Arthur, conde de St. Merryn precisa contratar uma mulher.
A jovem terá que simular ser sua noiva durante algumas semanas nos círculos da alta sociedade, pois ele tem assuntos que resolver e sua companhia evitará o habitual assédio das casamenteiras.
Encontrar a candidata torna-se mais difícil do que ele pensava até que finalmente conhece Elenora Lodge.
O aspecto simplório da moça não oculta sua beleza nem o fogo dos seus olhos.
Dadas suas circunstâncias pessoais, Elenora aceita a generosa oferta do conde. Entretanto, alguma coisa não vai bem na tenebrosa mansão de Arthur, e Elenora está convencida de que ele esconde um segredo...
Comentário revisora Catharina: Sempre gostei dos livros da Amanda Quick, mas dessa vez ela se superou!
Adorei como a maneira confiante da mocinha vai quebrando aos poucos a seriedade excessiva do mocinho. Leitura imperdível pra quem gosta de histórias com um toque de aventura e de mistério.
Capítulo Um
Aquele rosto fantasmagórico e pálido como a morte apareceu de repente.
Surgiu das profundidades da inescrutável escuridão como se tratasse de um guardião demoníaco encarregado de proteger segredos proibidos.
A luz do farol refletiu um reflexo infernal nesse rosto duro e de olhar fixo.
O homem do bote gritou ao ver o monstro. Mas estava sozinho, ninguém podia ouvi-lo.
Seu grito de terror retumbou, uma e outra vez, nas velhas paredes de pedra daquele passadiço de noite sem fim. Com o sobressalto perdeu o equilíbrio e se cambaleou enquanto o pequeno bote em que navegava se sacudia perigosamente sobre a corrente de águas negras.
O coração lhe disparou e um suor frio lhe empapou o corpo enquanto continha o fôlego.
Em um reflexo, segurou a longa vara que tinha estava usando para fazer avançar a pequena embarcação pelas águas mansas do rio e tentou recuperar o equilíbrio.
Felizmente, o extremo da vara se afundou com força no leito do rio e o bote se estabilizou quando as últimas reverberações de seu grito assustador se desvaneciam na distância.
Um inquietante silêncio reinou novamente naquele lugar. O homem tentou recuperar o fôlego e ficou olhando a cabeça, algo maior que uma cabeça humana. Suas mãos ainda tremiam.
Não era mais que outra das antigas e desmembradas estátuas clássicas encontradas ocasionalmente nas bordas do rio subterrâneo.
Neste caso, o casco a identificava como uma representação da deusa Minerva.
Aquela não era a primeira estátua com a que se cruzava ao longo daquela estranha viagem, mas sem dúvida era a mais perturbadora.
Na realidade, parecia uma cabeça separada do corpo que alguém tivesse jogado descuidadamente no barro da borda do rio. O homem segurou a vara com mais força e empurrou com ímpeto.
Estava chateado pela sua reação ante a visão da imagem. O que lhe ocorria? Não podia se permitir o luxo de que seus nervos se desestabilizassem com tanta facilidade. Tinha um destino que cumprir.
O pequeno bote avançou e passou junto à cabeça de mármore. A seguir virou em outra curva do rio.
A luz da lanterna iluminou uma das pontes arqueadas e baixas que atravessavam o rio em diversos pontos do seu percurso.
Na realidade, constituíam conexões a parte alguma, pois terminavam nas paredes do túnel que as cobriam. O homem se agachou para não bater a cabeça contra a ponte.
À medida que foi superando seu terror, a excitação voltou pouco a pouco a apoderar-se dele.
Tudo era como seu predecessor o havia descrito no seu diário.
O rio perdido existia de verdade e serpenteava por debaixo da cidade. Constituía uma via de água secreta, coberta séculos atrás e caída no esquecimento.
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