rio era um enxame de transações comerciais, típico da capital da Índia britânica.
O monopólio que a Companhia das Índias Orientais exercia há tempos foi cancelado, era época de fazer fortuna, e águas turvas, ganho de pescadores.
Os mercados e os comerciantes instalados no cais carregavam produtos destinados a mundos longínquos, em embarcações de plataforma redonda.
Entretanto caos e exuberância, um veleiro de fundo plano atracava em silêncio.
Um inglês alto e imponente, de mandíbula cinzelada e firme, estava debruçado na amurada.
Destacava entre a multidão por sua formidável estatura, seus olhos de lince, imóveis, e a discrição elegante de seu traje londrino, enquanto a suas costas os marinheiros sujos e descalços, se apressavam em jogar a âncora e recolher as velas, concentrados em suas tarefas.
O homem de olhos verdes e cabelo escuro, com traços sérios e aristocráticos escrutinava o panorama que oferecia o cais e vigiava com ar espectador, enquanto refletia sobre sua missão...
Cada ano, no fim de setembro, quando minguavam as chuvas torrenciais da monção o céu se limpava e as revoltas águas das enchentes retrocediam, começava a mais sangrenta das estações, a temporada da guerra.
Os tambores soavam e os exércitos se concentravam a muitos quilômetros de distância.
Era o mês de outubro.
O terreno começava a secar e, por sua dureza, logo estaria viável para as carruagens e as cargas de cavalaria.
A matança era iminente.
A menos que pudesse impedi-lo.
Olhando para um lado, Ian Prescott, Marquês de Griffith, examinou as barcaças próximas, com a segurança de quem sabe que o seguem.
Nada novo sob o sol. Ainda não vira seu perseguidor, mas em sua profissão os homens desenvolviam um sexto sentido sobre esses assuntos ou não viviam para contá-lo. De todos os modos, a situação não o preocupava.
Era mais duro de cortar que qualquer outro Cortesão da época, o que já comprovaram, para sua desgraça, assassinos enviados por distintos Governos estrangeiros. Escondido sob uma indumentária de confecção impecável levava um discreto arsenal, além disso, as potências coloniais que rivalizavam na região, não podiam assassinar um Diplomata de sua posição sem provocar um incidente internacional.
Mesmo assim teria se encantado em saber quem o seguia. — Será francês?
Trilogia SpiceEntretanto, duvida que possa encontrá-lo no reduzido círculo que nasceu e foi criada, da classe dirigente inglesa na Índia.
Até que uma fragata chega a Calcutá e entre seus passageiros desce Ian Prescott, um Diplomata com uma importante missão secreta.
Capítulo Um
Índia, 1817
Sob um céu incisivo, azul como as plumas do pavão, a cidade de Calcutá, calcinada pelo sol, estendia-se ao longo de um meandro do Rio Hooghly perfilado de palmeiras, como uma tapeçaria viva ou um delicioso xale de seda, que ondeasse ao compasso de uma brisa carregada do aroma das especiarias.
Os bandos de pássaros revoavam em torno dos pináculos arredondados dos antigos templos hindus, e os fiéis, à entrada dos portões de tamanho sobrepostos, com túnicas com as cores vivas das flores, banhavam-se na escadaria de pedra que desaparecia nas águas.
O ruidoso mercado se estendia ao longo da nebulosa borda, em uma tumultuosa confusão de postos e bancas dedicadas ao regateio que ofereciam toda sorte de artigos, desde tapetes afegãos, até afrodisíacos preparados com chifre de rinoceronte.
Longe das povoadas bordas, o rio era um enxame de transações comerciais, típico da capital da Índia britânica.
O monopólio que a Companhia das Índias Orientais exercia há tempos foi cancelado, era época de fazer fortuna, e águas turvas, ganho de pescadores.
Os mercados e os comerciantes instalados no cais carregavam produtos destinados a mundos longínquos, em embarcações de plataforma redonda.
Entretanto caos e exuberância, um veleiro de fundo plano atracava em silêncio.
Um inglês alto e imponente, de mandíbula cinzelada e firme, estava debruçado na amurada.
Destacava entre a multidão por sua formidável estatura, seus olhos de lince, imóveis, e a discrição elegante de seu traje londrino, enquanto a suas costas os marinheiros sujos e descalços, se apressavam em jogar a âncora e recolher as velas, concentrados em suas tarefas.
O homem de olhos verdes e cabelo escuro, com traços sérios e aristocráticos escrutinava o panorama que oferecia o cais e vigiava com ar espectador, enquanto refletia sobre sua missão...
Cada ano, no fim de setembro, quando minguavam as chuvas torrenciais da monção o céu se limpava e as revoltas águas das enchentes retrocediam, começava a mais sangrenta das estações, a temporada da guerra.
Os tambores soavam e os exércitos se concentravam a muitos quilômetros de distância.
Era o mês de outubro.
O terreno começava a secar e, por sua dureza, logo estaria viável para as carruagens e as cargas de cavalaria.
A matança era iminente.
A menos que pudesse impedi-lo.
Olhando para um lado, Ian Prescott, Marquês de Griffith, examinou as barcaças próximas, com a segurança de quem sabe que o seguem.
Nada novo sob o sol. Ainda não vira seu perseguidor, mas em sua profissão os homens desenvolviam um sexto sentido sobre esses assuntos ou não viviam para contá-lo. De todos os modos, a situação não o preocupava.
Era mais duro de cortar que qualquer outro Cortesão da época, o que já comprovaram, para sua desgraça, assassinos enviados por distintos Governos estrangeiros. Escondido sob uma indumentária de confecção impecável levava um discreto arsenal, além disso, as potências coloniais que rivalizavam na região, não podiam assassinar um Diplomata de sua posição sem provocar um incidente internacional.
Mesmo assim teria se encantado em saber quem o seguia. — Será francês?