24 de setembro de 2012

Lagoa Misteriosa



Romara despertou, e aos poucos a lembrança daquela noite de pesadelo lhe voltou. 

Tinha sido barbaramente surrada pelo amante da irmã. Tentou abrir os olhos e sentiu dores terríveis no rosto. 

Será que aquele monstro a havia desfigurado? 
Onde estava agora? 
E por que a empregada que se aproximou da cama a chamava de senhora? 
Não era casada.  Ou... era? 

Capítulo Um 

1807 
Quando a carruagem parou diante daquela casa alta em Carzon Street, Romara Shaldon viu, aliviada, que as luzes ainda estavam acesas. 
Tinha medo de que todos já estivessem dormindo quando chegasse. 
A carruagem tinha se atrasado muito por causa de uma série de incidentes desagradáveis e, além do mais, foi muito difícil encontrar outra: estava sozinha, com pouca bagagem, e os cocheiros logo percebiam que não era rica. Mas, finalmente, chegava à casa da irmã. 
Estava muito ansiosa e profundamente perturbada, desde o dia que recebeu a carta de Caryl pedindo que fosse vê-la com urgência. 
Caryl não costumava escrever daquele modo, tão nervoso, e até a letra dela parecia diferente. 
A carta não explicava nada, só implorava a Romara que fosse logo. E só agora, dois meses depois, tinha podido fazer a viagem. 
O pai a havia proibido de receber cartas de Caryl ou de tentar se comunicar com a irmã, cujo nome não podia sequer ser pronunciado em casa. 
Romara percebia agora que a oposição autoritária do pai à ligação de Caryl com sir Hervey Wychbold, só tinha servido para atirá-la mais depressa nos braços dele. 
A proibição definitiva tornou aqueles encontros clandestinos fascinantes. Apesar de Romara nunca ter apreciado sir Harvey, entendia que um homem sofisticado, experiente e muito mais velho devia parecer irresistível aos olhos da irmã. 
Caryl era linda, sem dúvida, mas não conhecia nada da vida nem do mundo, além da pequena cidade de Huntingdonshire, onde moravam. 
Ali, os únicos jovens eram os filhos do escudeiro local ou os colegas que eles traziam, quando saíam de férias de Oxford. Apesar de ser só um ano mais velha do que a irmã, Romara se considerava muito mais vivida e viajada. 
Já tinha ido a Bath com a avó, acompanhando-a numa estação de águas para curar o reumatismo. No ano seguinte, ficou com ela em Harrogate. 
Aquilo a fazia se sentir muito mais velha e experiente do que Caryl, mas admirava a coragem da irmã, que ousou desafiar a vontade do pai, fugindo com sir Harvey Wychbold. 
O general sir Alexander Shaldon sempre tinha tratado as filhas como se fossem recrutas sob o seu comando. Nunca lhe ocorreu que podiam desobedecer às suas ordens, e Romara sabia que, quando Caryl fugiu, deixando apenas um bilhete explicando sua atitude, o pai, a princípio, ficou estarrecido com aquela audácia. Tinha dito, com firmeza: — Caryl não existe mais. Você não vai se comunicar com ela, nem procurá-la. Ela nunca mais entrará nesta casa! 
— Mas papai, não importa o que ela tenha feito... Ainda é sua filha! 
— Só tenho uma filha, e é você — disse o general. 
Agora o pai estava morto, em consequência de ferimentos nas últimas guerras. 
Por isso, Romara tinha podido viajar para ajudar a irmã no que fosse necessário. O que teria acontecido? 
Caryl estava casada com o homem que amava, e, depois de tudo que havia sofrido para realizar esse casamento, parecia impossível que algo desse errado.
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