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16 de outubro de 2011

Novos Horizontes

Trilogia Cameron
A guerra acabou e o Sul era uma nação conquistada…
 
mas Christa Cameron sempre será uma rebelde de coração e jamais renunciará a Cameron Hall, a mansão familiar que ela salvou durante os anos de luta fratricida.
Para evitar que seja expropriada, fará tudo… como arrastar o coronel ianque Jeremy McCauley a um casamento que nenhum dos dois deseja.
Jeremy, convencido de que a vitória pode ser tão amarga como a derrota, estava ansioso para enterrar o passado.
Caso tivesse que construir um novo país e novos sonhos, teria que ser longe da lembrança da guerra civil: nas selvagens e inóspitas terras do oeste.

Capítulo Um

Cameron Hall, Planícies da Virgínia,
Junho de 1865

Fazia tanto calor, que o sol reverberava no chão e criava a impressão de que os campos e a terra ondulavam. A umidade era tão intensa como ardente era o dia.
Christa Cameron, extenuada pelo calor, ergueu-se de repente. Arqueou as doloridas costas para trás e deixou cair à pá com  que esteve limpando a terra dos tomateiros. Fechou os olhos um momento e depois voltou a abri-los.
Quando olhava  para o rio, tinha a sensação que os últimos anos não existiram. A corrente fluía como sempre aconteceu. O sol também refletia sobre o rio, e a água parecia azul e negra. Nesta distância, parecia quieto. Seu pai sempre dizia que um verão na Virgínia era como um verão no inferno. Mais calor inclusive que o sul, na Geórgia ou na Florida, ou na Califórnia. À noite, o rio ajudava a refrescar um pouco, mas durante o dia não servia para nada. Mesmo assim, o calor era algo que ela conhecia muito bem. Viveu  com ele toda sua vida. A casa havia sido construída para aproveitar melhor a brisa.
Christa virou o corpo e olhou para a casa. O rio poderia não ser tão transparente durante as tempestades dos últimos quatro anos, mas a casa era muito evidente. Havia gretas e a pintura estava descascada, tábuas soltas e aquele degrau da varando de trás que ainda estava consertado. Alguns buracos de balas do dia que a guerra tinha chegado até eles. Ao olhar para a casa sentiu-se indisposta, inclusive ficou enjoada. Então a raiva e a amargura a dominaram e os dedos dela tremeram.
Devia agradecer porque a casa continuava em pé. Tantas mansões bonitas ficaram reduzidas a cinzas; em todas as partes viam-se chaminés solitárias, surgindo como inquietantes espectros da terra queimada. Cameron Hall, sua casa, continuava em pé. Os primeiros tijolos foram colocados no século XVII. O edifício era uma grande dama, se é que alguma vez tinha existido isso. No centro da planta baixa havia um imenso vestíbulo com enormes portas duplas, que davam para o a varanda da frente para a  traseira que podiam abrir-se por completo para deixar entrar a brisa, e para que uma multidão de homens e mulheres vestidos com suas melhores roupas e joias se divertissem e dançassem no jardim iluminado pela lua.
E agora, até a grama estava destroçada.
Mas a casa continuava em pé! Isso importava mais que qualquer outra coisa. Até poderia ser que as majestosas colunas das varandas necessitassem de uma nova pintura, mas resistiam ao tempo. Nenhum incêndio as arrasou, nenhum canhão as derrubou.
E apesar da pintura descascada, três quartas partes dos campos mantinham-se férteis, seu lar continuava em pé e em funcionamento graças a ela.
Os ianques receberam ordens de não tocar na propriedade graças a Jesse. Ele era o primogênito, de modo que a propriedade era dele por lei. E Jesse lutou pela União. Os rebeldes, por sua vez, respeitaram a casa porque seu irmão Daniel lutou com o Sul. Em uma ocasião os ianques estiveram a ponto de incendiá-la, mas durante alguns minutos felizes e gloriosos toda a família, ainda não dividida entre ianques e rebeldes, permaneceu unida e brigou para preservá-la.
Todos juntos lutaram por isso, mas era ela quem cuidou e conservou a casa. Ela ficou ali quando Jesse foi para o norte e Daniel partiu para o sul. Ela aprendeu a cuidar da horta quando muitos dos escravos, a quem seus irmãos concordaram em libertar, começaram a perguntar-se se podiam ganhar a vida de algum modo no Norte. Ela os viu partir... e viu alguns poucos retornarem. Ela aprendeu a trabalhar na horta, aprendeu a plantar, a arar, a recolher o algodão. Inclusive reparou o teto do escritório de Jesse quando começou a gotejar.
Trilogia Cameron
1 - Amantes e Inimigos
2 - Tempo Rebelde
3 - Novos Horizontes
Trilogia Concluída

24 de setembro de 2011

Tempo Rebelde

Trilogia Cameron
Quando chegou a guerra, Daniel Cameron vestiu sem duvidar o uniforme cinza da Confederação. 

No meio do fragor dos canhões, sonhava com a plantação na Virgínia onde foi feliz e afortunado junto com seus irmãos, amigos e serventes.
Sonhou com esse mundo evanescente até que uma bala cruzou em seu caminho e despertou junto ao anjo que salvou a vida.
Callie Michaelson acolheu o ferido e entregou apaixonadamente ao homem, sem renunciar a seus ideais ianques nem à memória do marido que morreu lutando contra os rebeldes. Até que um dia o eco da violência fratricida chegou às portas de sua fazenda e obrigou a trair seu inimigo.
Ele jurou vingar e ela se esforçou por esquecer, por apagar de sua vida a lembrança daqueles dias nos que a morte e o ódio pareciam muito longínquos.
Mas de noite Callie seguia ouvindo as palavras daquele coronel sulino que cuidou e que amou: “Voltarei para buscar”...


Capítulo Um

Sharpsburg, Maryland
Setembro de 1862

Assim que Daniel caiu, a realidade e os sonhos começaram a se fundir.
Eles chegaram a cavalo rodeados de glória, uma unidade de cavalaria com cavaleiros extraordinariamente destros, todos em suas fabulosas montarias, espadas brilhando ao sol do verão, os chapéus com plumas voando como os estandartes de antigos cavalheiros. Ah, mas isso é o que eram, os últimos cavalheiros; lutavam pela honra, pela glória, pelo amor, pela intangível essência que personificava um povo...
Não, isso era o que foram. O amor ainda estava lá, assim como os sonhos de honra. Mas estava há muito tempo lutando para continuar a acreditar na glória da guerra. E vistos de perto, nem ele nem seus cavaleiros eram tão esplêndidos. Tinham os uniformes  rasgados e esfarrapados, suas botas estavam gastas, os rostos magros e surrados. Sim, cavalgavam com suas espadas de aço brilhando ao sol da manhã, e quando gritavam suas ordens rebeldes eram tão ferozes como magníficos e impressionante de se ver. Cavaleiros do destino, cavaleiros da morte.
Ele não havia perdido seu cavalo enquanto esteve engajado em uma batalha. Não enquanto  batia com a espada com homens vestidos de azul, cujas caras não ousava olhar de muito perto.
Foi uma bala de canhão que explodiu justo nos calcanhares o que derrubou do cavalo. Durante poucos, breves e vibrantes minutos que pareceram vacilar entre a vida e a morte, soube o que era voar. Tudo foi tão indolor...
Mas depois desabou contra o chão e a terra o abraçou com avidez. Foi então quando apareceu a dor abrasadora e aguda, que perfurou suas têmporas, inclusive quando a grama perfumada e fértil campo de Maryland seduziu sua pele. Nesse momento chegou uma escuridão repentina e inóspita.
E então os sonhos.
Durante um instante ouviu o terrível assobio dos canhões, viu as chamas que ardiam contra o precioso azul do céu de verão. Ouviu e sentiu os cascos dos cavalos, o som metálico do aço e os horríveis gritos dos homens. Depois desapareceu, como se uma brisa pura e limpa tivesse varrido tudo.
O rio James. Ele podia sentir a brisa que vinha do James, aquele doce frescor que acariciava seu rosto. Ele podia ouvir o zumbido das abelhas. Ele estava deitado na grama na encosta do gramado em casa, em Cameron Hall, olhando para o céu azul acima, observando as nuvens brancas soprando à deriva. Ouvia os cânticos lá abaixo, no defumador. Algo suave e monótono, espiritual. Soava uma voz masculina profunda e grave e um coro de lindas vozes femininas ao redor. Não precisou abrir os olhos para ver o defumador e a casa, e a interminável ladeira de grama verde onde ele jazia que baixava até o rio, e o cais do rio e os navios que vinham para transportar a colheita ao mercado. Tampouco precisou abrir os olhos para ver o jardim, repleto de brilhantes rosas vermelhas do verão como uma tapeçaria encantadora que desciam pelo atalho, que partia da enorme e ampla varanda alpendre da parte de atrás da casa. Conhecia tudo aquilo como a palma de sua mão. Era sua casa e a amava.

Trilogia Cameron
1 - Amantes e Inimigos
2 - Tempo Rebelde
3 - Novos Horizontes
Trilogia Concluída

23 de julho de 2011

Trilogia Cameron

Trilogia Cameron
Veemente e orgulhosa, Kiernan é uma mulher leal, leal ao sul e a um estilo de vida que agora vê desaparecer. 
Mas também é uma mulher apaixonada na infância pelo primogênito de uma grande plantação da Virgínia que decidiu unir ao norte e lutar contra os seus, quando o país se partiu em dois. E ela decidiu esquecê-lo, brigar contra ele e odiar para sempre. Valente, teimoso e enormemente atraente, o coronel Jesse Cameron viu agora o uniforme azul do exército ianque. Também é o homem que entregou há tempos atrás seu coração a uma jovem bonita e rebelde. Mas isso foi antes que a guerra mudasse tudo, antes que seu país se partisse em dois, antes que ela jurasse esquecê-lo, brigar contra ele e odiar para sempre.
A guerra os separou, mas um destino cruel os uniu de novo.


Capítulo Um

Harpers Ferry, Virgínia.
16 de outubro de 1859, meia-noite.

—Soou um tiro!
Kiernan sentou na cama. Lacey Donahue, com seu cabelo escuro coberto com um gorro de dormir, aproximou uma vela aos pés de sua cama e inclinou sobre ela, angustiada.
Meio adormecida, Kiernan tentou compreender o que estava acontecendo.
—Um tiro? Quem foi?
—Não sei! —murmurou Lacey.
—Quando? Onde?
—Não sei, mas sei que ouvi! —Insistiu Lacey.
—Lacey, eu não ouvi nada — disse Kiernan para acalmá-la.
Sua gordinha anfitriã se aconchegou aos pés da cama e Kiernan se deu conta que Lacey precisava de companhia.
— Alguma coisa acontece na rua. Eu acordei e vi as pessoas fora! —disse Lacey.
—Lacey, fora onde? A rua é pública — começou a dizer Kiernan, mas Lacey a interrompeu nervosa.
—Não, querida! Há estranhos armados rondando por aí. Não, espera, não rondam, movem-se às escondidas. Por Deus, Kiernan, tente entender o que quero dizer. Ali fora há pessoas que não têm direito de estar lá!
Kiernan pulou da cama, correu para a janela e puxou as cortinas. Olhava ao longe, para a esquerda, via Potomac e os trilhos da ferrovia que ia até Maryland. Um pouco mais perto, distinguiam os edifícios da fábrica de armas. A lua já saia e seu pálido reflexo iluminava a rua.
—Eu não vejo nada — disse.
—Afaste-se! —advertiu Lacey— Não deixe que a vejam!
Kiernan escondeu um sorriso e se afastou. Olhou para o exterior e pensou em como a cativavam a noite e a beleza das montanhas e os vales daquele lugar, onde confluíam os rios Potomac e Shenandoah. Havia uma bonita lenda sobre Shenandoah, a donzela a índia que amou tanto e tão intensamente seu valente Potomac; suas lágrimas formaram aqueles rios quando ambos se separaram.

Trilogia Cameron
1 - Amantes e Inimigos
2 - Tempo Rebelde
3 - Novos Horizontes
Trilogia Concluída