Tudo começou com um beijo atrevido...
Alanis era, sem sombra de dúvida, o tesouro mais precioso e exótico que o príncipe Stefano Sforza poderia sonhar em conquistar.
Os motivos dele, porém, eram bem mais secretos do que a velada promessa de possuir o corpo tentador daquela jovem voluntariosa.
Navegar pelas águas cor de turquesa dos mares do
Caribe era apenas um meio para alcançar seu principal objetivo: reivindicar o que lhe pertencia por direito... e cobrar uma dívida de sangue daqueles que o haviam traído.
Confortavelmente noiva de um aristocrata, Alanis não fazia idéia das inebriantes emoções envolvidas no verdadeiro jogo de sedução... jogo que o enigmático príncipe parecia adorar fazer com ela. Arrebatada numa aventura que em pouco tempo revelaria o cavalheirismo e o caráter sob a aparência cruel e implacável, Alanis sentiu que pouco a pouco se rendia ao sensual fascínio de seu captor...
Capítulo Um
Índias Ocidentais, Setembro de 1705
As fortes batidas à porta do camarote despertaram Alanis. Entorpecida de sono e do intenso aroma de sal e mar a se derramar pelas vigias abertas, ela se sentou na cama esfregando os olhos.
— Minha dama, posso entrar? É urgente! — exclamou John Hopkins, primeiro-imediato do Berilo Rosado. Após trazer as cobertas até o alto do peito, Alanis deu um profundo suspiro.
— Sim, sr. Hopkins. Entre. A porta se abriu. Além de despejar claridade na cabine tomada pela penumbra, o lampião que Hopkins trazia também ressaltava a preocupação no seu semblante. Mas antes que o imediato tivesse tempo para abrir a boca, ouviu-se o troar de canhões e, um segundo depois, um petardo atingiu o costado do navio, fazendo a embarcação pender para o lado.
Arremessada de encontro aos travesseiros, Alanis ofegou em meio aos gritos dos oficiais na proa, à barulheira que os marujos faziam ao correr para o convés, ao fragor de armas de fogos.
— Com mil demônios! — Hopkins fora parar de joelhos junto à cama. — A senhorita está bem?
— Sim... — Ela arfou. — Mas o que...
— Piratas estão nos atacando, minha dama. Precisamos tirá-la deste navio. — Pondo-se em pé, Hopkins alisou o uniforme da Marinha.
— Desculpe-me pelo atrevimento, mas a senhorita tem de se apressar a se vestir, pois dentro de minutos eles estarão aqui. Não temos como enfrentá-los; eles estão a bordo de uma fragata fortemente armada. É minha obrigação colocá-la fora de perigo.
Fora de perigo? Mas, como?, indagou-se Alanis, olhando para as vigias. Estavam rodeados de mar e noite por todos os lados, e já bem próximo deles assomavam os contornos de uma embarcação imensa, com a boca de seus canhões fumegando e silhuetas a correr pelos conveses nos preparativos para abordar o Berilo Rosado. Para onde ir?
— Hasteie a bandeira branca, tenente! — Jogando as cobertas de lado, saltou da cama e enfiou os pés nas botinhas de cano curto.
— Não posso permitir que sejamos todos mortos por causa das minhas jóias. — Perdão, minha dama, mas não é somente em jóias que esses bandidos estão interessados.
— Eu... — Alanis baixou o olhar para a camisola que vestia e, no mesmo instante, sentiu-se corar. — Vou chamar Betsy, sr. Hopkins. Mas nem bem ela colocara o manto sobre os ombros, a aia se precipitou pela porta, lamentando:
— Que tragédia, minha dama! Que...
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