27 de abril de 2012

A Rosa Rebelde

Em um tempo de cruéis rebeliões, um casal se vê afetado pelos ventos implacáveis que açoitam a História, e só poderão seguir adiante com seu valor, sua lealdade e sua paixão, até transformar-se em dois heróis legendários do povo escocês. 
Em meados do século XVIII, as Terras Altas sofriam a cruel dominação inglesa, contra a qual houve frequentes rebeliões.
Esta é a história da sublevação que finalizou com a legendária batalha de Culloden. 
A Rosa da Escócia foi à bela e guerreira Anne Farquharson, que tomou as rédeas de seu clã contra seu marido, a qual enfrentou para adotar a causa da rosa branca jacobita, a dos partidários do príncipe Carlos, o Pretendente, a quem consideravam seu legítimo senhor. Ambos viveram uma intensa paixão enquanto a luta política os obriga a se enfrentar uma e outra vez, até chegar a um final realmente inesperado.


Comentário revisora Ana Julia: A autora pegou um fato histórico para criar sua história, para quem gosta de história é um prato cheio, mas para quem não gosta e espera algo mais, não encontrará, mas não deixa de ser um bom livro. 



Houve uma singular estirpe de anciãs escocesas. 
Formavam um grupo encantador: tenazes, acolhedoras e corajosas, alegres inclusive na solidão e muito independentes. 
Indiferentes às modas e hábitos do mundo moderno, prendiam-se a seus próprios costumes, e assim se elevavam como rochas primitivas acima da sociedade comum. 
Seu bom senso, humor, afeto e coragem se mostravam em um exterior curioso, pois todas se vestiam, falavam e agiam como queriam



Capítulo Um 


Ao longe se ouvia um bater de tambores e o apagado eco de uma morosa melodia de gaitas de fole. 
Era uma chamada, uma reclamação, pois um chefe estava a ponto de morrer. 
Em momentos como esse até os inimigos inflamados esqueciam as rixas, deixavam a espada de lado e partiam para ir à convocatória. 
 Enquanto isso, indiferente ao longínquo sonsonete, uma coisa pastava entre rochas e urzes à luz mortiça do crepúsculo nos primeiros contrafortes dos Cairngorms. Soou um disparo; logo outro, apenas um segundo depois. O animal vacilou sobre as patas e caiu. 
—Trobhad*, vem! — gritou em gaélico uma menina de doze ou treze anos com o rosto sujo, enquanto, alerta e feliz, saia em disparada do matagal de árvores próximas, e corria para a criatura ferida com um mosquete ainda fumegante na mão. 
Apesar do emaranhado da cabeleira, vestia um vestido, montanhês, sim, mas de veludo e encaixe. 
— Anne, fuirich*, espera! — gritou uma voz masculina. Um menino de maior idade, com chapéu de chefe e tonelete, emergiu depois da menina com a segunda arma na mão; o brilho de seu cabelo loiro avermelhado ainda era visível na crescente escuridão. 
Correndo, fez caso omisso ao pedido e não vacilou enquanto deixava cair o mosquete e tirava uma faca do cinto; em seguida saltou por cima do animal ferido para evitar seus dentes, com o aço preparado. 
O veado se removeu e tentou levantar quando ela deu o salto, acertando à moça na tíbia. Anne caiu entre as urzes com um chiado.
Dois passos atrás dela, o jovem soltou a arma de fogo e pegou sua própria faca antes de cair de joelhos junto ao veado, cuja cabeça torceu para trás para matá-lo a seguir. 
Anne se jogou contra o peito do animal a fim de ser a primeira em lhe cravar o aço no pescoço. 
— Cacei-o eu — espetou ela com voz desafiante. O moço lhe lançou um olhar eloquente por cima da presa agonizante enquanto se elevava entre eles o terrestre fedor de sangue. 
— De acordo, MacGillivray — concedeu ela — O caçamos os dois. — Logo afundou os dedos no lento jorro que emanava da ferida e se desenhou uma linha sangrenta no centro da testa com o dedo do meio. 
— Mas a presa é minha. Levantou-se de um salto, assim que esteve segura de ter afirmado seu direito. 
A dor subiu em espiral por todo o corpo, a fazendo soltar um grito antes que pudesse o conter. 
Ao ver que cambaleava, o jovem MacGillivray a segurou. Anne puxou a larga saia de veludo para olhar para baixo. O tornozelo direito tinha começado a inchar. 
Tentou outra vez apoiar nele seu peso, mordendo o lábio para não voltar a gritar de dor. 
— A carregarei. — ofereceu MacGillivray. — E o veado? 
— Terá que esperar. 
— Gu dearbh, fhéin, chan fhirich!* De maneira nenhuma! DOWNLOAD 


Um comentário:

Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!