Shelley Bradley
Inglaterra, 1490
Dias de batalha, noites de paixão!
Guerreiro altivo e destemido, Kieran Broderick tem sangue irlandês, mas é leal à Coroa Britânica.
Por isso, quando o rei inglês decreta que ele se case com uma irlandesa para aplacar uma rebelião, Kieran concorda, embora com relutância.
Recém-nomeado conde de Kildare, Kieran viaja para o Castelo de Langmore, a fortaleza dos implacáveis O’Shea, a fim de escolher sua noiva.
No entanto, ao se decidir pela linda Maeve, que parece ser também dócil e submissa, Kieran se confronta com a mais difícil batalha de sua vida.
Maeve é tudo, menos dócil e submissa, e se recusa a partilhar com ele o leito nupcial. Mas Kieran está determinado a conquistá-la, mesmo sabendo que, para isso, terá de transpor a sólida muralha que protege o coração de sua noiva rebelde…
Sheen Palace, Londres, Meados de janeiro de 1490
Ao raiar da madrugada sobre o Tâmisa, finalmente Kieran se aninhou na cama, buscando o necessário repouso, após uma magnífica noite de prazer.
Espreguiçou-se e virou de barriga para baixo, ajeitando-se no travesseiro. Não foi por muito tempo. Pesados passos próximos à porta e o ruído de alguém invadindo o quarto interromperam o seu conforto.
Kieran pegou o punhal do chão e sentou-se.
Com a loira sobrancelha arcada em indagação, Aric o saudou.
— Pretende me apunhalar?
—Que tal bater antes de entrar? — reclamou Kieran, esfregando os olhos.
— Ainda deitado, com o dia claro?
Irritado, Kieran indicou as venezianas meio fechadas.
— O sol mal apareceu. O que há?
— Esta janela dá face para o oeste. O sol ergueu-se no leste há mais de duas horas, e eu também.
Suspirando, Kieran encarou o amigo de quase vinte anos. Aric, por ser mais velho, julgava-se mais sabido e com direitos sobre os amigos mais novos.
— O objetivo da minha vida não é erguer-me junto com o sol; quero apenas descansar. Se tivesse passado a noite que passei…
— Com uma mulher ardente como Gwenyth, o que o faz pensar que minhas noites possam ser calmas? — Aric indagou como que o desafiando.
Kieran o repreendeu.
— Ela terá um filho dentro de um mês.
Uma gargalhada do fundo do peito mostrava que Aric se divertia.
— Isso não quer dizer que Gwenyth esteja morta…
— Mas em estado interessante…
— Desde quando ela é tão frágil?
— Certo. — Gwenyth sempre fora cheia de fogo, da língua afiada à bravura. — Mas ela perdeu o último o bebê.
— Não perderá esse — respondeu Aric, como se fosse uma jura. — A criança cresce forte e firme.
Sabendo que o assunto perturbava Aric, Kieran perguntou:
— Quais as novidades de Guilford? Recuperou-se da febre?
— Sim, Drake e Averyl chegaram há duas semanas e contaram que, na véspera da partida deles, Guilford parecia estar se recuperando, graças a Deus.
— Mas isso é mesmo uma boa notícia.
— Drake contou que Averyl espera outro bebê para o verão.
— Mais festa!
Kieran gostava muito de Averyl. O coração bondoso da jovem muito ajudava o amigo Drake. As duas crianças davam grande alegria ao escocês; e agora, chegaria uma terceira!
A felicidade de Aric e Drake o alegrava sobremaneira. Também o alegravam todas as crianças em quem pudesse fazer cócegas e provocar. O mais velho de Drake, Lochlan, um menino de três anos, estava cada dia mais ousado. A menina, Nessa, começara a andar no início do outono. Com a ajuda do Senhor, Aric e Gwenyth também acrescentariam uma criança à família que Guilford mantinha unida com sua enérgica afeição.
Kieran não poderia estar mais feliz pelos amigos. Haviam vencido contendas políticas, acusações falsas e muita angústia, mas agora tinham amor. Entretanto, ele não tinha a menor intenção de seguir o exemplo. Amor e casamento não valiam tanto aborrecimento e trabalho.
No dia seguinte partiria para a Espanha, em suas viagens lucrativas de mercenário. Hoje aproveitaria o conforto que os castelos e as senhoras ofereciam-lhe.