Daphne Fairchild fez um deslize que compromete sua reputação, então ela não tem escolha a não ser aceitar o casamento de conveniência que eles organizaram para ela.
Além disso, ela deseja escapar da tirania de um pai odioso e cruel. Lord Radcliffe decide que o casamento com uma rica herdeira provincial é o que ele precisa para salvar a propriedade da família, assombrada pelos credores, desde que consiga fazer sua nova esposa entender que o amor não entra em seus planos. Parece que os dois concordam em manter uma coexistência suave, até que Michael começa a descobrir seus sentimentos e tudo toma um novo rumo.
Capítulo Um
Setembro de 1815
Michael Radcliffe, barão de Castel, desmontou do cavalo, exausto. Acabara de chegar a Northumberland vindo da Escócia, onde seu bom amigo Alexander se casara. Algo que ele também faria em breve, se aquela visita fosse bem, pois lá encontraria aquela que poderia se tornar sua esposa. A casa à sua frente era modesta, pequena e isolada. Não tinha visto nenhuma outra na estrada há pelo menos uma hora. Não parecia uma propriedade que combinasse com seu proprietário. Ao invés disso, estava em harmonia com o clima da região, tinha uma aparência fria e robusta.
— Senhor, levarei o cavalo para o estábulo — informou o rapaz enquanto segurava as rédeas de Balio. — Precisa de algum tratamento especial?
— Não, apenas dê a ele o que beber, ele comeu não faz muito tempo. Deixe-o descansar, ele merece. — Ele deu um tapinha no pescoço do animal.
Ele subiu as escadas que levavam à porta da frente e, antes que chamasse, ela se abriu. O mordomo o cumprimentou.
— Bom dia, quem devo anunciar?
— Eu sou lorde Castel.
— Bem-vindo milorde, estávamos esperando por você. — Ele o convidou a entrar e pegou o casaco. — Agora mesmo vou procurar Miss Fairchild.
O fez entrar numa pequena sala em tons de azul e, quando o mordomo saiu, Michael deixou-se cair na otomana. Em alguns minutos, finalmente encontraria Miss Fairchild. Como seria? Ele nem sequer sabia o nome dela. Só conhecia a sua idade, dezoito anos, que era neta de um conde e filha de um comerciante. E que ela estava envolvida em um escândalo..., por isso que seu pai lhe ofereceu essa quantia exorbitante em troca de se casar com ela. Ele precisava desse dinheiro. O barão, após a morte, havia lhe deixado uma grande dívida. Tudo o que restava era que ela aceitasse esse casamento.
— Srta. Fairchild, lorde Castel está esperando por você na sala azul.
Daphne deixou o livro cair no colo, assustada.
— Já está aqui?
— Sim, senhorita — respondeu seu mordomo, Wilson, entrando na biblioteca.
— Você foi procurar minha mãe?
— Ela não está em casa. Partiu há mais de uma hora para a cidade.
O que ela poderia fazer? Não deveria receber um homem sem acompanhante. Embora, se o fizesse, ninguém descobriria. Encontravam-se longe da civilização e sua reputação já não poderia piorar. Mas ainda assim, ela estava nervosa. Como seria? Agradar-lhe-ia? Que besteira, pensou, o que importava se eles se gostavam ou não? O que interessava a ele era seu dinheiro e a ela, a ideia de deixar esse exílio e não ter mais que se esconder.
— Bem, eu vou agora.
Levantou-se, deixou o livro no lugar e respirou fundo. Ela foi para a sala, mas parou no corredor para verificar sua aparência. Bufou frente à imagem que o espelho lhe olhou de volta. Seus cabelos eram irremediavelmente lisos e sem forma. Cada vez que sua criada fazia um penteado, ele mal durava, enquanto os cabelos escorregavam e tendiam a achatar. Normalmente, ela recolhia a um simples e apertado coque para que durasse mais e, no caso de se desmanchar, poderia refazê-lo sem ter que recorrer à donzela. O problema era que esse coque a favorecia muito pouco. Além disso, estava usando um vestido velho que costumava usar para trabalhar no jardim. Ficava grande nela e estava sujo. Pensou em se trocar, mas desistiu da ideia. Lembrou que este homem só casava com ela pelo dinheiro, independente de qual fosse sua aparência. Ela respirou fundo e abriu a porta do quarto azul sem fazer barulho. A princípio, pensou que a sala estava vazia, mas uma cabeça que aparecia pela otomana permitiu que ela localizasse seu ocupante. O homem tinha cabelos curtos, embora o suficientemente compridos para estar bagunçados. Os raios de sol que atravessavam a janela davam a seu cabelo reflexos avermelhados e dourados. Inexplicavelmente, Daphne experimentou o desejo de passar a mão pelos cabelos desgrenhados. Ele deve ter notado a presença dela, desde que virou a cabeça e, vendo-a, levantou-se ereto, como ele era alto! Ele era magro, mas com ombros largos. Não era tão alto quanto seu primo Tom, que tinha um metro e noventa, mas ao lado dela, que tinha pouco mais de um metro e cinquenta, parecia um gigante. Lembrando-se das boas maneiras que sua governanta havia incutido nela desde criança, ela se curvou numa mesura perfeita.
— Lorde Castel, é uma honra receber sua visita.
Quando ela olhou para ele novamente, pôde ver a grande perplexidade do cavalheiro.
— Com licença, mas você é...
1- O Amor era seu destino
1,5- Herói Escocês
2- Medo de amar
série concluída